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Críticas

X-MEN: FÊNIX NEGRA | Como en(te)cerrar uma franquia sem dignidade

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ATENÇÃO:

Este texto contem SPOILER sobre o filme

(não que alguém deva, ou vá, se importar!)

 

Corria o início do ano de 2000 quando as notícias do lançamento de um filme de super-heróis agitou o mundo nerd. O último grande lançamento havia sido aquele desastre monumental de Batman e Robin (alguns insistem em colocar Blade nessa lista, mas não teve o mesmo impacto). Mas isso era DC. A Marvel nunca tinha se aventurado nos cinemas, e as tentativas de filmes para a TV eram sofríveis.

Mas agora era diferente, e os estúdios Fox estavam em poder do grupo mais famoso da Casa das Ideias, que teve seu sucesso definitivo fora dos círculos de leitores de quadrinhos com o aclamado desenho que animou a manhã de muitas crianças nas manhãs de TV. Estamos falando dos X-men, grupo de heróis mutantes mais importantes da Marvel!

Com um elenco respeitável, mas com um orçamento de 75 milhões (ridículo se comparado os 356 milhões de Ultimato!), o filme foi um considerável sucesso, tanto de público quanto de crítica. O resto é história, e esse começo pode ser considerado o responsável pelo renascimento do gênero de quadrinhos nos cinemas.

Mas voltemos aos filmes da Fox. Dona dos direitos dos principais heróis da Marvel, o estúdio fez bonito com X-men 2, mostrando uma história madura e respeitosa; mas dali em diante foi só ladeira a baixo, apresentando “maravilhas” como os dois primeiros filmes solos do Wolverine e o terceiro da saga dos filhos do átomo.

Mesmo com histórias massacradas pela crítica, os filmes continuavam dando dinheiro, e vendo o sucesso estrondoso do MCU que estava em seu início, a Fox resolveu fazer um semi reboot, contratando um elenco de peso, injetando dinheiro e, o mais importante, investindo em um roteiro inteligente, coeso, e que de quebra poderia ser ligado aos eventos da trilogia original. Tivemos então First Class, que alegrou os corações do fãs, que passaram a ter um pouco de esperança no futuro dos mutantes nos cinemas.

Mas como tudo que é bom dura pouco, a esperança começou a ser pulverizada! Vieram as duas sequências diretas de First Class e, se Dias de um Futuro Esquecido ainda tentava andar encima da tênue linha temporal que ligava a trilogia original com esta, o terceiro, X-men: Apocalipse, chutou pro alto qualquer lógica narrativa ou capacidade de defender a coerência no universo.

Mas o coração do fã é grande e, como tivemos os excelentes Logan e Deadpool, quando a saga anunciou que seria concluída com a história mais famosa dos mutantes, por um certo tempo a esperança pareceu ter renascido das cinzas como uma fênix (ah que se dane, vai ser com trocadilho e tudo!). Mas aí que surgiu a primeira questão de lógica: se todos os filmes faziam parte da mesma trilogia, sendo que em X-Men 3: O Confronto Final  Logan fez tudo que fez para ter Jean de volta, e no final do filme ela está lá, como agora teremos a versão sua Sansa Stark como a Fênix? Era esperar para ver.

Mas aí vem o filme. Dinheiro não faltou! A Fox despejou 200 milhões no projeto. Elenco também não foi o problema. Jennifer Lawrence, James McAvoy, Michael Fassender, Jessica Chastain, Sophie Turner, Nicolas Hoult. O que parece ter faltado foi vontade mesmo.

A trama todos conhecem, ou pelos quadrinhos ou pelo filme de 2006: Jean Grey surta, não consegue controlar seus poderes e se torna uma ameaça para todo mundo. Nas mãos de um roteirista competente e comprometido com a história, teríamos um gigantesco potencial. Mas aqui o que vemos foi um enredo apressado, com decisões e motivações forçadas, mudanças bruscas e sem sentido de posicionamentos de personagens, soluções fracas e um desfecho esquecível, ainda mais quando temos a conclusão épica do MCU ecoando em nossas cabeças.

