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SUPERGIRL | Porque a serie se tornou a melhor da atual temporada de super heróis do The CW

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Quando Supergirl estreou em outubro de 2015 no canal The CW dentro da programação de séries baseadas em personagens de quadrinhos da editora DC Comics, percebemos de cara que o show tinha um público alvo diferenciado dos outros dois que já estavam no ar há algum tempo: Arrow (desde 2011) e The Flash (desde 2014).

A série protagonizada por Melissa Benoist era claramente voltada para um público preferencialmente feminino e adolescente. Desde a Poderosa Isis e da Mulher Maravilha nos anos 70 que não tínhamos uma série de super heróis focada em uma super heroína. Como todos os shows da CW, a inclusão de minorias em papéis principais com o intuito de diminuir o preconceito de forma politicamente correta é vísivel em personagens como Jimmy Olsen (Mehcad Brooks) que não só teve sua etnia trocada para horror dos mais conservadores, como também sua importância dentro da história aumentada em relação aos HQs. Nas histórias em quadrinhos do Superman, Olsen sempre foi um fotógrafo ruivo e sem graça do jornal Planeta Diário que eventualmente ajudava o grande herói da história. Nunca passou disso. Já em Supergirl, o personagem é um rapaz negro de porte atlético que desde o começo demonstra ser bem resolvido com sua profissão e que na evolução do enredo acaba por se tornar o poderoso CEO de um conglomerado de mídia jornalística de National City (cidade fictícia onde se passa a história) a CatCo. Posteriormente torna-se também o super herói Guardião em uma versão totalmente diferente da versão dos HQs.

É bom salientar também que Olsen substitui no cargo máximo da empresa uma mulher, Cat Grant (Calista Flockhart). Os homossexuais também não foram esquecidos na lista de inclusão social da série. A irmã adotiva da Supergirl, Alex Danvers (Chyler Leigh) durante a história se descobre lésbica e todas as dúvidas, sofrimento e angústias da saída do armário à aceitação por parte de parentes e amigos é mostrada de forma clara e totalmente isenta de preconceitos sem descambar para pura e simples apologia. Tudo é tratado de forma natural como deve ser.

Easter eggs e referências aos quadrinhos, séries mais antigas e filmes clássicos com personagens da DC abundam por todas as temporadas, fazendo a alegria dos mais velhos e nostálgicos, como por exemplo as presenças de Lynda Carter (Mulher Maravilha de 1977) Dean Cain (Superman da série Lois & Clark de 1993) e Helen Slater (que interpretou a própria Supergirl em filme homônimo de 1984) no elenco de apoio.

Diante de tudo isso, o leitor que nunca assistiu ao programa deve estar imaginando que a série é perfeita, imperdível e que uma maratona da mesma deve ser de fácil digestão. Correto? Não podia estar mais errado. A série começou bem, porém o excesso de foco em sentimentalismo acabou por transformá-la em um show açucarado, meloso, enjoativo, quase intragável. Vilões sendo vencidos por discursos de o que é certo e o que é errado, foco excessivo nas relações de amizade e familiares entre os personagens e dilemas morais forçados ao limite chegaram próximos de estragar completamente o programa. Pessoalmente posso dizer que só terminei de assistir a 3º temporada através de um esforço hérculeo de paciência e boa vontade.

Porém, aparentemente os produtores e roteiristas do programa perceberam o rumo que a coisa estava tomando  A queda de audiência nas 2º e 3º temporadas em relação à 1º com certeza ajudou-os a enxergar isso mais claramente. Houve então uma mudança radical em relação á temática da série na 4º temporada que já teve 8 episódios exibidos nesse segundo semestre de 2018 e que agora está em hiato de fim de ano.

Já desde as temporadas passadas que National City é mostrada como uma metrópole com uma substancial população extra-terrestre. Alienígenas vivem entre humanos, isso é sabido por todos, porém desde o começo são de certa forma discriminados, contudo relativamente tolerados.  Na atual temporada entretanto, os roteiristas resolveram abordar a onda de conservadorismo, ódio e intolerância que assolam nosso planeta na vida real levando para a telinha de nossas TVs inserindo-a nesse suposto mundo habitado por pessoas de outros planetas que de uma hora para outra se vêem vítimas de um  crescente de preconceito por parte dos habitantes nativos.

Agente Liberdade

O vilão da temporada é um agitador político chamado Ben Lockwood (Sam Witwer). Após perder sua casa durante a invasão daxamita retratada na 2º temporada (isso é contado em flashback), Lockwood se torna um ativista que luta contra a presença dos alienígenas em National City. Paralelamente aos protestos legais e públicos, ele também monta uma espécie de milícia armada clandestina que lidera sob a identidade do Agente Liberdade utilizando-se de uma máscara dourada para esconder sua identidade. O grupo persegue sequestra, tortura e mata extraterrestres chegando a treinar cachorros farejadores para identificá-los.

Manchester Black

 Porém, o melhor personagem da atual temporada é sem dúvida alguma Manchester Black (David Ajala). Após perder sua namorada extra-terrestre assassinada pelos extremistas anti-alienígenas, Black torna-se um anti-herói que não se priva de utilizar-se de métodos iguais a de seus oponentes, ou seja, tortura e assassinato, para chegar a seu objetivo de vida que passa a ser a vingança. 

Manchester Black chegou na série para trazer um pouco de equilíbrio ao “bom mocismo” sentimentalóide da protagonista e mostrar que nem tudo é preto ou branco. Que existe algo no meio que apesar de estar do lado certo da razão, acredita que os fins justificam os meios. Isso torna o personagem mais humano e realista.

Nos HQs Manchester antagoniza com a Liga da Justiça, pois acredita que a equipe poderia se valer de métodos menos ortodoxos porém mais efetivos de combate ao crime. Ou seja, novamente, tortura e assassinato. Tem uma implicância especial pelo Superman pois acredita que ninguém pode ser tão bom e tão “certinho” como a imagem que todos tem dele. O vilão acredita que parte disso serve apenas para alimentar o ego do kryptoniano. Só por isso o personagem já merece minha simpatia. Obviamente que os fãs do “Escoteirão Azul” discordarão veementemente. Em muitos aspectos Manchester Black se assemelha muito ao personagem Justiceiro da editora concorrente da DC, a Marvel.

Ainda há pieguisse em Supergirl? Com toda certeza. Ainda há momentos em que o show lembra a mais melosa das novelas mexicanas, mas isso diminuiu consideravelmente, trazendo em contrapartida uma temática atual e realista. Isso faz com que, em minha opinião, Supergirl esteja apresentando a melhor história de todas as atuais temporadas das séries da CW/DC.

 

4/5

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Jorge Obelix. Ancião do grupo, com milhares de anos de idade. Fã da DC Comics e maior conhecedor de Crise nas Infinitas Terras e Era de Prata do Universo. Grande fã de Nicholas Cage que acha que um filme sem ele nem pode ser considerado filme. Fã de Jeff Goldblum também, e seu maior sonho é ver ambos (Cage e Goldblum) contracenando.

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