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Críticas

MORTAL KOMBAT | Crítica do Neófito

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Mortal Kombat – o início de uma possível nova franquia cinematográfica baseada no famosíssimo videojogo criado em 1992 – começa bem, mostrando, em pleno Japão medieval, a rixa existente entre Bi-Han (Joe Taslim) e Hanzo Hasashi (Hiroyuki Sanada) respectivamente, os futuros Sub-Zero e Scorpion.

Foto: Divulgação (à esquerda, Hanzo Hasashi, futuro Scorpion, interpretado por Sanada; à direita, Bi-Han, futuro Sub-Zero, interpretado por Taslim)

O jorrante vermelho do sangue contrasta com a verde e bela paisagem bucólica da casa do samurai Hanzo, que testemunha a morte de sua amada mulher e primogênito, trespassados e congelados pelos poderes criogênicos de Bi-Han – o temido assassino do clã Lin-Kuei – a mando do grande vilão e feiticeiro interdimensional Shang Tsung (Chin Han), com o objetivo nada nobre de acabar com a linhagem do grande guerreiro, considerado capaz de impedir a vitória de Tsung no torneio dimensional do Mortal Kombat, e a consequente escravização da Terra.

Essa primeira sequência – disponível no Youtube – é violenta, crua e cruel, dando o tom do restante das lutas do filme (que é o que todo mundo quer ver, na verdade), mesmo após a aparição do deus do trovão Raiden (Tadanobu Asano), que recupera a caçula de Hanzo – e detentora de sua marca – que havia sido escondida pouco antes do combate memorável.

Foto: Divulgação

Pulam-se séculos e chega-se ao circuito de lutas clandestinas dos EUA, onde o ex-grande lutador Cole Young (Lewis Tan) se esforça para levar alguns trocados para casa após derrotas sucessivas dentro do octógono. Em seu peito, ele carrega uma aparente marca de nascença em formato de dragão – a mesma que Hanzo tinha no braço – que chama a atenção do ex-fuzileiro Jackson “Jax” Briggs (Mehcad Brooks), outra pessoa completamente desconhecida que misteriosamente tem a mesma marca do dragão no corpo.

Foto: Divulgação (os lutadores antes e depois de sua transformação)

Não demora para que Sub-Zero apareça no encalço dos dois herdeiros da linhagem Hanzo, lançando a até então “pacata” e normal vida de Cole numa realidade fantástica, primeiro marcada pela mariner Sonya Blade (Jessica McNamee) e o psicopata Kano (Josh Lawson), chegando a lagartos gigantes invisíveis, lutadores capazes de criar fogo com as mãos – como Liu Kang (Ludi Lin) – ou de manipular um chapéu de aço à maneira do Capitão América com seu escudo – Kung Lao (Max Huang) –; um deus de olhos brilhantes e que controla relâmpagos; até a assustadora aparição de um enorme humanoide de quatro braços, o temível Príncipe Goro.

Para quem foi (e ainda é) fã do videojogo desde a década de 1990 e 2000, os fan services são muitos e variados. A mudança de certos elementos da mitologia nem chega a incomodar, em nome da transposição para a linguagem live action.

Em comparação ao (até mesmo badalado) filme de 1995, o atual Mortal Kombat (disponibilizado pela HBO Max) mudou o protagonismo de Liu Kang pelo de Cole Young, apostou em focar a ação no mundo real (o Earthrealm ou Plano Terreno/Terra), o que permite a variação dos cenários das lutas, como ocorre no jogo, e caprichou na violência gráfica, com direito a braços decepados, olhos furados, buraco no tórax com exposição da coluna vertebral, corpos serrados ao meio entre outras pérolas sanguinolentas. A galerinha jovem vai ao delírio!

Foto: Divulgação

A “mão invisível” do produtor James Wan e sua vasta experiência com o gênero terror (além de Aquaman, claro) transparece em meio à direção estreante de Simon McQuoid, que até faz um bom trabalho de câmera, mas demonstra talento mediano para mostrar justamente o que mais deveria ser interessante num filme com a temática respectiva, que são as lutas. Os efeitos especiais nos poderes / caracterização dos lutadores e o sangue derramado nas batalhas acabam chamando mais a atenção do que os combates corpo-a-corpo propriamente ditos, algo que o espectador só vai perceber ao fim da projeção, por se lembrar dos fatalitys, mas não das coreografias de lutas em si.

O filme possui boa dinâmica e ritmo, mas o longo segundo arco dedicado a apresentar os personagens e desenrolar a trama que move toda a história – que vai desde a caprichada primeira sequência até as cenas de lutas finais – parece dirigido por outra pessoa, não apenas pela mudança de cenário e fotografia, mas pela própria misancene e soluções de roteiro.

Outro ponto fraco de Mortal Kombat são as interpretações e o desenvolvimento dos personagens. McQuoid dá sinais de pressa, além de se apoiar em certo conhecimento prévio do público acerca dos personagens, os quais não possuem sutilezas ou camadas mais complexas. Realmente, parecem avatares de videogame, que servem apenas para executar a tarefa de lutar. Evidente que não seria lógico esperar interpretações e composições shakespearianas dignas de Oscar em um filme chamado Mortal Kombat, baseado num videojogo, mas após produções de artes marciais como O Tigre e o Dragão (2000), Herói (2002), e o Clã das Adagas Voadoras (2004), o nível de exigência aumenta um pouco, fazendo com que se sinta falta de maior tridimensionalidade nos personagens e coreografias de lutas mais elaboradas, mesmo num típico filme de pancadaria (Jackie Chan e Jet Li que o digam!).

A trilha sonora é previsível e esquecível, mas não prejudica. Os efeitos especiais são bons, com destaque para as habilidades criogênicas de Sub-Zero e a concepção de Goro, quase verdadeiramente realista.

Foto: Divulgação

Para os fãs (que deram 86% de aprovação na apuração do Rotten Tomatoes), todavia, esses detalhes são praticamente irrelevantes, “coisa de crítico” (55% no agregador citado): o filme agrada bastante, deixando ganchos instigantes para outra(s) sequência(s). Deve-se apenas temer que o nível de escatologia precise se elevar ao quadrado nos quase certos próximos exemplares de Mortal Kombat, o que levaria as produções ao nível de puros slashers films e não de artes marciais.

O filme diverte e cumpre sua função de entretenimento rentável (custou 50 milhões e já faturou, com lançamento limitado em decorrência da pandemia, 70 milhões). Pessoas mais sensível vão se incomodar com a carnificina de algumas cenas, mas elas certamente não são o público-alvo da produção. Este vai delirar!

Que venha Johnny Cage!

Foto: Divulgação

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Nota: 3 / 5 (bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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