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Críticas

SPIDERHEAD – Um Black Mirror de quase duas horas! | Crítica do Neófito

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Já se foi o tempo em que apenas os homens, do alto de seu sexismo histórico, perguntavam a si mesmos se preferiam as loiras (como a deusa Marilyn Monroe) ou as morenas (tal qual a deslumbrante Elizabeth Taylor).

No momento atual, são elas, as poderosas mulheres, que podem, com total justiça e razão, perguntar se o “lindo” do momento seria o moreno Henry “Superman” Cavill ou o loiríssimo Chris “Poderoso Thor” Hemsworth.

A disputa é boa!

Ambos os atores – o britânico Cavill e o australiano Hemsworth – marcados por papeis muito icônicos e superlativados (deus nórdico, extraterrestre superpoderoso, mago medieval, implacável soldado-mercenário, agente da CIA etc.) ainda não tiveram oportunidade de provar seus verdadeiros talentos dramáticos em personagens que exijam mais desenvoltura interpretativa do que corpos hipertrofiados. Mas é inquestionável que, além de saberem minimamente atuar, são grandes astros e verdadeiros símbolos sexuais do momento, objeto de desejo de todos os que se sentem atraídos por homens e alvo de inveja e despeito de muitos heterossexuais inseguros por aí.

Foto: Divulgação (peguem os babadores!)

Abstração feita ao gosto pessoal que se tenha com relação a um e ao outro, o fato é que, como todo artista, os dois buscam projetos em que se sintam desafiados a irem além dos estereótipos sobre os quais construíram sua fama, inclusive passando a agir por detrás das câmeras, principalmente na função de produtores ou produtores executivos.

Mesmo não tendo exercido tal cargo, é fato que Henry Cavill foi de fundamental importância para que a série The Witcher – de cujos jogos é amante declarado – viesse à vida.

Hemsworth tem efetivamente se aventurado como produtor executivo, como no caso do genérico de ação feminino Interceptor (2022, Netflix), no qual, inclusive, faz pequena ponta como vendedor “noiado”, sem noção e feio (só que nem tanto!).

Foto: Divulgação (criador e criatura)

Prestes a engatar novo blockbuster do UCMThor: Amor e Trovão, com estreia prevista para dia 7 de julho de 2022 – o australiano tem sido um pouco mais prolífico em suas tentativas de se mostrar maior do que o papel que lhe concedeu o estrelato e status de sex simbol.

O exemplo mais recente é esta nova produção da Netflix, com toda cara de um episódio estendido de Black Mirror, que Hemsworth estrela, desta vez no papel de vilão: o filme de ficção e suspense Spiderhead.

Chris divide a tela com o incansável e diversificado Miles Teller (Whiplash), a bela Jurnee Smollett (Aves de Rapina), o ator Mark Paguio, e a bombshell Tess Haubrich, além de participações como a do eterno gigante malvadão Nathan Jones.

Foto: Divulgação (todo mundo junto e misturado!)

Milles interpreta Jeff, condenado por homicídio culposo e que preferiu, ao invés de ficar preso numa cadeia comum, cumprir espécie de pena alternativa nas isoladas instalações controladas Steve Abnesti (Hemsworth), na qual voluntariamente se submete a testes com drogas, injetadas diretamente na medula espinhal por meio de um aparelho com ampolas fixado em suas costas, cujo controle do tipo e quantidade de substância são controlados por um mero celular.

O ambiente da citada instalação é paradoxal: apesar das portas abertas, da ausência de guardas e vigilantes, da interação livre com os outros detentos e da liberdade de ir e vir dentro da construção, tudo ali é rodeado de toneladas de concreto cinza e espesso, sem vista para o ambiente exterior. Parece metáfora das prisões internas dos detentos, da culpa que sentem por seus malfeitos. Ninguém compartilha seus crimes, tentando aparentar normalidade, quando todos ali estão por vontade própria, para sofrerem deliberadamente. Por mais óbvia que possa parecer a ideia, é muito bem desenvolvida.

Foto: Divulgação (a beleza da gaiola a torna menos gaiola?)

