Connect with us

Críticas

O ESQUADRÃO SUICIDA | Crítica do Neófito

Publicado

em

Esqueçam – a quem se deu ao trabalho de assistir – aquela bobagem de 2016, cujo único mérito foi apresentar a maravilhosa Alerquina de Margot Robbie.

O novo O Esquadrão Suicida, dirigido por um James Gunn sem quaisquer censuras ou amarras e na posse de um caminhão de dinheiro para gastar como quisesse é, de longe, o melhor filme do DCU que já foi feito.

Logicamente, não incluo, nesta comparação o filme 1 do Superman, de 1978, nem os filmes do Batman dirigidos por Tim Burton ou Christopher Nolan, que apesar de tratarem de personagens da DC Comics, tratam-se de obras solos daqueles personagens, sem qualquer integração com algo parecido com “universo compartilhado”.

Mas, mesmo que se coloquem tais filmes “na roda”, isso não muda o fato de que este novo e repaginado Esquadrão Suicida não deixa nada a dever a tais obras icônicas, figurando tranquilamente ao lado de Superman, O Filme (1978) e Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008).

Pode-se também questionar a qualidade do inspirado longa de James Gunn frente aos filmes do MCU (do qual o diretor é oriundo, diga-se de passagem). Evidentemente, Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019) encontram-se num patamar diferenciado, haja vista a grandiosidade e o tom épico dessas obras cinematográficas, resultado de uma década de criterioso trabalho da Marvel e sua dona, a Disney.

Mas, se fôssemos estabelecer um top 5 das adaptações de HQ’s para o live-action, não há qualquer dúvida – na avaliação pessoal deste colunista – que O Esquadrão Suicida seria a quinta joia desta coroa.

E por que diabos esse filme ficou tão bom?

Porque, às vezes, os estúdios entendem que a melhor coisa a se fazer é deixar que os artistas trabalhem, realizando a obra que idealizaram em suas cabeças. E foi claramente isso que a Warner fez neste filme: assinou um cheque em branco para James Gunn e disse: “Vá lá e faça o filme que você quiser”! O cineasta agradeceu e concebeu esta maravilha da cultura pop.

Foto: Divulgação (James Gunn à frente de seu “Esquadrão da Morte pronto para a morte”)

Qualquer coisa que se disser da trama a mais do que foi mostrado nos trailers seria atentado ao espectador, de modo que não entraremos em detalhes da história, de sequências ou de cenas.

Assim sendo, o roteiro, como pode ser mais ou menos deduzido a partir dos mencionados trailers, envolve o conhecido grupo formado por super vilões da DC, domesticados pela temível Amanda Waller (vivida, desta vez, com gosto pela grande Viola Davis), para cumprirem missões suicidas que, se bem-sucedidas para os que sobreviverem, garantiriam diminuição na suas penas.

Foto: Divulgação (Viola Davis: simplesmente magnífica)

O filme, assim, não perde tempo com apresentações desnecessárias. A equipe é rapidamente introduzida, com explicações mínimas sobre um ou outro integrante, alguns indícios de que alguns já se conhecem e pronto. Partindo do princípio de que todo mundo já conhece a premissa dos personagens e do grupo, não demora mais que breves 5 minutos para que a ação comece a rolar solta, basicamente localizada no meio do tão querido país ficcional Corto Maltese: bela homenagem – iniciada por Frank Miller na HQ O Cavaleiro das Trevas (1986) – sobre a grande criação de Hugo Pratt (1967).

A partir daí, o filme não dá descanso para quem o assiste, transcorrendo em ritmo ágil, mas sem correria; recheado de ação e absurdos, mas totalmente aplicáveis à situação que os “heróis” vivem; ótimas piadas sempre bem colocadas; efeitos especiais de primeiríssima linha; entrada e saída de personagens cada um mais carismático que o outro; surpresas e muitas coisas inesperadas, o que, por si só, é algo incrível nos dias de hoje, tão escorados em fórmulas batidas e já testadas.

O melhor? Tudo sem qualquer limitação. Cabeças rolam (literalmente), nudez frontal masculina, mortes de todos os tipos e maneiras, sexo, palavrões, anedotas de duplo sentido, emoção genuína, tensão (afinal, os personagens realmente podem morrer!).

Fica patente que a Disney coloca alguns “pesos e contrapesos” nos roteiros do MCU, estabelecendo algumas linhas intransponíveis, o que, por óbvio, vai limitar parte da criatividade de diretores como James Gunn (responsável pelos Guardiões da Galáxia, 2014 e 2017), ou Taika Waititi (Thor: Ragnarok, 2017), este, inclusive, que faz participação especial em O Esquadrão Suicida como pai de importante personagem do filme.

Livre de tais amarras criativas, Gunn não economiza em efeitos, em ação e numa violência que nunca é “desnecessária”. Afinal, seres superpoderosos e de padrões éticos flexíveis (como é o caso de super vilões), agindo no meio de civis, obrigatoriamente vão causar danos colaterais, algo, por exemplo, bastante criticado em Homem de Aço (2013), em que ocorre a destruição de Metrópolis sem qualquer menção às milhares (ou até milhões) de mortes que deveriam advir do combate selvagem entre Superman e General Zod.

