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DE VOLTA AO PASSADO | MARSHAL LAW – por REX – O cachorro nerd

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Olá, tripulação nerd! Aqui é o REX, o cachorro nerd, e hoje vamos falar um pouco sobre um quadrinho que conta a história sobre como um grupo de heróis descontrolados, sádicos, viciados, violentos, sem limites, ninfomaníacos e completamente inconsequentes é desafiado por um grupo policial que tem como missão controlar os rompantes violentos desses supostos heróis e se necessário, usar força letal. Esse grupo é liderado por um agente violento, sádico, que não se importa com as consequências e que tem um ódio infinito contra esses supostos heróis e em especial contra o líder desses “heróis”, você acha que estou falando de THE BOYS, a obra criada por Garth Ennis e Darick Robertson e lançada entre 2006 e 2012? Não, errou feio, errou rude, estou falando do quadrinho Marshal Law lançado em 1987.

Por diversas vezes tivemos roteiristas, escritores e amantes de quadrinhos imaginando como seriam os seus heróis se eles se tornassem malignos ou menos altruístas, nesse sentido, tivemos diversas adaptações e atualizações de heróis clássicos que não combinavam com climas de histórias mais realistas e violentos com o passar dos anos e com isso tivemos várias criações de heróis novos mas que nada mais são do que readaptações de heróis clássicos, é por isso que temos tantos SUPER HOMENS, esse em especial é um heróis difícil de trabalhar, o conceito chave do Super homem é que ele é um herói bom, não há lado negro nele, ele, se fosse uma partida de RPG, seria um Paladino lawful good, ele é BOM porque ele escolheu ser bom, teve uma mãe e um pai que o ensinaram a ser bom, um pai que não sugeria que ele ignorasse crianças prestes a morrer afogadas pra proteger a própria identidade, entendeu Snyder? Ou precisa desenhar? Se precisar eu mando uma lista enorme de bons quadrinhos onde isso é abordado, chama-se auto sacrifício, chama-se ato heroico, “grandes poderes, grandes responsabilidades!”, difícil entender isso, né Snyder??? É difícil trabalhar com essas limitações e poucos roteiristas conseguem faze-lo de forma satisfatória pois muitos confundem ser BOM com ser BOBO/IDIOTA/INGENUO e consideram isso como ultrapassado, por isso tivemos tantos outros heróis que nada mais são do que super homens genéricos mas que podem ser mais violentos porque não são O Super homem.

Ainda assim, uma história de subverte os heróis ainda é um tema que seduz, desde que essa subversão tenha um objetivo, seja a critica social, a análise comportamental, seja pra evidenciar o quanto eles são heroicos sendo bons, sendo lawful goods e não indo para o caminho mais fácil que seria a do vigilantismo anti heroico que até combina com certos personagens mas que destoam de heróis clássicos que tanto adoramos.

Marshal Law é uma típica desconstrução do gênero de super-heróis, tão em moda no fim dos anos 80 e veio para brincar com esse conceito de heróis enlouquecidos, ou heróis “humanos” mesmo. O que aconteceria se pessoas normais adquirissem poderes e dons quase divinos sem terem a moral, a ética, o comportamento e postura de heróis clássicos? O que aconteceria se pessoas normais de uma hora pra outra não pudessem ser impedidas por ninguém graças a esses poderes e dons? Pra dar um exemplo, imagine o que aconteceria se do nada, um certo grupo de pessoas, cidadãos de bem, que apoia um certo politico de extrema direita no Brasil adquirisse poderes como da Liga da Justiça? Entende agora o perigo? Pois bem, dando esse plano inicial, vamos falar de MARSHAL LAW.