Todo o ambiente é embalado pela deliciosa trilha sonora setentista que sai da playlist do enigmático Abnesti, que também mantém um aparelho de injeção de drogas em suas costas, para uso segundo seu bel prazer. No fundo, ele também cumpre pena voluntária, dentro de si mesmo, com a diferença que, em seu caso, ele próprio detém o controle do que vai sentir e experimentar.

No tocante aos detentos, porém, eles são chamados individual ou em duplas para uma sala iluminada com sofás em que são exibidos como peixes em aquário (ou tela de televisão) para Abnesti e seu assessor Mark Velaine (Mark Paguio), enquanto se submetem aos mais diversos compostos químicos desenvolvidos pela farmacêutica de Steve. As drogas podem gerar um enorme barato psicodélico, um tesão incontrolável, um falatório desgovernado, um riso irrefreável, um temor irracional, ou uma insuportável angústia capaz de resultados desastrosos.

Quando não estão em teste, os detentos interagem e até flertam uns com os outros, como no caso de Jeff (Teller) e Lizzy (Smollett), fato que não passará desapercebido de Abnesti, na execução de seus propósitos.

Foto: Divulgação (“so blue”… às vezes o amor é triste também)

A trama, como pode se ver, é simples, mas bem trabalhada.

Mas fica claro, também, que não é a história – com reviravoltas mirabolantes – que surge como a grande vedete da produção. O filme serve, mesmo, de veículo para a atuação dos atores, que precisam, numa mesma tomada, saírem da timidez para a compulsão sexual; do riso para o choro e para o medo; da serenidade para a angústia insuportável; da alegria para a tristeza e por aí vai.

Nesse sentido, mesmo sendo Teller o “protagonista”, é  Chris Hemswort quem tem oportunidade de se destacar, vivendo um homem aparentemente agradável, simpático, simples e bonito na fachada, mas um crápula em essência, um verdadeiro Josep Mengele contemporâneo.

Foto: Divulgação (a pior grade é aquela que a gente mesmo se impõe!)

O problema para o astro australiano é que sua belíssima figura é, realmente, magnética, sendo difícil não “se apaixonar” por ele, mesmo vivendo um completo escroque. De modo que Hemsworth tem que verdadeiramente mostrar serviço na oscilação das emoções em certo momento fundamental do filme, mostrando seu talento dramatúrgico para além de sua plástica privilegiada.

Jurnee Smollett também dá um show de atuação, como a mulher com passado misterioso, que acha não merecer redenção. Miles Teller também não decepciona. A questão é que todos os personagens são bastante previsíveis, não sendo a construção deles que importa tanto, mas a desenvoltura com que são mostrados em tela, nas diferentes situações em que se veem, graças às drogas que são injetadas em seus organismos. De modo que Spiderhead é um filme voltado para a atuação, o que trivialmente se chama de filme para atores.

Foto: Divulgação (morrendo de rir!)

Para tanto, a cenografia, a direção de arte, a fotografia (do competente Claudio Miranda), os bons efeitos especiais e a direção sutil de Joseph Kosinski (até nas cenas de sexo e violência) exercem competente função de apoio aos atores e atrizes em cena, bem como a já mencionada espetacular trilha sonora que, animada e alto-astral, propositalmente contrasta com o ambiente claustrofóbico das instalações.

A reviravolta e o clímax do filme são interessantes, mas sem grandes surpresas inesperadas. Realmente, a comparação de Spiderhead com Black Mirror é bastante pertinente, afinal, envolve tecnologias usadas para fins distópicos, sempre denotando que evolução científico-tecnológica não implica em correspondente aprimoramento ético do ser humano. Steve Abnesti é, sem dúvida, um gênio químico, supostamente motivado por nobres ideais, mas, no fundo, pode ser apenas mais um tecnocrata ganancioso por mais e mais poder.

Quer saber realmente o que ele é? Então assista ao filme, com pouco mais de uma hora e meia, repleto de boas atuações, que passa rápido e ainda consegue despertar algumas reflexões bacanas.

Isso é ou não uma verdadeira viagem nerd?

Foto: Divulgação (tá rindo pra mim ou de mim?)


Nota: 3,5 / 5 (muito bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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