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Resenhas HQs

DAYTRIPPER | Uma HQ sobre viver e morrer

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“Eu queria escrever sobre a vida e olha pra mim agora…
eu só escrevo sobre morte”

Dattripper, arte interna. DC Comics

De quantas mortes é feita a vida de uma pessoa? Como reagir a uma vida a qual – biológica e filosoficamente – já estamos perdendo a partir do momento do nascimento? Daytripper é uma graphic novel lançada pelos gêmeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, originalmente em dez edições para o selo Vertigo, da DC Comics. Ela trata sobretudo de vida e de morte; de como os pequenos momentos de uma pessoa podem definir sua vida, sobre quando ela começa e quando ela de fato, termina.

Todos os dias, lutamos contra a morte. Ela vai chegar, é verdade. Mas enquanto isso, no decorrer de nossa vida, caminhamos para alcançar nossos sonhos. Passamos por diversas fases, que vão da descoberta de novos amigos ao surgimento do primeiro amor; da emoção do sonho alcançado à perda de um ente querido. Cada uma dessas passagens da nossa vida nos transformam de uma forma singular.

 

Daytripper, arte interna. DC Comics.

É disso que se trata essa obra de arte, premiada com o Oscar dos quadrinhos Eisner (Melhor Minissérie ou Arco), o Harvey Award (Melhor História) e o Eagle (Lançamento do Ano), por volta de 2010 e 2011. Sim, já se vão quase uma década e a obra não perdeu nem um pouco da sua força. Nela somos apresentados à Brás de Oliva Domingos, onde qualquer semelhança com Brás Cubas de Machado de Assis vai além da mera coincidência. Numa obra onde ambos falam de viver e morrer, o Brás de Daytripper é bem mais otimista: para ele a morte é só uma etapa e o início de uma segunda chance. De uma continuação.

O protagonista é filho de um escritor famoso e almeja se tornar um escritor também, mas só consegue um emprego mediano num jornal escrevendo obituários. É dele a frase que abre esta matéria, dita num momento de desabafo para Jorge, seu melhor amigo. Brás ainda morreria nesse capítulo. E isso não é spoiler. É na verdade, a força motriz da revista, que conta uma história linda sobre como as etapas da vida de um homem podem definí-lo ou acabar com ele.

A partir daí, conheceremos um período distinto da vida de Brás, contadas de forma não linear, agregando aos poucos vida ao personagem e a mensagem que a obra transmite. Transmite, não. Transborda. Os desenhos parecem criar vida, tamanha a riqueza de detalhes e de formas. As cores de Dave Stewart vão do frio azul e roxo aos quentes amarelo e laranja, mesclados ao marrom, preto e cinza de forma tão tocante que chega a apaixonar. Os diálogos são tão naturais, que eles parecerão vir de algum lugar ali do seu lado. Brás só quer realizar seus sonhos, viver sua vida e ser feliz. Como eu e você.

 

Daytripper, arte interna. DC Comics

Daytripper é emocionante, bem escrito, magistralmente desenhado e ganhou uma versão de luxo no Brasil pela Panini Comics, com capa dura, papel de alta gramatura e páginas extras com rascunhos e textos dos dois irmãos autores. Essa versão vale muito a pena, apesar dos mais de sessenta reais. Mas se estiver sem dinheiro, ainda pode conseguir aquela com capa cartonada pela metade do preço. Por mais que atraia, a obra não foi feita pra ser lida de uma vez só. Deve ser saboreada devagarinho, como um bom vinho. Respire fundo a cada capítulo. E ao terminar, se perceber um aperto na garganta, ou os olhos marejados, sinta-se abraçado.


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Desenvolvedor de sistemas, escritor, jogador de RPG, fanático por jogos de tabuleiro, leitor voraz. Tento salvar o mundo nas horas vagas, mas é difícil por que nunca tenho horas vagas...

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