O universo de Marshal Law: Fear and Loathing que foi o primeiro arco do herói, segue a premissa de que em um determinado momento os estudos de genética e mutações induzidas artificialmente proporcionaram à ciência e à humanidade o poder de selecionar geneticamente pessoas especiais, mais inteligentes, mais fortes, menos propensas a doenças, pessoas mais próximas à perfeição, bem ao estilo GATTACA filme americano de 1997, até que selecionar não foi o bastante e resolveram “melhorar” essas pessoas e assim gerar poderes e dons meta humanos. Isso foi um tesouro e uma oportunidade de ouro politico e propaganda e claro, Super foram criados para melhorar a imagem americana e servir como exemplo e símbolo americano, obvio as forças militares viram nisso uma oportunidade de gerar super soldados e usa-los nas suas ações em palcos de conflitos e em especial na guerra contra a américa do sul, a “Zona”. O jovem Joe Gilmore (futuro Marshal Law) é um fã desses heróis e em especial do herói ESPIRITO PUBLICO (o Super homem local), maior herói que existe e que irá viajar numa missão espacial para uma estrela distante, viajem essa que irá durar décadas para todos nós mas apenas alguns anos para ele e a tripulação. Inspirado por seus heróis, o jovem Joe Gilmore se inscreve na força militar para juntos com os demais super heróis ser enviado para a guerra na ZONA que na história é um novo Vietnã elevado a máxima potencia porque agora são soldados com super poderes e sem freio.

A história da série se passa entre os anos de 2020-2022, numa São Francisco que sofreu um mega terremoto e com isso a cidade se divide em duas, uma parte toda nova e a outra os escombros da antiga são Francisco, agora conhecida como San Futuro, nessa cidade estão a maioria dos heróis sobreviventes da terrível guerra da Zona, loucos, inconsequentes, sem limites e a única coisa que existe pra deter esses heróis é Marshal Law. Joe Gilmore realmente odeia todos os super heróis e em especial o Espirito Publico, que ele considera o maios símbolo de tudo que está errado com esses super e por servir como bandeira para toda a corrupção que existe em volta dele, uma de suas mais celebres frases é “Eu sou um caçador de heróis. Eu caço heróis. Ainda não encontrei nenhum!”.

Na história temos Marshal à caça de um assassino serial que está violentando e assassinado violentamente mulheres vestidas como a heroína SELESTE uma das SEREIAS, super heroínas treinadas especialmente para usar poderes de sedução e persuasão especialmente em missões de espionagem, coleta de informações e sabotagem contra lideres de outros países. Seleste é atualmente a noiva do Espirito público (uma versão do Superman, concebida por Mills e O’Neill como um homem arrogante e com ideais religiosos e conservadores. Um dos focos da narrativa é revelar o quanto Espirito Público está envolvido em esquemas corruptos com o governo e que sua imagem de herói altruísta e generoso não passa de uma propaganda idealizada pelo governo para estimular os cidadãos a se alistarem no programa de criação de supersoldados) o que acaba colocando-o na mira de Marshal Law e em suas investigações, percebe que há muito mais coisas e pessoas envolvidas nessa trama do que ele pensava inicialmente.

“Qualquer um que olha pra você pode ver que você é uma bicha! Um esquerdista! Uma sininho vestida de couro! É isso que está errado com esse país hoje… As feministas, os esquerdistas e as bichas estão querendo tomar o poder… Espalhando subversões como a AIDS!”Espirito Público (discurso em sua luta final contra Marshal Law)… e isso foi escrito em 1987.

Marshal Law é um personagem de histórias em quadrinhos criado em 1987 pelos britânicos roteirista Pat Mills e desenhos de Kevin O’Neill. Marshall Law foi inicialmente publicada na linha editorial adulta da Marvel Comics, a  Epic Comics que durou de 1980 até 1998. Na mini-série original, Joe Gilmore, alter ego de Marshal Law, é um dos muitos ex-soldados com super poderes criados pelos Estados Unidos para lutar na “Zona” – guerra travada na América do Sul – que precisam se readaptar à vida civil (uma forte alusão à Guerra do Vietnã) em uma San Futuro. Gilmore então entra para a polícia de San Futuro, agora como Marshal Law, um caçador de heróis e super-seres degenerados e enlouquecidos. Marshal Law possui força sobre-humana e não pode sentir dor (possui um arame-farpado enrolado no braço), o que lhe permite lutar com seres muito mais fortes e poderosos que ele. Também possui à sua disposição um enorme arsenal.

