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Críticas

A GAROTA NA TEIA DE ARANHA | Crítica da 5ª adaptação cinematográfica dos livros da série Millennium

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Foto: divulgação

Os suecos sabem escrever suspenses policiais como ninguém!

O jornalista e escritor Stieg Larsson (1954-2004) é a prova mais contundente disso.

Seus 3 livros da série MillenniumOs Homens Que Não Amavam as Mulheres (2005), A Menina Que Brincava com Fogo (2006) e A Rainha do Castelo de Ar (2007) – já foram lidos por um a cada quatro suecos, além de por outros milhões de leitores ao redor do mundo.

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Após sua prematura morte em 2004, seus 3 livros da série Millennium (publicados postumamente) foram adaptados para o cinema sueco, revelando para o mundo Noomi Rapace (Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras), no papel da heroína da saga, Lisbeth Salander; e, em 2011, como é recorrente em Hollywood, o primeiro livro/filme – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres – foi refilmado, com o título A Garota com a Tatuagem de Dragão, estrelado por Rooney Mara (Pan) e Daniel Craig (007 – Cassino Royale) sob a direção de David Fincher.

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A adaptação norte-americana obteve boas críticas (principalmente pelo respeito ao clima do livro/filme originais e da coragem de não amenizar na violência e no sexo), mas arrecadação mediana, o que desanimou a Columbia Pictures de dar continuidade à franquia em espaços de tempo menores.

Manuscritos deixados por Larsson para novos romances passaram por uma desgastante luta judicial que impediram sua companheira – com quem não era casado oficialmente – de escrever novos livros, ficando tal tarefa para o escritor David Lagercrantz, que aproveitou os personagens e ambientações para escrever duas obras totalmente inéditas: A Garota na Teia de Aranha (2015) e O Homem Que Buscava Sua Sombra (2017).

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Desse modo, para não refilmar toda a trilogia cinematográfica sueca, apenas agora, 7 longos anos depois, Hollywood engatilhou mais um filme norte-americano da agora “quintologia”, baseado no quarto livro da série, A Garota na Teia de Aranha, estrelado pela britânica Claire Foy (The Crown), e dirigido pelo diretor uruguaio Fede Álvarez (Evil Dead, 2013).

O filme se inicia com uma cena de flashback da infância de Lisbeth Salander – essencial para a trama – para logo em seguida introduzir a Lisbeth adulta como uma “justiceira” de mulheres abusadas física e sexualmente por homens violentos, sem gastar tempo com apresentações, afinal, por mais que tente funcionar como um produto independente, fica claro que um conhecimento prévio dos livros ou dos filmes anteriores (incluindo os suecos) torna a compreensão de tudo mais fácil.

Todas as duas cenas destoam um pouco da construção sueca da personagem e dos filmes antecessores, cujas tramas são citadas en passant. Além disso, Lisbeth, aos olhos de seu novo “deus”, Lagercrantz e de Fede Álvarez torna-se uma superhacker, muito mais voltada para a ação física do que em suas retratações anteriores, o que pode causar certo estranhamento aos fãs mais “xiitas” do material original.

Mesmo assim, porém, o filme não perde com tais “licenças poéticas”, apresentando ao público um excelente thriller de suspense e ação, permitindo-se até mesmo a alguns momentos de humor orgânico.

As quase duas horas do filme passam sem qualquer sacrifício, apresentando uma trama ágil, bem amarrada e quase 100% verossímil para aquele universo (apenas as ‘super’ habilidades de Lisbeth com computadores foge um pouco do razoável). Talvez o excesso de ‘ação’ até mesmo atrapalhe uma avaliação mais criteriosa do enredo, mas o produto final agrada bastante.

Qualquer detalhe da trama entregaria desnecessários spoilers, capazes de estragar a experiência e surpresas (algumas esperadas) da produção, mas, para não deixar de dar um gostinho, pode-se dizer que o filme envolve um menino autista superdotado, um programa de computador “cabuloso” para controlar armas nucleares, personagens dúbios, frios e assassinos, acerto de contas com o passado e boa dose de tensão. Ah, e tem um personagem norte-americano bem relevante – que é nerd, hacker, agente secreto da NSA e excelente combatente –, talvez criado já pensando em agradar aos financiadores do filme. Tudo isso num tempero ‘sueco’, que faz a diferença.

O terceiro ato é bem concluído e, mesmo sem indicar uma sequência, deixa um gosto de quero mais para as aventuras de Lisbeth, talvez uma das mais fortes personagens femininas da cultura pop atual, haja vista sua independência, resiliência, persistência e força, ainda que sem abrir mão de uma cativante fragilidade em certos casos.

A direção é segura e competente, inclusiva com certas ousadias, como numa cena em que Lisbeth está drogada e a câmera quase subjetiva faz movimentos que passam com extremo realismo a sensação de vertigem da personagem num momento de fuga.

Claire Foy, sem dúvida a mais bela das atrizes que interpretaram Lisbeth, dá um show à parte, roubando todas as cenas, inclusive quando ao lado da criança. Sua fisicalidade e entrega é digna de aplausos. Sverrir Gudnason, no icônico papel de Mikael Blomqvist, quase não acrescenta nada ao personagem, que quase não acrescenta nada à trama, apesar de alguma relevância.

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O puritanismo norte-americano (e aparentemente do próprio David Lagercrantz) tiram algo do peso da obra, ao apelar para a violência gráfica (a cena no fliperama é chocante), mas negligenciar a sensualidade da personagem (todas as cenas de nudez são ocultadas, ao contrário da obra sueca).

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O filme, ao final, é muito bom, mas, como uma certa metáfora da trama demonstra, o “dragão está ferido” (além de menor: a tatuagem de dragão encolheu misteriosamente!).

Resta saber se, como a personagem de Lisbeth Salander, ele sobreviverá para mais algum filme, o que seria bem-vindo, haja vista a atual falta de criatividade hollywoodiana.


Pontuação de 0 a 5

Nota: 3,5 (Muito Bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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