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Críticas

TURMA DA MÔNICA: LAÇOS | Crítica do Neófito

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Fui assistir a Turma da Mônica: Laços querendo muito adorar o filme.

Mas, ao sair da sala de projeção, vi-me tomado por sentimentos e sensações contraditórios, constatando que havia visto um filme com muitos belos momentos, muito bem realizado tecnicamente, e sincero carinho dos realizadores, porém, que faltou algo para ser ótimo.

Os encantadores trailers que foram veiculados, a memória afetiva de quase 40 anos acompanhando as aventuras dos personagens criados por Maurício de Souza (o Stan Lee brasileiro), mais a excelente graphic novel que serviu de base para a produção talvez tenham gerado uma expectativa irreal com relação ao longa dirigido por Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs).

 Foto: Divulgação

Afinal, analisando-se tecnicamente, pode-se afirmar que a direção de arte é primorosa, o que pode ser comprovado pela encantadora criação do Bairro dos Limoeiros como um lugar fora do tempo, vintage, contendo telefones de disco, vendedores de balões na praça, sorveteiro ambulante, banca de revistas (em que há uma participação importantíssima), entre outras coisas.

A atmosfera obviamente emula os filmes dos anos 1980 dirigidos ou produzidos por Spielberg (The Goonies, E.T. etc.).

O tom nostálgico funciona muito bem para a aventura de amizade entre os personagens, fazendo lembrar o filme Conta Comigo (1986).

Foto: Divulgação

Os atores mirins são irrepreensíveis: Giulia Benite está estupenda como Mônica; Kevin Vechiatto, ótimo como Cebolinha; Laura Rauseo é o carisma em pessoa na pele de Magali; e Gabriel Moreira consegue transmitir toda a molecagem de Cascão.

 Foto: Divulgação

O elenco coadjuvante de adultos também é de primeira linha, com destaque para a rápida participação de Monica Iozzi, como Dona Luísa de Souza (mãe de Mônica), de Paulo Vilhena como o Seu Cebola da Silva e de Fafá Rennó, incrivelmente perfeita na pele de Dona Cebola da Silva. Isso sem mencionar a ponta mais do que especial de Rodrigo Santoro interpretando o Louco (meu personagem preferido!).

Foto: Divulgação

 A trilha sonora de Fábio Góes e música original de Tiago Iorc é muito boa!

O material sobre o qual o roteiro do filme reverentemente se baseou – a graphic novel homônima (Turma da Mônica: Laços), de autoria do casal de irmãos belorizontinos, Vitor e Lu Cafaggi – também é uma excelente base, por ter sido a responsável pela nova estética no tratamento dos personagens e pelo tom mais realista das histórias.

Foto: Divulgação

Com tudo isso a favor, como o filme ainda pode ter causado certo estranhamento, não obtendo as 5 navezinhas do NerdTrip?

Modestamente considerando, acredito que os problemas decorreram da dificuldade em se trabalhar com personagens tão míticos para a cultura brasileira, detentores de uma cronologia próxima dos 70 anos (a primeira historinha da Turma da Mônica – ainda sem a Mônica – saiu em 1959, contando apenas com Bidu e Franjinha). A origem cartunesca e totalmente lúdica dos personagens seria um desafio de se transpor para o universo live-action, pois, enquanto algumas características funcionam sem maiores problemas na linguagem dos quadrinhos – uma garotinha superforte e que desce o porrete em todo mundo, um menino que fala “elado”, uma criança que come tudo o que vê pela frente sem engordar, um molequinho que nunca toma banho – no âmbito do “em carne e osso” seriam problemáticas.

A mencionada graphic novel tem o mérito de proporcionar uma base para a transição entre o traço e tom de cartum da revistinha em quadrinhos para algo mais próximo do real, mas, ainda assim, trata-se, também, de um trabalho de arte sequencial, com larga distância da linguagem cinematográfica.

Em razão disso, há uma indefinição no longa em se definir claramente como uma fantasia infantil, que abraçaria o absurdo da sua mídia de origem sem qualquer censura (lembro a adaptação de Denis, o Pimentinha), ou em ser mais realista. Dessa forma, há cenas realmente pungentes e divertidas (Mônica se recusando de bater nas meninas “fofas” é “fofa”); outras quase excessivamente dramáticas (briga de Cebolinha e Mônica na floresta, que até a metade é linda, depois, quase sádica com Vechiatto); enquanto algumas descambam para o nonsense (cena do cemitério, bem ao estilo dos Trapalhões, na década de 1970-80).

Veem-se tomadas belíssimas, como a das crianças de bicicleta rumo ao Parque da Andorinhas (impossível não se recordar de E.T. ou Stranger Things), algumas divertidíssimas (a tomada do Cascão diante de uma torneira estragada esguichando água é ótima),  e outras quase constrangedoras, como a cena da dancinha do vilão Homem do Saco, interpretado pelo competente Ravel Cabral. O problema é que muitas dessas cenas – como a do Cascão acima mencionada – acabam tendo uma resolução anticlimática ou apenas sugerida.

A mensagem do filme – a importância da amizade, do trabalho em equipe, da superação das diferenças em prol de um bem comum etc. – fica clara, mas apresentada sem muita sutileza. A ideia embutida nos “laços” precisou ser didaticamente explicada pelo Louco e pelo próprio Cebolinha (que é o verdadeiro protagonista do filme), quando poderia ter sido mais bem trabalhada, de forma mais visual, mais sutil, sem subestimar a capacidade de entendimento das crianças.

Após uma cena de abertura realmente empolgante e cheia de ação, o segundo ato cai vertiginosamente de ritmo, permanecendo assim até praticamente o fim do filme. A nostalgia não precisa ser quase enfadonha.

Certamente, as crianças apreciarão as brincadeiras e gags visuais, mas podem se sentir um pouco entediadas com o cadenciamento a partir do segundo ato. Os pais não se ressentirão de nada e ainda poderão se deixar levar pela atmosfera tão familiar e sentimental.

Por tudo isso, ao subirem os criativos créditos (outro acerto), surge aquele mencionado sentimento contraditório de que se assistiu a um filme com belas cenas, atores corretos e afinados, ótimas intenções, reverente ao material de origem, com ambientação irretocável, enfim, repleto de elementos que o potenciariam a ser uma obra excepcional, mas que, no conjunto acabam não funcionando tão bem assim, talvez por falha na montagem, talvez por querer ser excessivamente autoral e “nacional”.

Já se fala em uma continuação, haja vista haver mais duas graphics novels na mesma linha – Lições e Lembranças – todavia, condicionada à performance de Laços.

Foto: Divulgação

 

Tomara que, apesar das impressões aqui descritas, o filme dê retorno suficiente para que os novos projetos emplaquem. Assim, quem sabe, os possíveis erros dessa primeira empreitada possam ser devidamente corrigidos. Mas que seja rápido, pois, senão, os ótimos atores mirins do longa atual já estarão prontos para estrelarem a adaptação de Turma da Mônica Jovem! Pois, ao contrário das HQ’s, na vida real as crianças crescem e abandonam seus bichinhos de pelúcia!

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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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