Enquanto o primeiro arco de Marshal Law é dedicado em especial à parodiar aos heróis da DC e ao Super homem, a edição CRIME E CASTIGO“Crime and Punishment, Marshal Law Takes Manhanttan” (1989), é dedicada aos heróis da Marvel, em especial aos Vingadores e ao Justiceiro, aqui na obra chamado de o Perseguidor, ex-combatente da Zona, chamado Don Matrione e que não passou pelo processo do Dr. Shocc, logo ele não tem superpoderes, cuja especialidade era torturar. Ele era tão bom nisso que atuava como professor de técnicas de tortura para as tropas norte-americanas que estavam atuando nos territórios do Brasil e do Uruguai. A atuação de Matrione gerou muitas inimizades e quando ele retornou para os EUA, foi seguido por guerrilheiros do Brasil e do Uruguai que desejavam vingança, os Brazilian Guerrillas e os Uruguayan Hit Squad. Esses grupos armaram uma emboscada para pegar Matrione quando ele estava passeando com sua família em um parque; ele conseguiu escapar porém, sua família foi assassinada. Devido a esse trágico acontecimento, Matrione mergulhou em um processo de vingança, culpando principalmente os imigrantes latinos, tornou-se o Perseguidor.

“Você também é um vigilante… Você entende… Eu fiz o que era necessário para manter o cidadão comum longe de uma escória como essa…”Perseguidor
“Já te falei antes… Isso não é um crime… A C.I.A. fez isso no Uruguai… Brasil…. Bolívia… Guatemala… El Salvador… Em toda a Zona!”Perseguidor
“Tortura… tão americana quanto torta de maçã, hein?”Marshal Law

Pat Mills (Patrick Eamon Mills, nasceu em 1949) foi o criador da revista britânica 2000 AD que foi basicamente a responsável por lançar os grandes talentos dos quadrinhos que conhecemos hoje em dia, como Alan Moore, Dave Gibbons, Grant Morrison, Brian Bolland, Garth Ennis, entre outros e Além de editorar a revista 2000 AD, Mills, em parceria com John Wagner, criou o personagem mais bem sucedido da publicação e dos quadrinhos britânicos, o agente da lei futurista Judge Dredd, bem como quase todo o run de Justiceiro 2099 e Ravage 2099. Kevin O’Neil (nasceu em 1953) também teve vários trabalhos publicados na 2000 AD, além de ter trabalhado também em Juiz Dredd. Mas talvez uma de suas parcerias mais conhecidas foi com Alan Moore na The League of Extraordinary Gentlemen (1999-2007).

É muito claro que Marshal Law serviu de inspiração para THE BOYS (escrito por Garth Ennis, desenhada por Darick Robertson e publicada pela WildStorm), assim como a HQ Brat Pack do Rick Veitch e publicado pela King Hell Press, mas a própria Marshal Law é uma paródia do JUIZ DREED é de certa forma o fruto de uma época e existe graças a todo um movimento que estava em andamento com a invasão britânica no inicio dos anos 80 e seu estilo muito marcado pela cultura Punk.

“Pat sugeriu que colocássemos super-heróis e eu disse a ele que ele teria que chamá-los de super-vilões e ele disse: “Não, se eles não são super-heróis, não será muito divertido mandá-los a merda.” Eu pensei que poderia dissuadi-lo disso no final, mas ele acabou por estar absolutamente certo. Eles são super-heróis que o governo criou e Marshal Law está lá para limpar a comunidade desses caras que voltaram da guerra na América Central e que realmente não se encaixam mais na sociedade.”Kevin O’Neil  – 1988.

