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Críticas

LA CASA DE PAPEL: TEMP. 3, PARTE 5, VOL.1 | Crítica do Neófito

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COMENTÁRIOS SEM SPOILERS:

 A série espanhola idealizada por  Álex Pina – o fenômeno La Casa de Papel – estreou em dezembro de 2017 na Netflix, após ter sido adquirida – reza a lenda – por míseros US$ 2,00 da Antena 3, emissora que originalmente a exibiu ao longo daquele mesmo ano e que achava que o programa não era bom (como diria um dos mais famosos personagens do Portal Porta dos Fundos, “errou feio; errou rude”! Ou se preferir a Vivian, de Uma Linda Mulher: “big mistake”).

Ao contrário, porém, do que pensavam os executivos da Antena 3, La Casa de Papel foi um sucesso estrondoso, tornando-se mania mundial e provando que há vida inteligente fora das montanhas de Hollywood.

Com personagens cativantes, trama envolvente, roteiro que foge do lugar comum, trilha sonora acertada (Bella Ciao também viralizou planeta afora), direção segura e muito charme, a série sobre o grupo de ladrões com nomes de cidades mundiais realizando o audacioso roubo de 2,4 bilhões de Euros da Casa da Moeda Espanhola arrebatou o carinho de milhões de fãs, alçando seus atores ao patamar de estrelas mundialmente conhecidas. Cada um elegeu seu personagem favorito: do cerebral Professor (Álvaro Morte), à impulsiva Tóquio (Úrsula Corberó), passando pelo amoral – e completamente irresistível – Berlim (Pedro Alonso), não há como não ser fisgado pelas personalidades muito bem construídas e desenvolvidas, ainda que repletas de estereótipos.

Mas a série, apesar de ser este verdadeiro fenômeno tremendamente premiado (como o Emmy Awards de melhor série dramática de 2018), nunca foi isenta de algumas críticas, por exemplo, no que diz respeito aos longos 22 capítulos da 1ª temporada, recheados de excessivas “encheções de linguiça”, por meio de vários flashbacks, melodramas e algumas reviravoltas mais forçadas. A outra crítica comum – já sinalizada acima – costuma se referir ao retrato arquetípico de alguns personagens. Porém, é justamente essa certa bidimensionalidade dos personagens que proporcionou enredo para que fosse possível a realização de novas temporadas: o temperamento totalmente impulsivo e rebelde de Tóquio dá o start necessário para a tensa 2ª temporada, que terminou de maneira arrebatadora, com a completamente inesperada morte de uma querida e importante personagem, reviravoltas mirabolantes e com Professor sendo descoberto em seu esconderijo pela implacável (e traída) policial Alicia Sierra (Najwa Nimri).

Foto: Divulgação (o brilhante Professor capturado pela implacável Alicia Sierra)

Graças à pandemia, a 3ª e última temporada demorou para estrear e, ainda por cima, foi dividida em duas partes, com os primeiros 5 capítulos tendo estreado no dia 3 de setembro e os 5 restantes programados para 3 de dezembro.

Mas, pode-se dizer, sem qualquer dúvida, que valeu muito à pena a espera.

Esta 5ª parte/volume 1 – como vem sendo chamada pela Netflix –  simplesmente contém, até o momento, os melhores capítulos de todo o programa, desde sua estreia, em 2017. O ritmo – mesmo entremeado pelos indefectíveis flashbacks – não diminuiu um segundo sequer. A tensão é incrível, de modo que as praticamente 5 horas de maratona parecem menores (e muito mais dinâmicas) do que a versão de Joss Whedon para a Liga da Justiça (2017).

Ainda que algumas reviravoltas sejam previsíveis (vide comentários com revelações, abaixo), os espectadores são surpreendidos por situações cada vez mais complicadas e críticas, num crescendo de emoções que fica impossível desligar o controle remoto até que se assista ao último frame da produção.

Quem quiser se deixar envolver por emoções fortes, aventura, tiroteios grandiosos, muitos vai-e-vens e trama consistente, não pode deixar de conferir este primeiro volume da última temporada da querida série La Casa de Papel.

Foto: Divulgação (é tiro, explosão e adrenalina até não acabar mais!)

COMENTÁRIOS COM SPOILERS

Não há como comentar esses novos capítulos de La Casa de Papel sem adentrar em certas revelações, surpresas e acontecimentos marcantes da trama, de modo que, a partir desse ponto, quem quiser continuar, deve saber que HAVERÁ SPOILERS!!!!!!

Começando pelas reviravoltas, a libertação do Professor, após sua quase captura por Alicia Sierra, era facilmente dedutível, afinal, não havia outro motivo para a personagem da policial estar grávida que não fosse proporcionar a chance do difícil parto em pleno esconderijo do inimigo, que, por coincidência, era o único capacitado a ajudá-la a dar à luz com vida ao bebê.

Foto: Divulgação (Professor pensando em como vai se libertar daquelas correntes, ou seria fetiche BDSM?)

