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Críticas

THE ORVILLE | Machismo Moclan Novamente em Foco – Episódio #12: Sanctuary – Crítica do Viajante

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A telesérie The Orville que é exibida pela Fox americana pode ser considerada uma gotinha de tolerância e civilidade em um mundo onde a intolerância entre os seres que se dizem civilizados ainda é muito forte e aparentemente vem aumentando. E quando o episódio foca nos Moclan e sua civilização extremamente machista, não há como não nos sentirmos extremamente incomodados com as semelhanças com a nossa própria sociedade.

Em Sanctuary, episódio exibido na quinta feira (11/04) o almirante Halsey (Victor Garber) solicita ao capitão Ed Mercer (Seth MacFarlane) que faça o transporte de um casal Moclan para uma nave de pesquisa. Ele salienta que diante da guerra com os Kaylon, a União Planetária está com uma política de boas amizades com Moclus justamente por que estes estão fazendo um upgrade importante de armas para as naves da frota. 

O casal Toren (Shaw T. Andrew) e Korick (Regis Davis) é hospedado na U.S.S Orville para a viagem, porém logo a segurança percebe que seus aposentos estão drenando mais energia da nave do que deveria.  O tenente Bortus (Peter Macon), por ser também um moclan, é designado para investigar e acaba descobrindo que a dupla esconde um bebê moclan do sexo feminino em estase numa valise própriamente construída para esse fim. 

A sociedade moclan, como já foi explicado no 3º episódio da primeira temporada, About a Girlé constituída apenas de indivíduos do sexo masculino. O nascimento de bebês do sexo feminino é raro e assim que nascem são submetidos a uma cirurgia de troca de sexo. No citado episódio da primeira temporada, Bortus e seu companheiro Klyden (Chad L. Coleman) após verem uma filha sair do ovo, entram em um dilema pois a oficial-médica dra. Claire Finn (Penny Johnson Jerald) se recusa a fazer a cirurgia alegando que a mesma vai contra os princípios de igualdade de sexos da União. A discussão gira em torno de levar ou não a garota para Moclus para lá proceder com a troca de sexo. Enquanto Klyden exige que a tradição machista seja seguida, Bortus titubeia pois influenciado pelos preceitos da União questiona a moralidade do ato e de sua própria sociedade. No final do melancólico episódio a garota acaba sofrendo a cirurgia.

Toren e Korick explicam a Bortus que estão fugindo de Moclus porque não querem trocar o sexo de sua filha. Afirmam que conseguiram asilo no planeta Retepsia e imploram ao tenente que não os entregue apelando para o sentimento do mesmo por ter passado pela mesma situação. Bortus mente aos seus superiores para acobertá-los.

Paralelamente, na escola da Orville, Topa (Blesson Yates) o filho alterado de Bortus e Klyden, é agressivo com as colegas do sexo feminino. A professora, que é interpretada por Marina Sirtis (a conselheira Deanna Troy de Star Trek: The Next Generation em mais uma das costumeiras homenagens que The Orville faz à franquia que a inspirou) chama o casal para uma conversa onde o garoto se justifica dizendo que apenas está agindo como seu pai Klyden o ensinou ao tratar mau “seres inferiores”, no caso mulheres. O casal discute a educação de Topa sendo que Bortus insiste que estão em uma nave da União e que seu filho deve agir de acordo. O misógino e extremamente preconceituoso e mau caráter (como já pudemos perceber em outros episódios) Klyden insiste que o filho deve ser educado conforme as tradições moclan. Bortus leva Topa secretamente aos aposentos de Toren e Korick para que veja a menina em estase esperando que assim o garoto sinta um pouco de empatia e deixe de ser preconceituoso.

