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Críticas

STAR TREK DISCOVERY | Uma nova perspectiva sobre a 1º Diretriz – Episódio #06: The Sounds of Thunder – Crítica do Viajante

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Todo trekker  conhece a 1º Diretriz da Federação dos Planetas Unidos de Star Trek que estabelece como regra primordial que seus membros são proibidos de interferir ou sequer se revelar para civilizações da nossa galáxia que ainda não tenham desenvolvido a tecnologia de velocidade de dobra para viajar por espaço profundo. 

No episódio dessa semana de Star Trek: Discovery intitulado The Sounds of Thunder, tivemos uma nova e interessante perspectiva sobre essa peculiar regra que invariavelmente já foi quebrada em algum momento por todos os capitães protagonistas de séries da franquia. Kaminar, planeta natal do primeiro oficial da U.S.S. Discovery, o outrora tímido Saru (Doug Jones) é habitado por duas espécies sencientes: os kelpians (espécie de Saru) e o ba’uls. Históricamente os Ba’uls são predadores naturais dos kelpians. Também são muito mais desenvolvidos tecnologicamente que suas presas kelpians, que vivem em uma sociedade pré-industrial. Os ba’uls já desenvolveram tecnologia de velocidade de dobra e podem viajar pelo espaço, porém preferem não fazê-lo. Já os kelpians sabem perfeitamente do que os seus algozes são capazes. Em resumo, os kelpians sabem da existência da tecnologia, mas não possuem meios para desenvolvê-la.

Na história pregressa da atual cronologia de Discovery, a Federação já fez contato com os ba’uls. Mas não com os kelpians. Pelo menos oficialmente. Ficamos sabendo nesse episódio que no passado, Saru enviou um pedido de socorro para o espaço e que foi atendido e resgatado pela capitã Philippa Georgiu (Michelle Yeoh) que o tirou do planeta. Estamos falando aqui da verdadeira capitã, e não de sua contraparte do Universo Espelho que hoje ocupa cargo na Seção 31, departamento de espionagem e inteligência da Federação. Na ocasião Saru prometeu nunca mais voltar a seu planeta natal em respeito à 1º diretriz e se juntou à Federação. 

Posteriormente no episódio An Obol for Charon (leia a crítica aqui) Saru passou pelo Vahar’ai, um processo natural que resulta na morte do Kelpian. Ou pelo menos assim se pensava. No final das contas Saru não morreu, mas perdeu a glândula que todo kelpian possui na nuca e que lhe alerta de perigos próximos e os mantém em estado de medo constante.

O episódio começa com a Discovery captando mais um dos misteriosos fenômenos cósmicos cujos quais vem perseguindo já há alguns episódios. Dessa vez a explosão energética é localizada exatamente sobre Kaminar. Lá chegando, como vem ocorrido sistematicamente, o fênomeno já desapareceu. Em busca de solucionar a questão do Anjo Vermelho, o capitão Chistopher Pike (Anson Mount) tenta contato com os ba’uls que não respondem. Decide então mandar um grupo avançado para uma vila kelpian usando como justificativa para a quebra da primeira diretriz o fato de os kelpians já saberem da existência de vida fora de seu planeta através dos ba’uls. Desculpa esfarrapada, mas que jogue a primeira pedra o capitão de qualquer série da franquia que nunca tenha feito isso. 

Apesar do óbvio conflito de interesses, Saru insiste em fazer parte do grupo avançado. Chega mesmo a desafiar Pike no meio da ponte de comando da nave na frente de todos os outros oficiais que ficam nitidamente desconfortáveis. Isso para demonstrar ao espectador que a personalidade do kelpian mudou radicalmente após o vahar’ai. De cauteloso e temeroso Saru passou a ser afrontoso e destemido. Ainda não ficou claro se essa mudança é definitiva ou se ele passa por um desequilíbrio hormonal momentâneo devido á perda recente da glândula. Aposto na segunda hipótese e creio que com o tempo Saru alcançara o equilíbrio emocional necessário a um comandante da frota.

