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Críticas

GUERRA DO AMANHÃ | Crítica do Neófito

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Guerra do Amanhã, ambiciosa produção Sci-fi da Amazon Prime Video – que parecia querer ter o seu próprio Army Of Dead, mas sem o talento estético de Zack Snyder por trás das câmeras – é uma salada de referências e incoerências de roteiro, clichê do início ao fim, além de quase zero de originalidade.

Mas ainda assim é divertido de se ver.

O enredo genérico é apenas uma desculpa para que Chris Pratt – na pele do ex-combatente e diligente pai de família, Dan Forester – possa brilhar como protagonista carismático e macho-alfa de bom coração, capaz de encarar monstros literalmente à unha, e de, ao mesmo tempo, ser terno e amoroso com sua pequena filha Muri (vivida com graça pela atriz mirim Ryan Kiera Armstrong). Lógico que o roteiro não deixaria de arranjar uma desculpa para que o intérprete de O Senhor da Estrelas dos Guardiões da Galáxia do MCU tirasse a camisa gratuitamente para mostrar seu abdome definido, bíceps e peitorais salientes, expelindo testosterona ao ponto de se poder sentir o cheiro através da televisão.

Foto: Divulgação (a família Forester)

A história é simples e básica: desconhecidos alienígenas – chamados de Garras Brancas – carnívoros, selvagens e de aceleradíssima reprodução, simplesmente surgem e se multiplicam sobre a Terra por volta do ano 2050, reduzindo a população humana para algo em torno de 500 mil sobreviventes, formados praticamente por soldados e cientistas que desesperadamente tentam achar uma forma de matar os predadores assassinos que, logicamente, são de difícil mortandade.

Os humanos não foram capazes de desenvolver armas mais eficazes para matar os invasores, mas conseguiram construir uma máquina do tempo – espécie de buraco de minhoca rudimentar, na fala dos próprios personagens – capaz de enviar soldados de volta ao passado – final de 2022 – não para descobrir a origem da ameaça, mas para recrutar soldados para irem ao futuro lutar contra as feras.

Foto: Divulgação (que fofo!)

Tudo de original que o filme poderia ter termina por aí. O resto é apenas colagem de vários outros filmes.

Ameaça alienígena que surge de repente, sem ninguém perceber e destrói tudo e todos? Guerra dos Mundos (2005).

Idas e vindas no tempo como forma de derrotar horda de ETs sobre o planeta? No Limite do Amanhã (2014)! Inclusive no design dos Garras Brancas e na ideia do bicho-alfa que precisa ser derrotado.

Bilhões de monstros comedores de carne humana, movidos por fúria assassina e mantando mariners? Tropas Estelares (1997) e, lógico, Aliens, O Resgate (1986)! Ah, e novamente, a ideia do bicho-alfa que precisa ser derrotado.

Milhares de bichos escalando paredes em busca de sua comida humana? tome Guerra Mundial Z (2013)!

Mundo destruído por animais selvagens? Amor e Monstros (2021)!

E essa lista foi apenas de elementos que não representam spoilers que, se fossem aqui descritos, deixariam claras muitas outras referências conhecidas.

Os personagens também são tremendamente estereotipados, contando com o alívio cômico Charlie, vivido por Sam Richardson, quase uma cópia menos esculachada do Dopinder de Deadpool; o soldado determinado Dorian, que só quer saber de matar por razões pessoais e trágicas (interpretado por Edwin Hodge); o burocrata que sempre toma todas as decisões erradas pelos motivos errados; o homem amargurado, logicamente pai do protagonista, que precisa se redimir, reconquistar o amor do filho e que, obviamente, possui habilidade e recursos necessários para a missão final do terceiro arco do filme, que fica a cargo do sempre bom J. K. Simmons; a mulher compreensiva e amorosa (esposa de Dan) na pele de Betty Gilpin; o “gordinho” e a moça inexperiente, mas capaz de se sacrificar pelo grupo e por aí vai, afinal, sempre são necessários vários coadjuvantes carismáticos para servirem de boi de piranha, mostrando o quanto os inimigos são cruéis, implacáveis e sanguinários. Ah, por último, tem o nerd incompreendido, mas que, “coincidentemente”, é especialista justamente no assunto que ajuda a desvendar o grande mistério da trama!

Foto: Dan, Dorian e Charlie em combate)

A bela Yvonne Strahovski (de The Handmaid’s Tale) interpreta a coronel Romeo, única “surpresa” do roteiro preguiçoso de Zach Dean, e que até consegue passar alguma emoção mais genuína com sua presença, mas seu personagem é também tão linear e arquetípico que a escalação da boa atriz soa mais como desperdício de talento.

Chris Pratt se salva justamente por ser ele mesmo: bonitão, grandão, bom moço e norte-americano típico, capaz de salvar o mundo com as próprias mãos para salvar a filha se preciso for (outra frase de caminhão declamada a certa altura da película).

Foto: Divulgação (o soldado e a coronel)

Não se poderia, também, terminar estes comentários sem falar de uma coisa emblemática e outra um tanto quanto inverossímil: primeiro, é muito peculiar que a fonte do problema alienígena envolva, justamente, a China e a Rússia, não por acaso, os dois maiores rivais históricos dos EUA; em segundo lugar, o filme inicia mostrando o final da Copa do Mundo de Futebol de 2022, no Catar, que estaria sendo disputada pela Seleção Brasileira ou os “melhores do mundo” no esporte. Será mesmo??

No entanto, apesar de tudo isso – mais as viradas de roteiro para lá de batidas – é possível desligar o cérebro e assistir a Guerra do Amanhã como puro entretenimento, curtindo os excelentes efeitos visuais, especiais e a competente direção de arte; deixando-se levar pela ação previsível, mas bem azeitada; além, é claro, de um pouco de violência gráfica moderada, sempre com relação aos Garras Brancas. Talvez a experiência do diretor Chris McKay com os longa-metragem Lego de temática mais simples e infantojuvenil, mais a necessidade de atingir a um público maior, tenham prejudicado a condução do filme para terrenos menos óbvios.

Ao terminar, fica-se com a sensação de que haverá alguma cena pós-crédito que possibilitasse a continuação do filme para uma franquia, mas ainda bem que os produtores parecem ter entendido o que tinham nas mãos e resolveram ficar apenas nesta única e modesta produção. Sorte de Chris Pratt (e da nossa)!

Foto: Divulgação (a seleção brasileira ganhando a próxima Copa do Mundo é tão improvável quanto um portal temporal aparecer no meio do campo)

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Nota: 2,5 / 5 (regular)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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