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Críticas

A FERA DO MAR – A animação originalmente igual às outras! | Crítica (tardia) do Neófito

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Quem diria que Billy Butcher e o queixudo Juiz Dreed teriam tanto coração!!!

O nobre tripulante pode estranhar a colocação acima e com razão.

Acontece que esses personagens icônicos das HQs ganharam versões em live-action interpretadas pelo mesmo carismático Karl Urban (para quem não mora no planeta, Billy Butcher é um dos protagonistas da série The Boys, lançada em 2019 pela Amazon Prime Video, e que hoje está em sua terceira bem-sucedida temporada; já o filme Dreed data de 2012 e conseguiu o feito de nos fazer esquecer daquela atrocidade – O Juiz – cometida por Sylvester Stallone, no distante ano de 1995).

Ambos os personagens – Butcher e Juiz Dreed – são homens durões, que não gostam de prestar contas às autoridades, possuem um senso de justiça muito próprio e fazem as coisas sempre do seu jeito peculiar e  politicamente incorreto. O rosto quadrado, cabelos pretos normalmente desgrenhados e olhos pequenos gabaritaram Urban para tais papeis, bem como para o de vários vilões, nas mais diversas produções hollywoodianas.

Mas, na intimidade, o ator de origem neozelandesa é o típico “gente boa”, paizão de dois filhos, fruto de longo casamento recentemente desfeito e sempre educado com imprensa e fãs.

Agora, após seu sucesso como o líder inescrupuloso dos The Boys – ou talvez justamente por isso! – a poderosa Netflix o recrutou da concorrente Amazon Prime para dar voz ao marujo corajoso e caçador de monstros marinhos, Jacob Holland, na mais nova animação produzida pela plataforma de streaming: A Fera do Mar.

Como adiantado, Holland integra a tripulação do famoso navio Inevitável, comandado com mãos de ferro pelo temível Capitão James Crow (ou “Corvo”, na expressiva voz de Jared Harris), dedicado a caçar e a matar a fera Bravata Vermelha, responsável pela perda de um olho do capitão e da morte da família de Holland.

Foto: Divulgação (a diversificada e integrativa tripulação de marujos aventureiros do “Inevitável”)

Seus feitos como caçador de feras são registrados em livros que estimulam a imaginação de crianças e sustentam o imaginário do povo em terra firme contra as temíveis ameaças existentes nas profundezas do mar. Em especial, a espevitada órfã Maise (voz de Zaris-Angel Hator) se mostra fascinada pelas narrativas de aventuras épicas de Holland a bordo do Inevitável, fugindo do orfanato com o objetivo de se juntar à tripulação de marujos caçadores.

Uma vez juntos em alto-mar, eles se veem às voltas com a caçada do temido Bravata Vermelha; caçada, esta, que a princípio se mostra malsucedida e, aparentemente, ocasionando a morte de Holland e Maise.

Foto: Divulgação (o início de uma bela relação)

Inicia-se, a partir daí, o processo de desvendamento da verdadeira natureza dos monstros marinhos e do questionamento das bases daquela vida de caçadas.

Situações clichês de animações – como o bichinho fofo, o maniqueísmo entre bem e mal etc. – estão presentes, bem como o encaminhamento da história, por meio de um roteiro consistente, mas simples.

O que se destaca mesmo é a coragem, numa animação – e sua inclinação a alcançar o público “infantil” – de caracterizar os personagens de inspiração pirata como eles normalmente são conhecidos, ou seja, beberrões, brigões e violentos.

Os monstros marinhos também são mortos de verdade, atingidos com arpões, balas de canhão e demais artefatos de guerra, algo que realmente surpreende em se tratando de um desenho animado.

Foto: Divulgação (que bichinho fofo!!!)

Por fim, ainda nesse quesito, apesar do protagonista ser branco de cabelos loiros, há boa diversidade nos personagens – negros, mulheres, orientais etc. – sendo a segunda protagonista uma menina preta.

A qualidade da animação, principalmente no tocante aos cenários, é esplendorosa, merecendo nota 11 em 10 para o nível de realismo das águas do mar retratadas no filme, algo reconhecidamente muito difícil de se fazer, chegando a superar o que já havia sido mostrado em outra animação “aquática”, Moana, à qual o diretor Chris Williams co-dirigiu.

Quanto aos personagens, a animação optou pelo traço caricato e estereotipado – como na caracterização do Capitão Corvo; do casal real; da imediata do Inevitável, a competente e rígida Sarah Sharpe (voz de Marianne Jean-Baptiste), entre outros –  com exceção de Holland e Maise, os quais têm aparência e biotipo mais próximos de pessoas reais.

Foto: Divulgação (alguém aí falou em “empoderamento feminino”?)

Em termos de história, muito na esteira de animações como Como Treinar Seu Dragão (de cujo visual e tema A Fera do Mar claramente se inspirou), o roteiro passa uma mensagem interessante sobre “não acredite cegamente em tudo o que te dizem”; “não se deixe levar pelas aparências”; “não se deixe levar por sentimentos passionais de vingança”; e, ainda, acerca das fake news como ferramenta instrumentalizada para o exercício de poder e propaganda política. Essa última crítica, aliás, pode recair tanto sobre os atuais líderes governistas com aspirações totalitárias, quanto para regimes já claramente iliberais e pouco democráticos ao redor do mundo; o que, de todo modo, é interessante de se ver – ainda que de maneira pouco sutil e quase inocente – numa produção que visa alcançar o maior espectro possível de faixa etária.

Foto: Divulgação (se correr o bicho pega, se ficar o bicho come…)

Ao final de A Fera do Mar, fica-se a sensação boa de se ter assistido, sem qualquer sacrifício, a um bom filme, voltado para toda a família; engraçado, envolvente; contando com personagens bem trabalhados e história agradável. Chris Williams – que se destacou como co-diretor de Bolt (2008) e Big Hero 6 (2014), para a Disney – soube aproveitar sua ampla experiência na casa do Mickey para, em seu primeiro filme totalmente solo, tornar a relação entre os personagens e a temível Bravata Vermelha bastante orgânica e plausível, ainda que eivada daquele tom inocente típico das animações norte-americanas.

Não vai mudar sua vida, mas vai divertir e suavizar seu dia.

Assista ao filme cercado pelas crianças da família e muitos baldes de pipoca!

Foto: Divulgação (ah, posso levar pra casa?)


Nota: 3,5 / 5 (muito bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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