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Críticas

INFILTRADO | Crítica do Neófito

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No incompreendido longa O Último Grande Herói (1993), fazia-se uma brincadeira com os filmes de vingança, espécie de subgênero dos filmes de ação. Arnold Schwarzenegger vivia o ficcional policial durão Jack Slater – o herói de uma franquia cinematográfica dentro deste filme – que sempre precisava vingar a morte de um ente querido, a começar pelo filho, até o seu “primo preferido”.

Mas enquanto esse que foi o mais retumbante fracasso do famoso astro do cinema de ação fazia troça desses enredos esquemáticos, há aqueles longas que levam a tal temática vingativa muito a sério, como a franquia Desejo de Matar (1974, 1982, 1985,1987 e 1994), com Charles Bronson; o catártico Rápida Vingança (2010), com Dwayne “The Rock” Johnson; o escatológico Doce Vingança (2010), que (até agora) gerou duas continuações bem inferiores (2013, 2015); o estiloso Jango Live (2012) de Tarantino; o frenético Colombiana (2011), encabeçado por Zoë Zaldaña; o sanguinolento Kill Bill (2003), novamente Tarantino; e Efeito Colateral (2002), não por acaso, estrelado pelo mesmo Schwarzenegger. São tantos exemplares, que fica até difícil selecionar.

Tirando algumas experiências cinematográficas mais elaboradas – como o estiloso e oscarizado O Regresso (2015), de Alejandro González Iñárritu, protagonizado por Leonardo DiCaprio ou o recente Bela Vingança (2020), com Carey Mulligan na sua melhor forma, e o qual arrisca subverter algumas regras do gênero – os filmes de vingança não costumam trazer grandes inovações de roteiro, limitando-se, quase sempre, a apresentarem variações do mesmo tema. São obras que servem para catarse do público, que torce pela virada da vítima inicial e pela derrocada (preferencialmente violenta) do vilão. De modo que dificilmente ver-se-á algo muito sofisticado ou inovador nesse filão.

O que nos traz a este novo longa – Infiltrado (em inglês, Wrath of Man, o título mais adequado: Fúria de Homem) – do ex-marido da Madonna, o cineasta por trás de Snatch – Porcos e Diamantes (2000), dos dois atuais Sherlock “Robert Downey Jr.” Holmes (2009, 2011), e o live action de Aladdin (2019). Trata-se, portanto, do britânico Guy Ritchie.

Como diz a sinopse oficial de Infiltrado: “o filme acompanha Patrick Hill – também simplesmente chamado de “H”, na pele de Jason Statham um homem misterioso que se infiltra em uma empresa de carros-fortes de Los Angeles para encontrar o responsável pela morte de seu filho”.

E é isso!

Essa nova produção de Guy Ritchie – além de já ser refilmagem do francês Le Convoyeur (2004) – não apresenta nada mais do que o jogo de “gato e rato” que um Jason Statham, mais sisudo do que o já costumeiro ar de poucos amigos do ator britânico, faz para apanhar aqueles que covardemente mataram seu filho.

Em termos de roteiro e história, poder-se-ia até dizer que o filme tenta inovar um pouco no fato de que não há “mocinhos” na história. O personagem “H” não é nada “bonzinho”; os poucos policiais que aparecem não são exemplos de moralidade; e praticamente todos os demais empregados da empresa de carros-fortes que serve de base para o desenvolvimento da trama possuem seus problemas éticos em menor ou maior grau. Mas, ao lembrarmos das obras mais clássicas de Ritchie – algumas das quais também contando com Statham – a presença de personagens dúbios e de caráter duvidoso é regra e não exceção, até mesmo na produção que ele dirigiu para a Disney, se bem observada.

Foto: Divulgação (muita testosterona)

Desse modo, outra forma de fugir do lugar comum seria mexer na forma do filme. A história, assim, não é contada de forma linear, mas vai e volta no tempo, e entrecorta seus atos com recordatórios ou títulos específicos. Tudo – claro! – de forma bastante didática, de modo que a plateia consiga entender o conjunto da obra sem maiores percalços. Todavia, olhando novamente para outros filmes do mencionado cineasta, essa formatação também não representa, de modo algum, recurso de que ele já não tenha lançado mão anteriormente ou até mesmo melhor utilizado por outros diretores, como Tarantino (de novo!).

Restava, por fim, para ainda tentar conferir alguma coisa nova ao longa, mostrar perícia técnica. E, nisso, Guy Ritchie dá show. Amparado pela excelente fotografia de Alan Stewart – que mostra uma Los Angeles sem glamour, acinzentada de dia e repleta de luzes à noite – o cineasta denota total controle de sua câmera, variando bastante a narrativa, ora se utilizando de breves planos-sequências, ora filmando ainda que de maneira convencional, com intensidade suficiente para tensionar a plateia, como na perseguição a pé de H a um bandido. A indefectível cena de tiroteio final é muito bem coreografada, bem como os efeitos de tiro nos corpos, ao mesmo tempo nítidos, mas sem violência gráfica gratuita (talvez pensando na ampliação do público). Mas a principal nota de maestria do misancene está na apresentação de uma mesma sequência por diversos ângulos diferentes, em variados pontos do longa, não apenas por estilo, mas como ferramenta narrativa. O filme, também, nunca perde seu ritmo.

Mas outras características do diretor inglês saltam aos olhos, sendo a principal delas o forte odor de testosterona que o filme exala em cada frame. Há apenas uma personagem feminina com mais de uma fala no filme – Dana (vivida por Niamh Algar) – e, mesmo assim, trata-se de uma das vigilantes da empresa de carros-fortes, estereotipadamente dotada da postura mais masculinizada possível, para viver em pé de igualdade com os demais colegas de trabalho. As demais mulheres aparecem e somem, sem qualquer aprofundamento. O culto à macheza, portanto, está presente desde o título original do filme que, como dito acima, refere-se à “fúria de homem”. Desse modo, a profusão de homens-durões é enorme, a começar pelos empregados da já mencionada empresa, passando pelos policiais até (pequeno spoiler!!!) o grupo de ex-mariners norte-americanos, entediados pela falta de ação e que resolvem, por isso, começarem a assaltar carros-fortes. A trama até tenta humanizar os “vilões”, mas é difícil sentir empatia por qualquer um ali, de tanto que tentam se provar machões e autossuficientes. Inclusive há uma série de personagens que são simplesmente deixados de lado no decorrer da história.

Foto: foto dos bastidores, com a “bendito é o fruto” da turma, Niamh Algar, abraçada ao diretor Guy Ritchie

O final da história é previsível e quase anticlimático, além de precisar contar com uma série de conveniências para que tudo se feche perfeitamente; mas, apesar dos esquematismos, vende bem o que se propôs e deve agradar àqueles que adoram epílogos catárticos.

Muito bem executado, Infiltrado apenas não tem muito de novo a apresentar, seguindo a cartilha do gênero a que se filia do início ao fim.

Ao final da exibição, é bom tomar banho e jogar Bom Ar pela sala de cinema ou casa, para tirar o forte cheiro de vestiário masculino que deve ter ficado no ambiente.

Foto: Divulgação (se preocupar por que? são só duas metralhadores automáticas apontadas para sua cabeça por dois homens de armadura à prova de bala e fortemente armados e treinados!)

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Nota: 3 / 5 (bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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