O HALLOWEEN DO HUBIE | Crítica do Neófito

Ao assistir O Halloween do Hubie – filme produzido pela Netflix e dirigido por Steven Brill (de cujos “grandes sucessos” pode-se citar Drillbit Taylor) – a impressão que fica é que Adam Sandler – que interpreta o bem intencionado, abobado e medroso  Hubie, protagonista do longa – gostaria muito de ser o careteiro e excelente ator Jim Carrey, capaz de se transformar em uma criatura completamente diferente graças a sua enorme expressividade (quem não se lembra de seu Conde Olaf, em Desventuras em Série, filme de 2004; ou o Ace Ventura, dos filmes homônimos de 1994 e 1995; ou, ainda, o divertidíssimo Doutor Eggman, de Sonic, deste caótico 2020?).

Mas Adam Sandler definitivamente não é Jim Carrey! De modo que sua composição física para o personagem central desta comédia “clichê absoluto” acaba parecendo apenas caricato. Nunca convincente.

Não que Sandler não possua talentos dramatúrgicos. Reine Sobre Mim (2007), Espanglês (2004), (principalmente) Joias Brutas (2019), entre outros, provam que ele consegue ser sutil e até mesmo dramático, quando se permite conduzir pelo diretor certo. Mas é evidente que são os seus personagens absurdos de suas comédias absurdas – como o Zohan, do infame Zohan: Um Agente Bom de Corte (2008), ou os gêmeos do pavoroso Cada Um Tem a Gêmea que Merece (2011) – que ficaram no imaginário popular.

Assim, quando o nome de Sandler figura como protagonista, ainda mais estampando uma careta meio abobalhada, imediatamente se cria a expectativa de uma comédia escrachada e escatológica, bem ao gosto do ator norte-americano de origem judaica. Mas aí, vendo o cartaz do filme, percebe-se também a quantidade razoável de atores prestigiados, como Steve Buscemi, Kevin James, Rob Schneider, Ray Liotta, entre outros, a participarem da empreitada, o que faz com que o termômetro a favor do filme aumente novamente.

 Foto: Divulgação

Até se apertar o “play” do controle remoto.

De repente, ao ver Ray Liotta em cena – canastrão como nunca -, lembra-se que o cara nunca mais conseguiu emplacar um personagem realmente memorável desde o seu Henry Hill de Os Bons Companheiros (1990); reconhecendo Rob Schneider, recorda-se que ele  é estrela de Gigolô por Acidente (1999 e 2005, argh!!!!!); de mesmo modo, que Steve Buscemi, desde Cães de Aluguel, parece que sempre repete o mesmo tipo em todo filme; salvando apenas Kevin James – quase irreconhecível em Halloween do Hubie. E então se percebe que, realmente, não se deveria ter depositado tanta fé assim no filme.

Bem produzido, bacaninha, leve e descompromissado, O Halloween do Hubie é ‘passável’ e até mesmo ‘inofensivo’. Dá para assistir sem muito esforço. Mas é tão esquecível quanto uma chamada de tabloide, além de não conseguir extrair verdadeiras e gostosas risadas de seus espectadores. No máximo alguns sorrisinhos murchos. Para um filme que se pretende ser comédia, contando com um protagonista comediante famoso e elenco de apoio de peso, é pouco.

A “história” é também “bobinha” de doer: Hubie é o abobalhado (já dissemos isso!) da cidade de Salem, famoso por ser medroso; por querer proteger a todos; por ter um coração gigantesco; por ser “puro” e “inocente”; por ser o alvo principal de bullying de adultos e crianças da cidade; por viver com a mãe (vivida por June Squibb), mesmo tendo 50 anos; por ser virgem e nutrir uma eterna paixão platônica pela bela Violet (Julie Bowen), entre outras coisas do tipo.

Foto: Divulgação

Sem nunca ser ouvido pela polícia e armado tão somente da sua multitarefa “garrafa térmica” – que possui luneta, arpão, lanterna etc., além de servir para tomar gemada (numa desnecessariamente escatológica cena inicial) – Hubie percebe que, nesta comemoração do halloween da cidade, alguns desaparecimentos começam a acontecer, forçando-o a enfrentar seus medos e partir para proteção da comunidade.

E tome piadinha pra cá, piadinha pra lá, um suposto psicopata e um possível lobisomem à solta, uma sugestão de romance aqui e ali e tem-se um filme despretensioso para o fim de noite.

E é só!

Não há mais nada o que se falar de O Halloween do Hubie.

Talvez, se o protagonista fosse Jim Carrey, haveria mais coisa a se dizer…

Foto: Divulgação

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Nota: 2 / 5 (fraco)

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