Foto: Divulgação (o bicho pega em “O Esquadrão Suicida”)

Em O Esquadrão Suicida os vilões agem como vilões: eles matam sem maiores dores de consciência. Nesse sentido, é revigorante ver Alerquina realmente em ação, mostrando porque era capaz de rivalizar com seu “Pudimzinho” que, simplesmente, é o arqui-inimigo do “homem mais perigoso da Terra” (segundo palavras de Superman sobre o Batman, na primeira saga da Liga da Justiça escrita por Grant Morrison, em 1997). Palmas para Margot Robbie, completamente à vontade no papel da vilã tresloucada.

Foto: Divulgação (Arlequina, sua explosão de raiva e “flores”! Simplesmente fabulosa essa sequência)

Por falar em elementos do elenco, difícil dizer quem está melhor. Idris Elba, no papel de Bloodsport – personagem que só apareceu uma única vez nas HQ’s do Superman, na fase John Byrne – está perfeito; Joel Kinnaman apresenta uma releitura extremamente adequada para seu tão mal aproveitado Rick Flag, naquilo que foi feito em 2016. John Cena e seu Pacificador (imagem um Capitão América radical e sem limites morais!) é canastrice pura, mas tudo o que se poderia esperar do paradoxal personagem. Daniela Melchior interpreta Ratcatcher, repleta de ternura, trauma, humor e periculosidade. O inusitado Bolinha, na pele de David Dastmalchian é verdadeira cereja neste delicioso bolo. Alice Braga está competente como sempre na composição de sua guerrilheira Sol Soria. Isso para falar apenas do elenco principal. Os coadjuvantes também não ficam nada a dever: Jay Courtney (Capitão Bumerangue), Michael Rooker, Storm Reid (filha de Bloodsport), Juan Diego Botto (o presidente de Corto Maltese), Peter Capaldi (o excêntrico Gaius Grieves), Sylvester Stallone (fazendo com magnificência a voz do Tubarão-Rei) etc. e tal! É muito diferente quando o diretor detém o controle do set de filmagem, do roteiro e das decisões criativas. Os astros sob seu comando se divertem, entregam-se ao que lhes é proposto, fazendo com que o resultado seja palpável na tela.

Foto: Divulgação (olha só esse clima durante as filmagens!)

O grande vilão – mostrado nos trailers – é Starro, O Conquistador Estelar e sua participação é simplesmente fabulosa, tanto em termos de trama, quanto no quesito efeitos especiais.

Foto: Divulgação (Tubarão-Rei apanhando para uma Estrela do Mar superdesenvolvida?)

Os easter eggs e diversas referências ao universo quadrinístico da DC pululam em tela, sempre de forma orgânica e funcional, isto é, ou para benefício da história ou de forma a acrescentar tempero a alguma cena.

A trilha sonora é outra cesta de três pontos de James Gunn, que reforça sua fama de saber escolher músicas para seus filmes. Tem até Marcelo D2!

James Gunn aproveita o longa, também, para exorcizar alguns de seus fantasmas passados – justamente o que o havia afastado da Marvel – no sentido de conferir protagonismo a dois negros (Bloodsport e Amanda Waller) e às mulheres.

Para fechar, a direção de atores está impecável; a fotografia é clara, colorida e nítida, mesmo em cenas noturnas ou em ambientes escuros. Cenografia, locações, figurinos, direção de arte, amarrações de roteiro, coadjuvantes, efeitos especiais e visuais, os criativos recordatórios para mudança de arco, jogo de câmera… difícil ver algum defeito em O Esquadrão Suicida.

O melhor é curtir, dar boas risadas e até mesmo se emocionar com esta verdadeira pérola do gênero filmes baseados em personagens de HQ (que ainda tem cena pós-créditos!!!).

Esperar para ver como a Marvel vai lidar com o retorno de James Gunn para a continuidade (ou fechamento) do ciclo dos Guardiões da Galáxia, após o estrondoso filme que o cineasta concebeu. Se não fosse a pandemia, certamente O Esquadrão Suicida iria ser daqueles sucessos mundiais absolutos de público. Também será interessante acompanhar as próximas decisões da Warner sobre o DCU.

Em resumo, que venha mais!

Foto: Divulgação (mas que coisa mais fofa!)

_______________________________________________________________

Nota: 5 / 5 (perfeito)


SIGA-NOS nas redes sociais:

FACEBOOK: facebook.com/nerdtripoficial

TWITTER: https://twitter.com/Nerdtripoficia3

INSTAGRAM: https://www.instagram.com/nerdtripoficial/

VISITE NOSSO SITE: www.nerdtrip.com.br


Leia também:

KATE | Novo filme de ação da Netflix tem seu trailer divulgado!

VITA NOSTRA | Editora Morro Branco anuncia seu próximo lançamento de Fantasia!

O ÚLTIMO MERCENÁRIO | Crítica do Neófito

VENOM: TEMPO DE CARNIFICINA | Sony lança o segundo e dinâmico trailer de Venom 2


Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

Comente aqui!

Mais lidos da semana