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Críticas

CHORAR DE RIR | Crítica do Neófito

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Qual tipo de interpretação tem mais valor artístico: a dramática ou a cômica?

Jerry Lewis (grande ídolo de Leandro Hassum e cuja foto de seu papel como Professor Aloprado aparece iconicamente no filme sob análise) trabalhou 30 anos com comédia para “estrear” no drama na década de 1990, no seriado O Homem da Máfia.

Foto: Divulgação

Jim Carrey ficou conhecido pelo seu humor físico (Ace Ventura, O Máscara, Debi & Lóide etc.), mas, aos poucos, foi se enveredando para papeis cada vez mais dramáticos, começando pelo belíssimo Show de Truman (1998), passando pelo denso O Mundo de Andy (1999), o lindíssimo Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004), chegando ao suspense com Número 23 (2007) e o recente Crimes Obscuros (2016).

Foto: divulgação

No âmbito feminino, temos Kristen Wiig, famosa por suas comédias (Missão Madrinha de Casamento, 2011), que enveredou por um denso papel sobre uma mulher mentalmente instável, inclusive com cena de nudez frontal, em Bem-Vindos ao Mundo (2014).

E Melissa McCarthy, outra que sempre se destacou pelas piadas e estilo “boca-suja”, chegou até a concorrer ao Oscar de melhor atriz por sua atuação dramática em Poderia me Perdoar? (2018).

No cinema nacional, o maior representante atual do humor brasileiro é, indiscutivelmente, Leandro Hassum.

É comum ouvir atores dizendo que “fazer humor é muito mais difícil”, aliás, principalmente nos dias atuais…

Dessa forma, o tema do filme Chorar de Rirum famoso e bem-sucedido humorista que, para se sentir levado a sério e realizado, resolve abrir mão de tudo para investir na carreira de ator dramático – poderia sugerir que Hassum, assim como o fez Jim Carrey, por exemplo, utilizaria o longa como uma ponte para ampliar seus horizontes interpretativos, dando enfoque ao lado dramático do personagem e, por conseguinte, de si mesmo.

(lembrando que, em Dona Flor e Seus Dois Maridos, de 2017 – protagonizado por Juliana Paes – ele já havia tentado um caminho mais “contido” ao dar a vida ao segundo marido de Flor, o “certinho” Dr. Teodoro)

Foto: Divulgação

Mas, há algo que não deixa Hassum deixar de ser “Hassum”.

Mesmo na citada adaptação do romance de Jorge Amado houve um forte acento de humor na caracterização do personagem Teodoro e, no filme sobre o qual se fala, ocorre o mesmo. Só que em grau muito mais elevado.

Hassum interpreta Nilo Perequê com os mesmíssimos trejeitos de sempre. Brinca com sua perda de peso e a figura do “gordinho engraçado”. Faz autoreferência e caretas a torto e a direito. Afina e engrossa a voz diversas vezes. E, o que poderia ser uma divertida (ou séria) reflexão sobre a arte de interpretar e de fazer humor, acaba se perdendo num mar de clichês sem fim.

Foto: divulgação

O diretor “mala” está presente, na pele de Felipe Rocha. O ator “guru”, vivido por Fúlvio Stefanini, também. O “rival”, interpretado de forma contida por Rafael Portugal não podia deixar de faltar. E, logicamente, a “mocinha”, na bela silhueta e boa interpretação de Monique Alfradique.

Tem, ainda, a irmã “faz-tudo”, vivida pela talentosíssima e subestimada Natália Lage. O cunhado ganancioso e viciado em jogo – no rosto de Otávio Muler – está presente. O pai bonzinho (Perfeito Fortuna) e a “supermãe” (Jandira Martini) claro que não poderiam estar ausentes.

Participações especialíssimas, como Sérgio Mallandro se autoparodiando por 2 segundos na tela e Sidney Magal, na pele de um mago altamente maluco, não melhoram muito a qualidade do filme.

O casal de apresentadores “sem noção” de programa de fofoca vespertino – vividos por Caito Mainier e Carol Portes (em papel duplo que quase não se percebe de tão iguais) – aparece a cada nova “reviravolta” do roteiro, didaticamente explicando tudo para os ignóbeis expectadores. Marco Ricca faz uma ponta na pele de um mendigo.

Ah, os críticos – esses sujeitos chatos, que não veem o talento dos artistas – aparecem também, aprisionados num calabouço e devidamente contidos.

Foto: Divulgação (todos os artistas acima foram citados nessa matéria e têm alguma participação no filme)

A trilha sonora insiste em colocar Despacito em formato sinfônico quase onipresentemente durante a projeção. Se, num primeiro momento, chega a ser engraçado, com o tempo perde não só a graça, como o sentido.

Aliás, outra coisa bastante incômoda é o fato de o filme, em momento algum, provocar gargalhadas, ou mesmo risos mais “altos” da plateia, algo imperdoável para uma obra que, claramente, propõe-se a ser uma comédia rasgada. Para piorar, o final ainda não abre mão de tentar passar uma lição de moral “edificante” e “emotiva”; mas a tentativa chega a gerar um sentimento de constrangimento em quem a assiste, além de confusão, pois, as mudanças de tom são sempre abrutas e sem quaisquer sutilezas.

Em dado momento, parece que estamos assistindo ao Candidato Honesto 3, de tão repetitivo que é o enredo e soluções do roteiro, que, em verdade, não aprofunda nenhum tema: apenas abre espaço para que Hassum faça o que já está cansado de fazer (ou seria o Nilo Perequê que estaria cansado??).

As praticamente obrigatórias cenas pós-créditos, que poderiam compensar um pouco a sensação meio amarga que o filme deixa na boca, também não são bem-sucedidas. Ingrid Guimarães até se esforça, mas não consegue provocar riso. O único que confere algum frescor a tais cenas é Fábio Pochat, que consegue fazer rir com pouquíssimo tempo na tela e, surpreendentemente, convencer como ator dramático também (talento que ele já havia começado a demonstrar no instigante Entre Abelhas).

Talvez não fosse o caso de Hassum – evidentemente muito talentoso – mudar radicalmente os rumos da carreira – tal como faz o seu personagem em Chorar de Rir – mas, talvez, fosse bom, pelo menos, mudar um pouco a fórmula, que, se pode até gerar dinheiro nas bilheterias, todavia, demonstra claramente sinais de desgaste. Comédias mais sutis, composições mais complexas podem ser uma boa.

Bom, e tomara que, após essa crítica, eu não acorde trancafiado no calabouço do iate do mago Papanô!


Nota: 2 em 5 (fraco)


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A CINCO PASSOS DE VOCÊ | Crítica do Neófito!

Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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