Após Toren e Korick desembarcarem na nave Moclan, Bortus é chamado ao gabinete do capitão onde descobre que a cobra venenosa de seu esposo arrancou o segredo de Topa e entregou o pobre casal. Mercer ordena que a Orville intercepte a nave moclan, porém descobrem que a mesma não foi para reptesia, e sim entrou em uma gigantesca nebulosa. Ao entrarem na mesma descobrem um pequeno sistema planetário em seu interior e um planeta com sinais de vida moclan. Ao pousarem, descobrem uma comunidade inteira de fêmeas moclan vivendo escondidas do governo central de Moclus. Liderando o Santuário encontramos a líder feminina que já havia aparecido em About a Girl, Heveena (Rena Owen). Ela revela aos tripulantes da Orville que muito mais mulheres nascem em Moclus do que o governo admite, e que ali já há mais de 6000 refugiadas. 

O impasse dá o tom do episódio então. Entregar o santuário para o governo moclan é para Mercer moralmente inaceitável pois sabe que as mulheres serão aprisionadas e provavelmente confinadas perpetuamente pelo simples fatos de serem do sexo feminino. Além da possibilidade de serem obrigadas a trocar de sexo em seu planeta natal. Por outro lado Moclus é um membro valioso da União principalmente pelo fato de estarem fornecendo armas para a guerra com os kaylon que certamente seria perdida sem elas. 

Tentando uma saída diplomática, Mercer induz Heveena a pedir uma audiência ao Conselho Central da União Planetária e pedir o status de colônia independente o que impediria de serem abordadas pelos moclan. Obviamente que a delegação moclan está furiosa e exige saber a localização do santuário. Ameaçam deixar a União e se aliarem aos Krill na guerra contra os Kaylon e levarem junto suas armas. Heveena é levada pela U.S.S Burnell em companhia de Mercer para a Terra com o objetivo de discursar para o Conselho. No caminho ouve a canção 9 to 5 (do filme homônimo de 1980)  de Dolly Parton e se empolga declarando ser aquela a canção da revolução feminina moclan. MacFarlane como sempre recheando The Orville com icônicas e hilárias referências ao cinema e ao universo pop. A anciã inclusive usa trechos da letra em seu dircurso na Terra.

Os moclan acabam descobrindo a localização do santuário e enviam um cruzador de batalha para aprisionar as mulheres antes de a audiência na Terra chegar a qualquer resultado. Tudo isso apenas para que tenhamos uma batalha espacial entre a Orville comandada pela chefe de segurança Talla Keyali (Jessica Szohr) e o tal cruzador ao mesmo tempo que temos confrontos em terra entre soldados moclan e as mulheres do santuário ajudadas por Bortus e pela primeira oficial Kelly Grayson (Adrianne Palicki). 

Por fim o resultado final é bem mais satisfatório do ponto de vista moral do que o de About a Girl. Diante da possibilidade de uma separação entre Moclus e a União, o que seria fatal para ambos os lados diante do poderio dos Kaylon na guerra, Moclus aceita não mais invadir ou tentar capturar os membros do Santuário desde que esse cesse o tráfico de mulheres moclan e deixe de recebê-las. Em troca o status de colônia independente é negado a Heveena. Não é o ideal, mas é uma resolução diplomática que evita mais violência. A classificação para esse episódio mantém a nota do anterior:

Acesse abaixo minha crítica para os episódios passados:

THE ORVILLE | O retorno de uma das melhores séries de ficção/comédia da atualidade – Episódio 01: Ja’Loja

THE ORVILLE | Vício em Holopornografia para não sair dos temas polêmicos – Episódio #02: Primal Urges – Crítica do Viajante

THE ORVILLE | Fugindo da comédia e se aproximando ainda mais de Star Trek – Episódio #03: Home – Crítica do Viajante

THE ORVILLE | O Velho Clichê que Sempre Funciona – Episódio#04: Nothing Left on Earth Excepting Fishes – Crítica do Viajante

THE ORVILLE | Episódio #01: Ja’Loja – Crítica em Vídeo por Jorge Obelix


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Jorge Obelix. Ancião do grupo, com milhares de anos de idade. Fã da DC Comics e maior conhecedor de Crise nas Infinitas Terras e Era de Prata do Universo. Grande fã de Nicholas Cage que acha que um filme sem ele nem pode ser considerado filme. Fã de Jeff Goldblum também, e seu maior sonho é ver ambos (Cage e Goldblum) contracenando.

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