O clima de tensão oriundo da iminente possibilidade de invasão ao entrincheirado Banco del España é potencializado pelos arroubos de um dos mais incrivelmente chatos personagens já concebidos pela cultura pop – Arturo (Enrique Arce, ótimo) – capaz de realmente conseguir irritar e complicar a vida dos sofisticados (e complicados) ladrões. A cena em que lidera um motim ao roubar armas da quadrilha – convenientemente deixadas à mostra – é ótima, e apesar de quase finalmente assistirmos à morte desse pelego, parece que, mais uma vez, ele se safará, talvez para criar o filho que havia concebido com Estocolmo (Esther Acebo), na primeira temporada, e que estava sendo criado por ela e o explosivo Denver (Jaime Lorente), ambos com futuro incerto…

Foto: Divulgação (o imprevisível – e insuportável – Arturo)

Os flashbacks, dessa vez, surgem mais orgânicos e, apesar de às vezes ainda incomodarem um pouco, estão ali para contribuírem para a trama, mesmo que, a princípio, não o percebamos (como os que dizem respeito ao trágico destino de Tóquio! Isso mesmo! Leia o parágrafo seguinte para saber mais!). Todavia, o pequeno arco envolvendo Berlim e seu filho – apesar de até agora não ter se mostrado útil para a narrativa principal – é quase um spin-off do programa, representando uma maneira a mais de vermos o cativante personagem concebido por Pedro Alonso – que, como todos sabem, morreu ao final da primeira temporada – e a prova de que o sucesso da série permitiu a injeção de recursos suficientes para conceber essa pequena e deliciosa aventura do sedutor e crápula Berlim.

Foto: Divulgação (sem palavras…)

Voltando para o arco principal, o desprezível Gandia (José Manuel Poga) – o treinado chefe de segurança e assassino a sangue frio e pelas costas de Nairóbi (Alba Flores) – permaneceu vivo até a impactante cena final deste 1º volume, na qual todo mundo ficou de queixo caído com a morte – nada mais, nada menos – que de Tóquio! Sim! Você leu certo! A narradora e verdadeira “alma” do programa se redime de seus impulsos anárquicos – responsáveis pelo início da segunda temporada – sacrificando-se pelos demais comparsas de roubo ao se explodir com várias granadas junto ao perigoso e determinado contingente de soldados que invadiu o banco espanhol e quase conseguiu acabar com os ladrões. Sendo completamente inesperada a morte da personagem, La Casa de Papel coloca enorme ponto de interrogação sobre a testa de todos os demais – algo similar ao que acontecia em Game Of Thrones – pois, agora, qualquer um, ali, pode estar sinceramente correndo riscos, inclusive o Professor; afinal, Alicia Sierra, apesar de se mostrar aparentemente mais vulnerável no momento, foi mostrada escondendo um pequeno alicate de mão em suas roupas, provavelmente para alguma tentativa de fuga ou recaptura do líder da gangue de assaltantes, e sabemos do que ela é capaz.

Foto: Divulgação (flashback de Tóquio com participação especial de Miguel Ángel Silvestre)

Não apenas por isso, mas pelo conjunto da obra, La Casa de Papel conseguiu surpreender e fazer novamente história na teledramaturgia. A produção é caprichadíssima, misancene precisa, ótimos efeitos especiais (os muitos tiroteios e explosões causam danos e efeitos colaterais impressionantes), cenografia impecável, figurinos e direção de arte aparentando esmero nos mínimos detalhes (difícil encontrar erro de continuidade). O surpreendente e corajoso roteiro, além do genuíno entretenimento, chega até mesmo a flertar com algumas pontuais críticas políticas, nas quais se defende certo anarquismo para minorias e questiona-se sobre o significado da liberdade e o do “ter”.

O nível alto de ação, sem muita enrolação ou dramas desnecessários a desviar o foco do que realmente interessa e o tremendo choque da morte de Tóquio – talvez a mais inesperada, por ela, até então, ser a narradora aparentemente onisciente da história, provavelmente falando após os acontecimentos – só pode ser comparável com a decapitação de Ned Stark na primeira temporada de GoT, e denota que os produtores e roteiristas não estão para brincadeira nesta última vez que veremos Professor e companhia.

Quem sobreviverá? Quem morrerá? Alguém ficará com os bilhões em ouro que estão sendo roubados do Banco da Espanha? Tudo pode acontecer neste que é um dos 33 finais que Álex Pina disse ter concebido e escrito para sua galinha dos ovos de ouro.

Do lado de cá da tela, podemos afirmar com certeza de que não vemos a hora de conferir o final desta série que foi o divisor de águas para produções de língua não inglesa

Que venha 3 de dezembro!!

Foto: Divulgação (haverá salvação para estes “bons” ladrões?)

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Nota: 4 / 5 (ótimo)


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APROVEITE E VEJA NOSSAS CRÍTICAS ANTERIORES DA SÉRIE:

LA CASA DE PAPEL S04 | Crítica do Neófito

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INFILTRADO | Crítica do Neófito

 

Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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