Saru e a tenente Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) descem então em uma vila em Kaminar onde o kelpian reencontra sua irmã Siranna (Hannah Spear) que agora é a líder espiritual local, responsável por ,manter o Grande Equilíbrio, o que significa na prática manter a população dócil e conformada em ser presa dos ba’uls. A cena do encontro entre Burnham e Siranna traz aquele peso emocional que todo primeiro contato em Star Trek costuma ter. A emoção e a surpresa sentidas pela kelpian valem o episódio. É nessa cena também que somos apresentados ao Olho que tudo vê, uma espécie de totem de monitoramento dos ba’uls existente em cada vila do planeta e que vigia a vida dos kelpians incessantemente. É através dele que a presença de Saru é descoberta.

Saru e Burham escapam de serem aprisionados pelos ba’uls fugindo de volta à Discovery. Os ba’uls resolvem responder então a Pike exigindo que entregue o kelpian. Diante da recusa do capitão, decidem exterminar os habitantes da vila de Siranna o que faz com que Saru fuja da Discovery e se entregue a seus algozes. Porém, eles não deixam de aprisionar também sua irmã e ambos os kelpians são encarcerados em uma espécie de cela.

Ba’ul interpretado por Javier Botet

Eis que temos o primeiro vislumbre de um ba’ul. Uma espécie humanóide que emerge de um estranho fosso com um  líquido negro muito semelhante a piche. A aparição da criatura interpretada pelo ator Javier Botet me lembrou a personagem Samara Morgan da cine-trilogia de terror O Chamado saindo de seu poço. Porém ao ler uma discussão sobre o episódio nas redes sociais, tive que concordar com uma participante que lembrou da criatura Armus do planeta Vagra II que assassinou a chefe de segurança da Enterprise-D, a tenente Tasha Yar (Denise Crosby) no final da 1º temporada de Star Trek: The Next Generation. As teorias mais mirabolantes envolvendo as duas criaturas já podem começar a ser tecidas, amigos trekkers.

Preso pelos punhos a uma parede, Saru age instintivamente e uma espécie de defesa natural surge de sua nuca, do local onde anteriormente estava sua “glândula do medo”, e ataca o ba’ul arremesando espinhos no mesmo, o que faz com que ele lamente o que chama de natureza agressiva e violenta kelpian. O ba’ul ainda diz que Saru nem ao mesmo sabe o que realmente é.

Enquanto isso, na Discovery, a alferes Sylvia Tilly (Mary Wiseman) juntamente com a tenente Airiam (Hannah Chesman) recorrem às informações recolhidas da esfera de 100 mil anos de idade há dois episódios para decifrar o passado de Kaminar. Elas descobrem que os kelpians já foram os predadores naturais dos ba’uls em tempos remotos e que quase os levaram à extinção. Porém, graças à sua superioridade tecnológica os ba’uls viraram o jogo e se estabeleceram como donos do planeta. Como sabiam que os kelpians só se tornavam agressivos após o vahar’ai criaram o mito que os mesmos morriam após o processo e passaram a exterminar todos os kelpians quando chegavam na época de passar por ele. 

Tomando uma decisão irresponsável totalmente “Kirkiana” (Kirk também faria isso, tenho certeza), Pike decide utilizar sua tecnologia para acelerar a evolução natural de todos os kelpians no planeta e faze-los entrar no vahar’ai. Em resposta, os ba’uls decidem pelo genocídio dos kelpians e armam seus totens para o extermínio. E teriam obtido sucesso se não fosse a interferência do misterioso Anjo Vermelho que surge do nada e desativa os totens com um pulso eletromagnético sem precedentes. A tenente Keyla Detmer (Emily Coutts), na Discovery, comenta que a tecnologia para tal feito seria inconcebível. 

