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Críticas

CONTRA O MUNDO – Tiro, porrada e bomba! | Crítica do Neófito

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A franquia John Wick está para os filmes de ação como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) está para os filmes de ficção científica.

Nada mais foi o mesmo depois que Hall 9000 tentou dizimar a tripulação da Discovery, assim como quando alguns gângsters de segunda mataram o cachorro do Baba Yaga, pois, no caso de John Wick: De Volta ao Jogo (2014) suas cenas de lutas, perseguições e assassinatos viscerais, realistas, hiperviolentas e, ao mesmo tempo, superestilizadas se tornaram referência obrigatória na realização de filmes similares posteriores, que envolvem o famoso “exército de um homem só” lutando contra tudo e todos para alcançar sua tão acalentada vingança, com relação àqueles que lhe tiraram o amor, ou a família… ou o cachorrinho de estimação, claro!

Contra o Mundo (ou Boy Kills World), estrelado por Bill Skarsgård no papel do “garoto” (ou “boy” do título original) – que, além de não ter nome, é surdo-mudo – dirigido pelo alemão estreante em longas metragens Moritz Mohr e contando com produção de Sam Raimi, nem faz questão de fugir do referencial acima citado, apenas caprichando mais na violência gráfica e no humor ácido e absurdo como elemento de diferenciação.

E não é que funciona?

A trama é a mais batida possível: jovem rapaz que vê as amadas mãe e irmã serem cruelmente assassinadas, no “Dia do Abate”, pela família ditatorial que comanda um fictício país totalitário tropical  – ficando surdo e mudo no processo – é treinado da infância à maturidade na arte de matar por um mestre exótico que vive escondido nas selvas (Yayan Ruhian), com o objetivo de trucidar e se vingar dos líderes da nação distópica, principalmente na figura da “presidente” (ou algo parecido) daquela nação, a sádica e lunática Hilda Van Der Koy (a outrora linda e hoje hiperbotoxicada Framke Janssen).

Foto: Divulgação (o mestre e a mestra! Um para matar, outra em matar)

Para tanto, deverá enfrentar todo o clã Van Der Koy: o criador de discursos e chefe da segurança Gideon (Brett Gelman); a responsável pelo marketing do governo, Melaine (Michelle Dockery); o garoto propaganda da dinastia ditatorial, Glen (Sharlto Copley); a temível chefe da guarda, June 27 (Jessica Rothe); além de todo a guarda, polícia e exército que mantêm o país em rédeas curtas.

Sua única ajuda vem dos membros da “resistência”, Basho (Andrew Koj), de quem o “garoto” se torna “amigo” imediato; e Benny (Isaiah Mustafa), cuja leitura labial o “herói” não consegue decifrar, dando margem para os diálogos mais estapafúrdios que se possa imaginar.

Foto: Divulgação (a única linguagem que importa é a dos punhos e tiros)

Um detalhe lúdico, mas de grande importância narrativa: como o “garoto” ficou surdo quando ainda criança (fase em que é vivido pelos irmãos Cameron e Nicholas Crovetti), ele não sabe como seria sua voz de adulto, então, para narrar seus pensamentos e reflexões, a voz que tem na cabeça é a do narrador de jogo de videogame de luta (tipo Street Fighter ou Mortal Kombat) que jogava com sua idolatrada irmã mais nova Mina (Quinn Copeland, ótima).

Quem dá vida à referida voz interna do “garoto” é o dublador H. Jon Benjamin, que faz um excelente trabalho vocal.

No mais, tome-se tiro, porrada e bomba, regados a litros de sangue falso.

Skarsgård – o eterno Pennywise, de It: A Coisa – aproveita para mostrar o físico malhadíssimo e versáteis habilidades atléticas e de luta, firmando-se, cada vez mais, como ator de ação (lembrando que estrelará, em breve, a refilmagem de O Corvo).

Foto: Divulgação (o salário foi todo em Whey!)

E lá vem mais tiro, mais porrada, mais bomba e mais sangue falso!

O primeiro ato de Contra o Mundo é divertidíssimo, por apresentar o protagonista da trama, sua história, trajetória, treinamento quase desumano e sua determinação vingativa, tudo narrado pela inusitada voz de videogame.

O segundo ato começa bem – com o início da vingança do “garoto” – mas perde um pouco o ritmo, além de apresentar uma fotografia muitas vezes escura, câmera nervosa e tremida, o que dificulta de se ver a ação verdadeiramente acontecendo.

O terceiro ato, porém, redime as falhas da porção medial do filme, com ótimas cenas de ação e luta; um plot twist bacana (mas pouco aprofundado), fotografia mais clara e uma filmagem mais convencional, porém, mais explícita quanto aos acontecimentos.

Moritz Mohr tem uma mão pesada, mas, ainda assim, consegue mesclar humor, ação e violência com competência, entretendo e segurando a atenção da plateia.

A grande “revelação” perto do final poderia proporcionar uma reviravolta ou grande mudança de rumo na história, mas, o roteiro é simples em sua intenção clara de apresentar um personagem linear, básico e puro, tão determinado quanto o arquétipo estabelecido por John Wick. Para tanto, outros personagens ao redor do protagonista é que sofrem modificações bruscas.

O exagero da longa cena de luta final é, ao mesmo tempo, divertido e angustiante. Nenhum ser humano conseguiria sofrer tantos golpes violentos quanto os que os personagens sofrem sem ficarem paralisados de dor ou exaustão, além de que, nenhum tendão é cortado, dentre quebrado ou olho vazado nos protagonistas, apesar das facas, cacos, cortes, socos, pontapés, esmagamentos e todo tipo de agressão a que são submetidos. E, ainda, saem andando, carregando os outros mais machucados!

Contra o Mundo é daqueles filmes sem sutilezas, sem qualquer pretensão de profundidade, buscando apenas apresentar um espetáculo de violência estilizada, numa trama simplória, de forma a divertir e entreter.

 

Mesmo assim, Bill Skarsgård consegue apresentar uma boa atuação, com várias expressões capazes de transmitir os sentimentos de seu personagem privado da audição e fala. A atriz mirim Quinn Copeland dá um show à parte com sua Mina, cujas aparições “fofas”, às vezes no auge da sanguinolência, são, ainda assim, orgânicas e coerentes narrativamente. O resto do elenco parece ter se divertido com o filme, atuando de forma expressiva e cativante.

Foto: Divulgação (a bela no meio das feras)

Sendo assim, se você curte filmes genuinamente de tiro, porrada e bomba, Contra o Mundo é feito sob medida.

Talvez seja bom usar uma roupa de plástico para se limpar da sangueira depois, mas as risadas e o alto-astral (marca registrada do produtor Sam Raimi) valem a experiência.

Foto: Divulgação (olhando para passado, mirando no futuro: “O Corvo” vem aí!)

 


Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

 


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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