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Críticas

A LENDA DO GOLEM | Crítica do Neófito

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Antes de mais nada, é preciso confessar que este colunista não tem os filmes de terror entre o seu gênero cinematográfico preferido.

Não vejo muita graça em se pagar para levar sustos ou ver cenas escatológicas de violência gráfica de forma muitas vezes gratuita.

Mas, por outro lado, adoro cinema!

Sendo assim, foi com satisfação que fui assistir a este lançamento de terror, que, até o momento, tem 90% de aprovação no Rotten Tomatoes.

Trata-se de The Golem (A Lenda de Golem, em português), dirigido pelos chamados irmãos Paz (Doron Paz, Yoav Paz), diretores israelenses que têm se especializado em filmes de horror com temática judaica (o primeiro filme da dupla foi Jeruzalem, de 2015).

Foto: Divulgação

Para quem não sabe, o Golem é uma lenda da cabala judaica: um ser místico formado por matéria inanimada, como rocha ou terra, que ganha vida.

O filme em análise se situa num passado mais ou menos incerto, numa comunidade agrícola também incerta, já que falado em inglês.

A história é bem simples: um casal judeu desta comunidade perde um filho jovem, o que leva à esposa (Hanna), mesmo contra a tradição patriarcal do seu povo, a estudar fervorosamente a Torá – o livro sagrado dos judeus, o qual, grosso modo, compreende o chamado Antigo Testamento mais os comentários rabínicos seculares acerca dele – na tentativa de entender o porquê de Deus ter tirado seu filho. No decorrer de seus estudos, ela se depara com a “receita” para a criação do Golem, que também poderia fornecer proteção para a comunidade, a qual se via, naquele momento, duplamente ameaçada: pelos colonos de outra crença religiosa e por uma praga que vinha vitimando as pessoas.

Numa noite escura, no meio da floresta, Hanna (interpretada pela atriz israelense-americana, Hani Furstenberg), sem o conhecimento de seu marido, Benjamin (Ishai Golan), procede ao ritual necessário para a criação da criatura, que não tarda a aparecer na sua casa na forma de uma criança coberta de lama (na pele de Konstantin Anikienko).

Foto: Playarte Pictures (divulgação)

Daí para a frente, inicia-se o tradicional arco de desenvolvimento da criatura, mostrando seu enorme poder – capaz de literalmente estraçalhar três brutamontes sem qualquer esforço – e a tradicional ambiguidade de comportamento, algumas vezes sorrindo levemente e demonstrando fragilidade perto de sua mãe/criadora ou tomado por uma fúria implacável diante de inimigos e desafetos, já que ele demonstra manter uma simbiose fisiopsíquica com Hanna, com ambos sentindo tudo o que outro sente, seja física ou emocionalmente.

Para tanto, os diretores se utilizam dos velhos “truques” dos filmes de terror, tais como closes, sombras, alguns travellings, distorções, insinuações e algum sangue.

Aliás, é digno de nota que a quantidade de sangue e gore seja bem discreta para um filme que se propõem de terror: pedaços de corpos, pescoços cortados e troncos explodidos são mostrados até com certo pudor para os padrões atuais.

O fato da história se passar numa comunidade agrícola, na virada dos séculos XIX para o XX, nas imediações de uma floresta, iluminada por meio de lampiões, ajuda a criar uma atmosfera escura “natural” para o clima de suspense e a fotografia acinzentada permite que até mesmo durante o dia haja uma constante sensação de tensão.

Os irmãos Paz também se utilizam de muita câmera lenta – algo incomum para o gênero – e uma trilha sonora orgânica, sem muitas dissonâncias ou acordes distorcidos.

Os atores se entregam bem aos seus papeis, mas o garoto Konstantin Anikienko, que dá vida ao Golem, literalmente entra mudo e sai calado do filme (tendo até uma explicação para isso), mas demonstra pouca coisa e não chega a ser de fato tão amedrontador assim.

Foto: Playarte Pictures (divulgação)

Para um filme de terror, há pouco “sangue” e “sustos”, apesar de sobrar estilo.

A sensação é que os irmãos Paz são realmente fãs de filmes de terror, possuindo uma visão interessante para o gênero, ao buscarem certas soluções que fogem do lugar comum do terror. Todavia, as limitações religiosas (os dois são claramente judeus “praticantes”) se mostram durante toda a projeção, na forma de o filme não se permitir ir tão longe quanto poderia, seja na violência, seja na sensualidade que algumas cenas exigiriam.

Além disso, há alguns ganchos do roteiro que não são bem desenvolvidos, como a mencionada simbiose entre criadora-criatura, que sugere algumas possibilidades não realizadas e não acrescenta absolutamente nada à história.

O trauma que motiva Hanna é tratado de forma bastante rasa e resolvido de forma bastante simplista e conveniente, após o Golem ter feito o que deveria ter feito.

Orçamento limitado também fazem com que o clímax do filme aconteça em meios a muita chama e fumaça, sem que se consiga definir muito bem quem é quem durante a ação.

Foto: Playarte Pictures (divulgação)

Ou seja, um filme com boas intenções, concepção singular, premissa interessante e até original (a lenda é muito anterior a Frankenstein, por exemplo, mas há um filme inacabado de 1915 com enredo próximo), denotando potencial para a dupla de diretores, capazes de extrapolarem as amarras socioculturais, mas ainda ficando a dever em termos de realização.

Se ir ao cinema foi satisfatório como sempre, sair dele, todavia nem tanto!

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Nota: 2,5 em 5 (regular)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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