Resta saber agora os desdobramentos dessa história. Pike permitiu a Saru interferir de tal forma no desenvolvimento de seu planeta que isso poderia acarretar punições junto à Frota. Poderíamos até olhar a situação sobre a perspectiva de que Saru agia como um membro de sua espécie e não como membro da Federação até que tecnologia da Discovery foi utilizada para acelerar a evolução dos kelpians. Foi nesse ponto em minha opinião que a 1º diretriz foi atropelada de maneira irremediável. Até então, a situação podia ser contornada com uma boa retórica. A partir daí não há mais desculpa que justifique. E diante da guerra entre as duas espécies que agora é quase que inevitável, uma queixa por parte dos ba’uls contra Pike perante a Federação é totalmente pertinente, mesmo que não façam parte dela. 

Quando escrevi a crítica do 4º episódio onde Saru perdia suas glândulas do medo, arrisquei uma previsão de que no futuro ele ainda teria um surto messiânico e tentaria mudar os rumos da história de seu planeta. Bingo! Previsão acertada. Mas convenhamos, estava fácil de ver que isso ocorreria. Porém este redator gostou de bancar o profeta e agora gostaria de fazer uma nova previsão. Essa mais arriscada e tresloucada. Assim mesmo jogarei minhas fichas apostando que o tal Anjo Vermelho é uma entidade do Continuum. Todo trekker que se preze conhece Q, aquele ser onipotente que foi intepretado pelo divertidíssimo John de Lancie e que atormentou a vida de vários oficiais da frota ao longo de quase todas as séries da franquia. Sempre que aparecia, Q deixa todos atônitos com jogos bizarros onde os oficiais da frota eram sempre seus peões. Obvio que o personagem sempre foi uma espécie de alívio cômico e por mais séria que fosse a temática dos episódios em que aparecia, sempre dávamos boas risadas com ele. Como Discovey é uma série mais sombria e totalmente aversa ao humor, talvez aqui tenhamos uma entidade do Continuum (não necessariamente Q) mais séria em seus misteriosos propósitos. O que podemos ver até agora é que o Anjo Vermelho é extremamente poderoso podendo inclusive, conforme conclusão de Pike em conversa com o tenente Ash Tyler (Shazad Latif), viajar no tempo. Vai que…

The Sounds of Thunder foi bem mais interessante que o episódio que o antecedeu que como eu havia escrito na crítica, foi morno. Diante disso volto a subir meio ponto na nota de classificação:

Críticas dos episódios anteriores:

STAR TREK DISCOVERY | Retorno eletrizante mas que pode desagradar os tradicionalistas – Episódio #01: Brother – Crítica do Viajante

STAR TREK DISCOVERY | De Volta à Estrada de Cogumelos – Episódio #02: New Eden -Crítica do Viajante

STAR TREK DISCOVERY | O Retorno dos Klingons Cabeludos e suas Bat’Leths – Episódio #03: Point of Light – Crítica do Viajante

STAR TREK DISCOVERY | Um ser de 100.000 anos de idade – Episódio #04: An Obol for Charon – Crítica do Viajante

STAR TREK DISCOVERY | Aventura na rede micelial – Episódio #05: Saints of Imperfection – Crítica do Viajante

 

Leia também as críticas de cada episódio da 1º Temporada:

Episódio duplo de estréia

Episódio 03

Episódio 04

Episódio 05

Episódio 06

Episódio 07

Episódio 08

Episódio 09

Episódio 10

Episódio 11

Episódio 12

Episódio 13

Episódio 14

Episódio 15

 


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Jorge Obelix. Ancião do grupo, com milhares de anos de idade. Fã da DC Comics e maior conhecedor de Crise nas Infinitas Terras e Era de Prata do Universo. Grande fã de Nicholas Cage que acha que um filme sem ele nem pode ser considerado filme. Fã de Jeff Goldblum também, e seu maior sonho é ver ambos (Cage e Goldblum) contracenando.

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