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Vale a Maratona?

VALE A MARATONA? | A Louva-a-Deus

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Saindo apenas do leque de produções americanas da Netflix, podemos ter gratas surpresas com obras originais da empresa em outros países. Depois de apresentar a caótica (no bom sentido) Dark, uma produção da Alemanha (veja aqui nossa crítica), agora temos a oportunidade de ter contato com uma produção de uma grata qualidade vinda da França.

 

A Louva-a Deus é uma daquelas séries curtas (são apenas 6 episódios) que podem ser vistas em um dia preguiçoso em que você está com vontade de um bom suspense, sem a obviedade que muitas obras americanas nos apresentam.

Resultado de imagem para a louva-a-deus serieA trama gira em torno de Jeanne Deber (Carole Bouquet) uma serial killer que passa os últimos 25 anos presa por uma série de assassinatos. Suas vítimas, todos homens que cometeram crimes de abuso e violência doméstica, foram mortas cada uma com a técnica de caça de diferentes animais. Quando um imitador começa a repetir o seu método de assassinatos, o comandante da polícia de Paris, o mesmo que a prendeu 25 anos atrás, precisa confiar na sua antiga inimiga e contar com suas dicas para capturar o novo assassino. A única exigência de Jeanne é trabalhar junto com seu filho, Damien (Fred Testot) um policial com traumas do passado e um casamento a ser salvo.

Claro que a trama não é original, e quem sentiu um cheiro de Hannibal Lecter no ar não está sozinho (aliás ele é citado na trama). O diferencial aqui é dinâmica entre mãe e filho, e um passeio pela mente e passado de Jeanne de Damien, e a busca da reconciliação entre ambos.

E não, o filme não é piegas, nem condescendente. Jeanne tem seus próprios fantasmas e demônios, mas em momento algum o filme tenta suavizá-la para torná-la boazinha para o espectador. Mesmo que  tenha um passado cru e bruto, e que alegue matar apenas quem merecia morrer, Jeanne teve prazer em fazê-lo, e sente o mesmo prazer quando sabe dos atos do imitador.

Resultado de imagem para a louva-a-deus serieDamien também tem seus problemas, sua relação complexa com o avô e a esposa deixam claro que algo sempre esteve muito errado com ele.

O desenrolar da trama também é complexo e diferente do que estamos acostumados. A equipe de investigação está muito longe do que nos acostumamos a ver nos irreais programas de investigação americano. Como exemplo, uma cena em que o rosto de uma vítima precisa ser identificado, e que em uma série americana seria colocado em um software que o identificaria em segundos, aqui ele precisa ser buscado na lista de contatos do facebook um a um pela equipe, que deve identifica-lo a olho nu. Outra questão que pode incomodar um pouco é a extrema violência gráfica, com decapitações, desmembramentos e tortura mostrada sem medo, e como questões como estupro, incesto, violência e abuso infantil são abordadas sem rodeio, de maneira clara e incisiva.

A conclusão da trama pode até incomodar um pouco, pela motivação fraca do assassino imitador. Mas a história efetivamente não é sobre ele, é sobre o desenvolvimento de um relacionamento entre mãe e filho implodido por uma crise que o tempo não conseguiu curar.

 

NOTA PARA A SÉRIE: 4 / 5

Emissora original: Netflix Francesa
Transmissão original: 2017
N.º de temporadas: 1
N.º de episódios: 6

DISPONÍVEL NA NETFLIX? SIM

Professor de História e Grande apaixonado pela sétima arte e da maior premiação do cinema, o Óscar. Viciado em séries e Redador das colunas "Vale a Maratona" e "Papo de Cinema".

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