Colocar os X-men como um grupo de super-heróis super-famosos, com crianças segurando bonequinhos e gritos de “eu te amo”, só porque salvaram uma nave espacial não faz sentido nenhum, uma vez que não fica claro o que mais eles fizeram para reverter todo o preconceitos contra os mutantes, o ponto central de qual fundamenta-se a própria criação dos personagens. Os efeitos da destruição global realizada pelo vilão Apocalipse é ignorada completamente.

Mas o que mais incomoda aqui é a tentativa de forçar Charles Xavier como um vilão, ainda mais porque a construção de um caráter vilanesco no mais correto dos mentores poderia ser algo até interessante, mas é completamente inútil para o desenvolvimento da trama e não leva a lugar nenhum. Comparando a mesma situação que ocorre em “O confronto final”, lá temos muito mais sentimentos e motivos que aqui. Os motivos que levaram o Xavier de Patrick Stewart a bloquear os poderes de Jean são muito mais plausíveis, e mesmo assim ele se culpava por isso. Nessa versão, somente a rejeição por parte do pai não justificava tudo isso.

Também a origem dos poderes da Fênix é extremamente mal explicada. Novamente comparando, quando a Jean de Fanke Jamsen manifesta os poderes de Fênix, por mais que seja muito mal aproveitado na trama, foi construído ao longo dos dois primeiros filmes com dicas sutis que quando são mencionadas na trama não parecem “forçassão” de barra. Aqui, a manifestação da Fênix no filme anterior é solenemente ignorada, e é apenas jogado que essa “força cósmica” foi atraída por Jean, sem maiores delongas ou explicações.

Os personagens secundários, e que poderiam ter um destaque maior e animar um pouco a trama são descartados logo no início. Mística é morta em uma cena até emocionante, graças à atuação de Lawrence e Holtt, mas sem supressas (qualquer um que assistiu os trailes sabia que ela ia rodar) e sentido nenhum na história, somente porque precisava de chocar com uma morte relevante, dar um motivo para o Fera ficar com raivinha e ter uma cena bonita de enterro na chuva. Já o Mercúrio, responsável pela cena mais memorável dessa quadrilogia nova, é colocado fora de combate sem explicação nenhuma.

No lado dos vilões, parece difícil aceitar depois de Thanos um grupo de vilões tão superficiais e maquiavélicos como o grupo liderado pela Vuk de Jessica Chastain. O talento da atriz é totalmente desperdiçado, e tem seu ápice quando ela tem que falar “suas vidas não valem nada” para Xavier para mostrar o quanto ela é ruim como personagem, sem motivação nem dimensões.

Motivação também não é o forte de Fera e Magneto, que mudam de lado a cada momento, sem uma razão aparente, somente pela conveniência do roteiro ruim.

O que poderia dar uma dramaticidade maior à história, que é o relacionamento de Jean e Scott, uma das grandes forças da história do casal nos quadrinhos, é atrapalhado por um ator inexpressivo (Tye Sheridan) que só sabe fazer biquinho, e tem menos química com a Jean que Jon Snow e Daenerys Targaryen (não, ainda não superei o final de GoT!!!)

O filme é belo visualmente, isso é inegável. Tem efeitos especiais incríveis, lutas bem bacanas até, um belo visual de anos 90. Mas não tem alma nem apelo. Não sentimos medo pelos personagens, é tudo muito previsível (até a morte da Mistica fica clara pelos trailers, como já comentei).

Um final melancólico e nada digno para o grupo mais importante da Marvel nos quadrinhos, que foi levado às telas por um grupo que não tem  nenhum respeito nem por seu próprio universo cinematográfico, nem pela história dos mutantes nos quadrinhos.  Esperemos agora que, nas mãos da Disney, os X-men (Ou X-women como queria Mística) sejam tratados da maneira com que eles merecem!

 

NOTA

1/5

 


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Professor de História e Grande apaixonado pela sétima arte e da maior premiação do cinema, o Óscar. Viciado em séries e Redador das colunas "Vale a Maratona" e "Papo de Cinema".

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