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Críticas

REBEL MOON – PARTE 2: A MARCADORA DE CICATRIZES – Que lindo slow Motion | Crítica do Neófito

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Com Rebel Moon – Parte 2, Zack Snyder prova que é um esteta, não há como questionar.

Mas não muito mais do que isso…

Evidentemente, o cara “tem as manhas” de fazer tomadas bonitas, contraluzes arrebatadoras, tonalidades harmoniosas, cenas altamente plásticas… Atributos, estes, bastantes relacionados ao trabalho de um bom diretor de fotografia que, aliás, é uma das funções que ele acumula à de diretor, co-roteirista e produtor da sua saga intergaláctica Rebel Moon, na qual a poderosa Netflix investiu algo em torno de cento e setenta milhõezinhos de dólares.

A primeira parte desta projetada nova franquia de filmes – Rebel Moon – Parte 1: A Menina de Fogo – saiu em dezembro do ano passado, rodeada de grandes expectativas, afinal, pela primeira vez, o renomado cineasta detinha total controle criativo de sua obra, decantada como um projeto precipuamente idealizado para o universo Star Wars, mas que, por não ter sido recepcionado pelos executivos responsáveis pela criação de George Lucas, foi adaptado para esta nova saga “original” de Snyder.

Foto: Divulgação (olhar profundo, mas é só isso!)

Todavia, a crítica foi implacável com as enormes e patentes fragilidades do filme, que iam desde exageros estéticos (slow motion excessivo, flashbacks pouco inspirados etc.) ao fraquíssimo roteiro, sobrando até mesmo para os efeitos especiais, vistos como triviais.

Mas, segundo o cineasta, era apenas a primeira metade de um grande filme que, aliás, ainda possuiria o famoso “corte do diretor” – com mais violência, sexo, sangue e quatro horas de duração (cada parte!) – o qual deixará tudo mais esclarecido e bem-acabado. Aff…

Chegou 12 de abril de 2024 e Rebel Moon – parte 2: A Marcadora de Cicatrizes estreia em circuito mundial pela Netflix; e o que se vê são apenas as repetições dos mesmos equívocos da primeira parte, vinculados à promessa de breve lançamento da versão definitiva, mais longa e completa.

E o que dizer do que já foi apresentado neste filme-continuação?

Rebel Moon – parte 2: A Marcadora de Cicatrizes é uma aula de como NÃO se escrever roteiros para cinema, de tão primário e frágil que é.

Fica até difícil saber por onde começar a análise, de tantos pontos, mas, vamos lá!

(AVISO DE SPOILERS)

O filme se inicia exatamente no ponto de término da primeira parte, isto é, com os “sete samurais” intergalácticos (que, na verdade, eram seis, que se tornaram quatro) chegando à lua Vanna, para armar a resistência dos camponeses contra a armada do Império (onde mesmo que este nome já foi utilizado??), comandada pelo implacável, inclemente e ressurrecto Almirante Atticus (Ed Skrein).

O pequeno grupo tem 5 dias para se preparar contra o iminente ataque, sendo 3 dias para colher e estocar os tão preciosos grãos para o Império e 2 para aprenderem a lutar e atirar, além de cavar trincheira, instalar armadilhas e uma estratégia de combate contra um forte esquadrão de exército bem equipado, treinado e armado.

Bom, por mais que filmes tenham liberdade para usar de linguagem mais simples para o entendimento do público, a contagem de tempo – 5 dias – não tem muita razão de ser no espaço sideral, considerando que cada corpo celeste possui sua própria rotação e gravidade, portanto, medição horária diferente. Muito conveniente que o cruzado espacial use o mesmo “relógio” dos habitantes de Veldt. Além disso, para uma nave que viaja pelo hiperespaço ou buracos de minhoca (como mostrado na primeira parte), este prazo não faz muito sentido a não ser por efeito puramente narrativo, para que o grupo de insurgentes tenha tempo hábil para se preparar para o combate.

Foto: Divulgação (numa guerra contra canhões de plasma, nada como uma “machadinha”)

O que nos leva a outra questão: 5 dias, sendo 3 para fazer colheita e 2 para treinamento militar é forçar um pouco a barra, não acham? A estratégia é colher e esconder os grãos no interior da vila, para que o esquadrão militar do Império não destrua tudo com tiros de canhão de plasma nuclear (ou algo parecido) à longa distância e tenha que apelar para invasão de infantaria, facilitando as táticas de guerrilha dos camponeses.

Detalhe: estes poderosos canhões são operados e mirados na base na manivela e mira humana, como nos canhões da Segunda Guerra Mundial. E, isto, diante de tecnologia suficiente para fazer naves gigantescas cruzarem o hiperespaço ou viajar por buracos de minhoca, ressuscitar pessoas com morte cerebral há mais de dez horas, e construir androides superconscientes! Não dava para se ter um sistema de mira menos arcaico? Até os drones do Irã contra Israel são mais tecnológicos do que aquela nave espacial!

