Críticas
O JUSTICEIRO | Marvel/Netflix voltando aos bons tempos
O Justiceiro surgiu na segunda temporada do Demolidor e foi a melhor parte dela, desde então a expectativa era por uma temporada solo do anti-herói da Marvel. Quando então confirmada, veio o receio de qual seria a sua qualidade já que a parceria Netflix/Marvel está em vertiginosa decadência depois dos fracos Luke Cage, Punho de Ferro e do decepcionante Os Defensores.
Mas Justiceiro nos desintoxica e nos traz uma boa série, violenta, pesada e angustiante, todos itens do currículo da história de Frank Castle. Frank é um ex-fuzileiro que teve sua esposa e dois filhos assassinados numa espécie de queima de arquivo que visava dar cabo de sua vida.
Tendo sobrevivido a ela, sua missão de vida agora é caçar e matar os responsáveis pela morte de sua família, e é aqui que a série se enrola um pouco, já que do personagem Justiceiro o que se espera é matança. Ele não tem o apelo e as camadas de outros super-heróis, mas a série tenta investir bagagem e acaba tornando-se um pouquinho cansativa e seus 13 episódios de média de 52 minutos cada, deixa tediosa.
Como se trata de um personagem sem tanto histórico, a trama investe em alguns vários e até interessantes núcleos como o estresse pós-traumático de soldados americanos que voltaram para casa após a guerra e não conseguiram se readaptar, também sobre o controle de porte de armas, um direito garantido pela Segunda Emenda da Constituição Americana, entre alguns outros.
Mas quando a série abraça aquilo que queremos realmente dela (o Justiceiro fazendo justiça a sua maneira), não temos do que reclamar, o tanto de sangue em tela faz parecer que o Tarantino dirigiu a série.
Existe muito roteirismo ao longo dos episódios e chegamos quase a acreditar que Frank tem fator de cura, já que ele toma vários tiros, facadas, é espancado, tem dente arrancado na porrada, toma até flechada, mas se recupera muito bem nas manhãs seguintes. A ingenuidade da Polícia nos últimos episódios é de dar vergonha, aqui a série forçou a barra nas soluções convencionais.
Jon Bernthal está perfeito, ele não decepciona e torna-se a encarnação de Frank Castle, e sua parceria com David Lieberman, o Micro (interpretado pelo ator Ebon Moss-Bachrach), dá liga. O personagem que foi repaginado, trazendo uma versão diferente das hqs, mais coesa, rende muito bem. Os dois juntos é sempre interessante e as vezes até diverte.
O Justiceiro não é uma série perfeita, mas é um grande alívio diante das séries que a antecederam. Bons ganchos foram deixados, agora é torcer para que se mantenha esse bom nível.
Nota para a primeira temporada da série: 3,5/ 5