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Críticas

BIG MOUTH | Polêmica, bizarra e sensacional! – Crítica do Viajante

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E estreou na ultima sexta feira (29/09) a polêmica nova série de animação da Netflix intitulada “Big Mouth“. Desde o lançamento de seu trailer há algumas semanas, o show já causava polêmica por seu conteúdo (matéria aqui).

Big Mouth é uma criação de Nick Kroll (criador de Festa das Salsichas) e Andrew Goldberg (roteirista de Family Guy), e só pelos autores já dá para se ter uma ideia do tipo de humor que constitui a série. Escrachada, muitas vezes bizarra e beirando o humor negro, com muitos palavrões e cenas de nudez e sexo (não explícito), a série não é produzida absolutamente para crianças. A classificação indicativa é de 16 anos, e deve ser respeitada. Senhores pais, atentem a isso para não reclamarem e passarem vergonha depois.

O programa começa acertando com a música “Changes” da banda Black Sabbath e interpretada por Charles Bradley, como tema de abertura, e cujo refrão diz “I’m going throug changes” (eu estou passando por mudanças) que casa perfeitamente com a temática da puberdade.

Em 10 episódios, a comédia aborda de modo aberto e explícito as agruras e prazeres da pior e ao mesmo tempo melhor época da vida de qualquer ser humano: a adolescência. Os 5 protagonistas, Missy, Andrew, Nick, Jessi e Jay (respectivamente da esquerda para a direita na imagem de capa), tem idades entre 12 e 14 anos e estão naquela fase em que suas vidas literalmente vira de cabeça para baixo com a chegada da puberdade, das mudanças corporais, das mudanças comportamentais e dos prazeres (95% sexuais de alguma forma), medos e dúvidas.

O casal de Monstros do Hormônio atormentando os adolescentes.

Para ilustrar toda essa loucura foram criados 3 personagens que são o ponto alto da animação: o casal de “Monstros do Hormônio” e o “Fantasma de Duke Ellington“. Maury e Connie (referências aos apresentadores de TV americanos Maury Povich e Connie Chung) são os monstros do hormônio que atormentam e colocam ideias estapafúrdias e estúpidas na mente dos adolescentes fazendo com que ajam por puro instinto, na maioria das vezes de maneira insensata e violenta, destruindo vidas sociais, amizades de longa data e suas relaçoes com os pais. É o monstro do hormônio que faz por exemplo que um dos garotos abandone seu melhor amigo em apuros pela chance de se dar bem como uma garota que acabou de conhecer, ou faz com que uma das garotas destrate de maneira cruel e insensível sua própria mãe. Aliás, os pais de todos os adolescentes do show atrapalham muito mais do que ajudam nossos protagonistas. Todos são estranhos e bizarros, com manias e vícios, e que vivem contrangendo-os involuntariamente diante de seus grupos. Nada diferente da realidade.

Já o “Fantasma de Duke Ellington” é realmente o espírito do famoso jazzista que mora no sotão de “Nick”, o mais novinho da turma, que tem apenas 12 anos, não entrou na adolescência ainda, mas anseia muito por isso. Toda dúvida que o pequeno tem, ele a leva para o boêmio inveterado agora morto, resolver. Obviamente, que os conselhos nunca são bons. E já que estamos falando de conselhos ruins, não podemos nos esquecer do professor de educação física analfabeto e repugnante, “Steve”,  que apesar de bem intencionado, só serve como mal exemplo para os já perdidos adolescentes. 

Jessi conversa com a própria vagina através de um espelho.

Todos os estereótipos juvenis estão presentes no programa: a garota tímida e nerd (Missy), a garota mais popular da escola (Devin), a puxa-saco da garota mais popular (Lola), os bad boys (irmãos mais velhos de Jay). E todos os problemas e tudo que acontece nessa fase da vida é abordado de forma engraçadíssima e explícita. Logo no primeiro episódio o tema é masturbação masculina. Mais para frente a masturbação feminina também é abordada através de “Jessi”, garota que conversa com a própria vagina enquanto a observa através de um espelho. Primeira menstruação, primeiro beijo, ereções indesejadas, primeiro sutiã, gravidez indesejada, alterações de humor, pornografia, bullying. Nada escapa aos roteirista de Big Mouth.

O ponto alto da série culmina no oitavo episódio (o melhor em minha opinião) quando há uma típica festa adolescente, onde todos experimentam alcool e a baderna impera pela casa como toda comemoração do tipo deve ser. Episódio ótimo para deixar pais conservadores de cabelo em pé e espumando de raiva pelos cantos da boca, mas que apenas retrata a realidade e que, queiram ou não, todo jovem vai passar um dia.

Não há como não notar, mas os nomes dos dois protagonistas principais, Nick e Andrew, são os mesmos dos dois criadores da série, o que nos faz concluir que a mesma deve ter uma boa dose de experiências autobiográficas de ambos. E talvez seja isso que a torna sensacional e realista em muitos aspectos. O programa é tão bom, que assisti aos 10 episódios em maratona que em nenhum momento se fez cansativa e o tempo passou voando.

Diante disso tudo, minha classificação não pode ser outra se não:

 

Jorge Obelix. Ancião do grupo, com milhares de anos de idade. Fã da DC Comics e maior conhecedor de Crise nas Infinitas Terras e Era de Prata do Universo. Grande fã de Nicholas Cage que acha que um filme sem ele nem pode ser considerado filme. Fã de Jeff Goldblum também, e seu maior sonho é ver ambos (Cage e Goldblum) contracenando.

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