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AKIRA TORIYAMA | Sobre aquilo que nos faz imortais…

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Uma pequena homenagem para um grande mangaká e artista.

 

O nome e sobrenome Akira Toriyama foi talvez algo que este que vos escreve demorou um pouco a assimilar, especialmente quando ainda estava se percebendo como um fã de animes e mangás em formação ainda na infância, mas o que eu particularmente nunca pensei ao longo da minha vida, é que um dia iria associar essas duas palavras em minhas lembranças e associações de idéias a algo tão… único, e sim esse talvez seja o melhor termo para definir o mangaká nascido em Nagoya, no Japão, no fatídico ano de 1955.

Quem pesquisar algumas curiosidades sobre a carreira de Toriyama provavelmente irá se surpreender com o quanto o homem que ficou conhecido mundialmente por ter criado Dragon Ball e influenciado toda uma geração de mangakás posteriores à sua parecia um estereótipo do “gênio preguiçoso” que por vezes vemos em filmes, séries e talvez até mangás e animes. Toriyama começou sua carreira nos quadrinhos japoneses ainda no início dos anos 80 com Dr. Slump, um mangá com foco em comédia que trazia ao público as aventuras da desengonçada e inocente Arale Norimaki, uma garotinha andróide que por um erro de seu criador acabou sendo construída com miopia e precisando por isso usar óculos.

 

Dr. Slump

A série tinha formato episódico e costumavam mostrar o cotidiano de Arale em um lugar conhecido como “Vila Pinguim” formado por habitantes com características ainda mais pitorescas e bizarras que a personagem que além de ingênua e míope, era dona de uma super força física que talvez só se comparasse à Mônica de Maurício de Sousa ou ao próprio Goku, de sua obra “irmã”.

O tão aclamado Dragon Ball que dispensa apresentações e deu a Toriyama fama a nível mundial acabou só sendo concebido em 1984, um tempo após o próprio mangaká encerrar a publicação de Dr. Slump por o mesmo demonstrar estar um tanto quanto saturado da rotina de trabalho ao qual se submetia, graças à publicação de capítulos semanais e inclusive por conta disso o próprio mangaká quis “abreviar” o tempo de sua obra nas mais variadas oportunidades, tendo sempre que estender seu tempo de serviço em razão justamente… da popularidade cada vez mais galopante da obra, que fazia com que constantemente editores da antologia para o qual trabalhava o mandassem seguir adiante.

De perfil recluso, frequentemente Akira se desenhava em algumas de suas obras na forma de personas como um pássaro ou um pequeno robô

E bem…onde talvez eu esteja querendo chegar ao fazer essa retrospectiva geral da carreira desse artista que nos deixou oficialmente no dia 1º de março de 2024? Então… pode ser que isso aconteça com você, ou até com alguém que você conhece mas… quantas vezes você já se viu se sentindo obrigado a seguir adiante com atividades que talvez possam nem ser mais tão significativas para você, mas que podem estar fazendo uma diferença enorme na vida de pessoas que tem algum contato com aquilo que você faz?

Pode ser um trabalho, ou algum projeto pessoal para o qual você dedica parte de horas livres que você poderia muito bem estar fazendo algo pelo seu puro e simples prazer sem qualquer compromisso, mas o ponto que quero trazer aqui é que muitas vezes todos nós podemos estar proporcionando experiências incríveis uns aos outros sem muitas vezes ganharmos a relevância mundial de um Akira Toriyama por aquilo que estamos fazendo, onde muitas vezes tem gente ali nos mantendo naquilo não porque querem pura e simplesmente explorar nossa potência enquanto ser humano mas porque talvez reconhecem nossas qualidades e acreditam que com algum incentivo podemos entregar o melhor que temos com nossos talentos e habilidades, mesmo quando a gente só tá de saco cheio e quer simplesmente largar tudo para o alto e começar algo novo com que nos identifiquemos.

 

     

Fã do piloto brasileiro Ayrton Senna, Akira chegou a fazer artes usando suas criações para homenageá-lo

Longe de mim querer romantizar a carga horária e os problemas típicos nunca resolvidos relacionados à carreira de mangakás japoneses, mesmo porque em uma realidade de precarização do trabalho e inúmeros desrespeitos de políticos e empresários à classe trabalhadora como a que vivemos no Brasil, só quem já passou ou passa por tais problemas sabe o que é sentir na pele a sensação desagradável e angustiante do mundo estar sugando suas forças e te oferecendo muito pouco ou quase nada em troca…mas será que ao menos a gente tem celebrado as pequenas vitórias cotidianas e as conexões que criamos uns com os outros no meio do processo?

Se após ter seu falecimento divulgado Toriyama passou a ser lembrado e homenageado por pessoas de tantas regiões do mundo pelas memórias e sentimentos positivos e únicos que as proporcionou, isso só foi possível por conta de seu empenho em uma atividade que ainda é tão subestimada e subvalorizada por uma parcela da sociedade que é o trabalho com arte e entretenimento. E cabe também dizer que muito mais do que um serviço prestado, o que esse homem fez tinha “alma”, algo que era seu, o seu jeito particular de se expressar e de intervir no mundo que ficou marcado agora que ele se foi. Quantas vezes não queríamos nós “reunir a força de uma Genki Dama” para superar os obstáculos que apareciam em nossos próprios percursos? Ou quem sabe ter a força que nossos personagens favoritos de infância tinham para enfrentar um mundo cheio de desesperança e maldade?

 

 

 

 

 

 

 

 

A realidade infelizmente não torna isso possível da forma que imaginamos, mas pelo menos ainda permite com que através da ficção possamos exercer o nosso direito de sonhar e nos conectar uns com os outros em nossas experiências, enquantos estamos todos na nossa busca particular das nossas próprias “Esferas do Dragão” a fim de realizarmos os nossos maiores desejos enquanto descobrimos nossa verdadeira força e estabelecemos e fortalecemos as relações com outras pessoas na mesma frequência que nós em nossa jornada.

         

O autor ao lado de suas criações

Descanse em paz Toriyama-sensei, e onde quer que esteja muito obrigado por ter feito parte da vida de tantas pessoas através daquilo que entregou ao mundo, foi isso que lhe fez imortal e é isso que fará com que todos nós um dia venhamos a ser nas lembranças de pessoas a quem nossas ações fizeram a diferença.

 


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29 anos, psicólogo de formação e fã de animes, mangás, dublagem e jogos por essência, além de cosplayer (só quando o financeiro permite).

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