“…explorar a verdadeira natureza e o custo das intervenções militares dos EUA (Fear and Loathing), o lado obscuro da CIA (Marshal Law Takes Manhanttan), a verdadeira motivação dos super-ricos (Kingdom of the Blind), e as corporações que negociam com os inimigos (Super Babylon). Em um sentido, eu gosto de super-heróis, porque eles me provêm um grande potencial narrativo. Eles são meios perfeitos para expor os vilões da vida real.”Pat Mills – 2013.

Marshal Law pode ser interpretado de diversas maneiras diferentes, desde uma critica aos super heróis, uma critica ao messianismo, as politicas externas e internas intervencionistas americanas, a sociedade e a resistência a mudanças que gerem igualdade a todos e por ai vai, são tantas camadas possíveis e aceitáveis de interpretação que não tem como não dizer que ela é uma das melhores coisas que você poderá ler, é engraçada, sarcástica, cruel, com uma arte deslumbrante e roteiros bem escritos e tendo como pano de fundo uma sátira ao universo dos super heróis exigirá que o leitor tenha uma certo conhecimento desse universo para que possa entender plenamente todas as referencias e toda a discussão ali proposta. Uma pena que essa obra tão marcante tenha de certa forma ficado esquecida e não teve o mesmo reconhecimento que outras grandes obras dos anos 80 como Watchman e cavaleiro das trevas, eu tendo a acreditar que o grande publico não estava preparado para o que ela tinha a oferecer e só agora, 20 anos depois, o que a obra propôs, de certa forma, está sendo apreciado em THE BOYS, mas de forma mais rasa se comparado com o original.

 

A trajetória de publicação de Marshal Law pode ser considerado um pouco errática, pois o personagem passou por diversas editoras. Entre os anos de 1987 e 19931 , foi publicado pela Epic Comics, selo paralelo da Marvel Comics que era destinado ao lançamento de HQs para um público mais adulto. De 1990 até 1991, os autores levaram seu personagem para a pequena editora britânica Apocalypse. E depois, foi levado para a Dark Horse Comics entre os anos de 1992-1998. Devido a essa constante mudança de editora, Marshal Law nunca foi uma série regular; ao longo de sua existência foi publicado em forma de minisséries, edições especiais, encontros com personagens de outras editoras e livros. Um histórico editorial que abrange um período que vai de 1987 até 2007.

  • Marshal Law: Fear and Loathing , Epic Comics, 1987-88
  • Crime and Punishment: Marshal Law Takes Manhattan, one-shot, Epic Comics, 1989 (reprinted in 1991 as Marshal Law: Takes Manhattan by Apocalypse Comics)
  • Marshal Law – Kingdom of the Blind, Apocalypse Comics, one-shot, 1990
  • Toxic! #1-8, 14/15, Apocalypse Comics, 1991 (issues 14-15 reprint prologue from Fear and Loathing TPB with new framing sequences)
  • Marshal Law – The Hateful Dead, one-Shot, Apocalypse Comics, 1991 (reprints Toxic! #1-8)
  • Marshal Law – Super Babylon, one-Shot, Dark Horse, 1992
  • San Diego Comic Con Comics #1, Dark Horse, 1992 (official appearance on cover and 1-page cameo)
  • Pinhead vs. Marshal Law: Law in Hell, two issue series, Epic Comics, 1993
  • Marshal Law – Secret Tribunal, two issue series, Dark Horse, 1994
  • Savage Dragon/Marshal Law, two issue series, Image Comics, 1997
  • The Mask/Marshal Law, two issue series, Dark Horse, 1998
  • 2000AD #1280, Rebellion Developments 2002 (1-page official cameo)

 Eu sou o Rex, o cachorro nerd e Marshal Law é uma HQs que merece ser conhecida e aclamada.

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