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A MALDIÇÃO DA MANSÃO BLY | Por que não é uma boa série de terror?

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Poster de lançamento da série A Maldição da Residência Hill. Netflix, imagem de divulgação

Em 12 de outubro de 2018 estreava no canal de streaming Netflix a série A Maldição da Residência Hill (The Haunting of Hill House), iniciando a antologia The Haunting, dos produtores Mike Flanagan (de Ouija: A Origem do Mal e Doutor Sono) e Trevor Macy. Baseando-se no livro de 1959 de mesmo nome da autora Shirley Jackson, com uma temporada única de dez episódios, a série alternava diferente linhas do tempo pra contar a história da família Crain dentro da casa até sua fuga em 1992 e como isso influenciou a vida de cada um dos cinco filhos nos idos de 2007, o “presente”.

A Maldição da Residência Hill foi aclamada pela crítica e público, tendo 92% de aprovação no Rotten Tomatoes e considerada pela mídia como “uma das melhores séries de fantasma altamente eficaz” e sendo considerada por Quentin Tarantino como “uma de suas séries preferidas no Netflix“. Não é a toa que uma continuação certamente era esperada. Ao Entertainement Weekly, Mike Flanagan afirmou:

“Não quero especular muito sobre a segunda temporada até que a Netflix, Paramount e Amblin nos digam se querem uma. O que direi, porém, é que […] a história da família Crain está contada. Está feito.”

Pois não foi tanta surpresa assim quando a Netflix anunciou a estreia de A maldição da Mansão Bly para 9 de outubro de 2020 (as filmagens terminaram algumas semanas antes do início da pandemia de COVID-19). Seguindo a mesma linha de American Horror Story, em que cada temporada conta com uma história diferente, A Maldição da Mansão Bly não tem nenhuma ligação com sua antecessora, exceto talvez por conta de alguns easter eggs e de alguns atores da série que retornam para novos papéis.

Poster da série retirado do ficheiro da Wikipedia.

Victoria Pedretti em cena da série. Imagem da internet.

A série conta a história de Dani Clayton, uma au pair americana (estudante de intercâmbio que aceita trabalhar como babá, governanta ou professora particular em uma casa de família estrangeira). A protagonista é interpretada brilhantemente por Victoria Pedretti (que também foi a Nell em Residência Hill). Ela acaba por chegar em Londres fugindo de sua vida passada e aceita cuidar de duas crianças numa mansão na zona rural do distrito de Bly. As crianças, o garoto Miles (Benjamin Evan Ainsworth, numa interpretação de arrasar) e a menina Flora (Amelie Bea Smith), estão além de ser crianças problemáticas, mas não são as mais “perfeitamente esplêndidas” tal como se apresentam. De fato, os fantasmas começam a aparecer e Dani terá que enfrentar cada um deles, além dos seus próprios.

Mas por que não é uma boa série de terror?

Oh, não se assuste. Ela ainda é uma boa série, mas é tão sutil, tão diferenciada (e de alguma forma até poética), que eu a classificaria como drama de horror pessoal. Ela ainda tem sim seus jumpscares (os fantasmas que saltam na tela pra pegar o espectador de surpresa) e tem sim fantasmas assustadores. Mas a casa em si, não é tão assombrada quanto a sua antecessora. Talvez o nome engane, mas os assombrados são seus moradores.

Baseado no romance A Volta do Parafuso (The Turn of Screw) de Henry James – a publicação de 1898 já foi inspiração para o filme Os Inocentes (de 1961), Os Outros (2001, com Nicole Kidman) e o mais recentemente Os Orfãos (2020) – a história original é apenas uma base para que a série se desenvolva (assim como a antecessora, que usou poucos elementos do romance ao qual se baseia). Com uma trama mais simples e uma resolução bem menos complexa que a Residência Hill nos trouxe, A Maldição da Mansão Bly ainda é bastante digna da sua antecessora.

Como cada um dos moradores carrega um dilema pessoal, moral, e até de fundo amoroso, A Maldição da Mansão Bly dá vida aos piores fantasmas existentes: os nossos próprios. A simples tarefa de encarar um espelho pode ser muito mais traumática e assustadora quando nele está refletido o seu passado de forma assombrosa. Ou quando a realidade se mistura a devaneios e ninguém mais sabe se está lembrando, sonhando acordado ou apenas sendo assombrado por um espectro mesmo…

Casa de Bonecas da Mansão Bly. Imagem de divulgação.

 

Aqui, ao invés de termos um episódio detalhando a história de cada personagem como na série anterior, temos várias pinceladas sobre cada um deles em cada episódio, o que nos impulsiona a continuar assistindo pra conhecer melhor cada um deles. E se na Residência Hill o episódio A Moça do Pescoço Torto traz a chave para que possamos decifrar a série e seguir com força diretamente para o final, em Mansão Bly a responsabilidade fica para o incrível episódio O Altar dos Mortos, onde é muito difícil entender o que é real, o que é uma lembrança ou o que é apenas o medo de seguir em frente.

Parte do episódio O Altar dos Mortos. Imagem da internet.

Há um diálogo do episódio final muito interessante, que revela parte da natureza da série. Nele um dos personagens afirma que tudo, na verdade, é uma história de amor. Pra mim não é só uma história de amor, mas também uma história de traumas e lembranças. Uma pessoa importante disse que “um dia seremos apenas uma fotografia na parede de alguém e depois, nem isso“. Na minha opinião, nada mais define a série do que essa frase. O medo do esquecimento sempre foi um fantasma presente no ser humano.

Assim como a antecessora, os produtores espalharam vários fantasmas escondidos nas cenas de Mansão Bly, mas aqui cada um deles tem sua história contada levemente nos episódios. Vale a pena procurar cada um deles. Há também várias referências a Mansão Hill, embora as séries não tenham nenhuma ligação. A Maldição da Mansão Bly é uma boa pedida tanto quanto a série anterior. Separe o balde de pipoca e não se deixe levar pelos seus medos do passado. Você vai curtir cada momento.

Nota: 3.5/5


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Desenvolvedor de sistemas, escritor, jogador de RPG, fanático por jogos de tabuleiro, leitor voraz. Tento salvar o mundo nas horas vagas, mas é difícil por que nunca tenho horas vagas...

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