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PAULO GUSTAVO | Luto
“Todos morremos um pouco”.
Com essas quatro palavras, Lulu Santos conseguiu traduzir esplendidamente o sentimento que se abateu sobre o Brasil, após o anúncio da morte do Artista (com “A” maiúsculo) Paulo Gustavo, de 42 anos, casado e pai de dois filhos, ontem, dia 4 de maio de 2021, por complicações decorrentes da infecção de Covid-19.
Nos últimos 15 anos, esse niteroiense saiu do anonimato para se tornar a maior bilheteria da história do cinema brasileiro, por meio da interpretação de uma personagem baseada na figura de sua mãe, uma mulher comum, encontrável em qualquer canto do país.
Paulo Gustavo, como vários expoentes da mídia disseram, não era alguém conhecido por fazer ou falar de política. Ele não era um militante. Mas era gay assumido, careca, casou-se com outro homem com cobertura da imprensa e teve dois filhos por meio de barriga de aluguel; artista que construiu bem sucedida carreira por meio da TV fechada, sem grandes aparições no circuito mainstream há até bem pouco tempo. Ou seja, sua própria vida era um ato político!
No auge da carreira e vida pessoal, dono de um carisma magnetizante, ele parecia aquele sujeito que frequenta nossas casas nas festas e merecidamente rouba toda a atenção para si.
Sua morte, ontem, lembra a de outro ídolo nacional, ocorrida tragicamente há quase exatos 27 anos, quando Ayrton Senna bateu no muro da curva do Tamburello do circuito de Ímola.
Naquela oportunidade, morria não apenas um homem, mas um símbolo do orgulho nacional. O “brasileiro que dá certo”, competitivo mundialmente, capaz de fazer frente, de igual para igual, a qualquer estrangeiro. Só que Ayrton Senna era hétero, branco, burguês.
Com Paulo Gustavo, o sentimento é muito similar. Ele também é exemplo de brasileiro que dá certo! Destacou-se no teatro, na televisão e no cinema, sem ficar nada a dever a qualquer superprodução hollywoodiana. Mas sua origem é humilde e, apesar de branco, gay.
Seu sorriso vai fazer falta.
Seu talento dificilmente será preenchido (como ocorreu com a morte dos Mamonas Assassinas, em março de 1996).
Os palcos do país ficarão mais vazios do que nunca.
Vá fazer os anjos sorrirem, meu caro!
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