No universo de Duna, a falta de I.A.’s é explicada pelo medo da humanidade em ser dominada por tal invenção e, em Star Wars, por pura opção criativa (mistura de Idade Média com ficção científica futurista), mantendo toda a tecnologia mesclada a elementos mais retrôs; mas, mesmo lá, no filme Uma Nova Esperança (1977), a mira dos caças da resistência era comandada por computador (Luke opta por usar a força no último momento antes de disparar contra o núcleo da Estrela da Morte).

Mal chegando à Veldt, o General Titus (Djimon Hounsou) já faz um discurso de liderança, seguido por todos incondicionalmente.

Dois “dias” depois da chegada dos “heróis”, eles recebem flâmulas personalizadas com representações totêmicas de suas personalidades e melhores características costuradas impecavelmente do dia para a noite por uma das moradoras da vila, que acerta tudo, levando-os às lágrimas (ah, e o símbolo do coração daquela lua é igual ao da Terra!).

A batalha é inverossímil do início ao fim, afinal, sendo bastante racional, como um exército tão bem preparado e temido por ter causado tanta destruição pela galáxia afora pode ser derrotado por um “bando” de camponeses com poucas armas e treinado a menos de dois dias?

E o que dizer da cena da colheita? Recheada de câmeras-lentas, homens descamisados e suores escorrendo pelas faces cansadas, mas repletas de satisfação pelo deve cumprido? Colheita, esta, feita à mão, à moda antiga, na base da foice, como no início do século XX terráqueo, apesar da colheitadeira ser gravitacional! Como diria o Robin da série televisa sessentista do Batman, “santas incoerências”!

Tem-se, ainda, a cena dos flashbacks, na qual, por exemplo, o mundo do personagem Tarak (sempre de peito de fora, como um Tarzã anacrônico), vivido por Staz Nair, é uma cópia futurista da Chicago dos anos 30, com direito a chapéu, gravata e sobretudo de gângster. General Titus chorando por suas lembranças dolorosas, assim como Nemesis (Doona Bae), ao recordar a troca de seus braços de carne e osso por partes ciborgues.

Foto: Divulgação (quanto drama!)

É tão previsível que dá vontade de acelerar tudo até os créditos finais (principalmente nas incontáveis tomadas em slow motion, fetiche preferido de Snyder).

Ah, e tem até luta de sabres-de-luz genéricos!!!!

A coisa mais legal de todo o filme é a versão badass do C3PO, com voz de Anthony Hopkins. Pena que apareça pouco e de forma nada orgânica na trama, desaparecendo logo que sua presença e habilidades poderiam comprometer a “visão” artística do diretor e roteirista.

Foto: Divulgação (chifre é uma coisa que colocaram na sua cabeça…)

Fica-se com a forte impressão de que Zack Snyder, na verdade, não tinha uma história que pudesse ser narrada por meio de cenas plasticamente bonitas; mas que, ao contrário, ele imagina tomadas esteticamente estilizadas para, daí, conceber uma trama qualquer que permita inseri-las.

A personagem principal, Kora (Sofia Boutella) vai de soldada subserviente, a mocinha apaixonada, a lutadora implacável. A atriz se desdobra para dar alguma profundidade a ela, mas o roteiro, realmente, não a ajuda em nada. O “seu” flashback conduz o público à cena na qual um sexteto de cordas executa alguma peça clássica enquanto o vilão Balisarius (Fra Fee) assassina a família real para tomar o poder. Interessante que eles usam violinos e violoncelos gastos e exatamente iguais aos da Terra! George Lucas teve o cuidado, lá nos anos setenta do século passado, de estilizar os instrumentos musicais da banda que tocava na taberna onde Obi-Wan Kenobi leva Luke, no primeiro filme de Star Wars. Pelo visto, Snyder nem pensou nisso e muito menos em justificar o porquê destes instrumentos serem como os do não mencionado Planeta Terra!

Em suma, há zero desenvolvimento de personagens; há inúmeras incoerências no roteiro e, por conseguinte, na direção de arte, cenografia e figurinos. Salvam-se a fotografia, os efeitos especiais que, nesta segunda parte, parecem mais bem acabados; o androide Jimmy (Hopkins), e algumas sequências esteticamente bonitas (ainda que totalmente vazias).

Espero, sinceramente, que a Netflix não lance a versão do diretor, pois, isso nos obrigaria a ter que assistir a não sei mais quantas horas desse arremedo de Star Wars com Mercenários da Galáxia que Snyder cometeu, para poder comentar para vocês!!!!

Assista por sua conta e risco!

Foto: Divulgação (por que não inventaram uma “foice-de-luz”?)

 


Nota: 1,5 / 5 (ruim)

 


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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