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Críticas

LA CASA DE PAPEL S04 | Crítica do Neófito

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1ª parte: COMENTÁRIOS CRÍTICOS SEM SPOILER

Não há nenhuma dúvida que La Casa de Papel, o corajoso investimento do Netflix sobre o produto levado a cabo pelo Canal Antena 3, da Espanha, falado em língua não inglesa, tornou-se um fenômeno da cultura pop mundial.

Foto: Divulgação

São estampas, camisas, botons e máscaras de Dali espalhadas pelo mundo todo, além de não ser difícil que pessoas conheçam de cor todos os nomes das cidades usadas como codinome pelos personagens. E, nesse sentido, faz sentido a série brincar com essa popularidade ao colocar a opinião pública fictícia da história a favor dos passionais ladrões protagonistas.

É interessante observar como o público – o real – também torce para os bandidos, afinal, tratam-se de assaltantes altamente armados, dotados de personalidade e comportamento muitas vezes imprevisível e violento, mas, sem dúvida, apesar das tintas caricaturais e arquetípicas, muito carismáticos e humanos.

O cuidado (e maior orçamento) da produção é evidente: realmente é passada a ideia de que estamos diante do Banco da Espanha sendo alvo de um assalto: cordões de isolamento, vans policiais, equipamentos tecnológicos sofisticados, aparatos de segurança, muitos figurantes, imagens em alta resolução em plena luz do dia, tudo passa uma sensação de realidade muito bem vinda a uma série que, apesar de não ter nada de mágico ou fantástico na essência, às vezes é por demais exagerada nas suas premissas e resoluções dramáticas.

O que nos leva à história em si deste 4ª temporada.

O final do último ano deixou muita gente se roendo de suspense: Nairóbi (Alba Flores) covardemente baleada; Lisboa (Itziar Ituño) aparentemente morta; El Professor (Álvaro Morte), a grande cabeça pensante da organização criminosa, definitivamente abalado; Tokyo (Úrsula Corberó) brigada com Rio (Miguel Herrán), o qual ainda estava evidentemente traumatizado pela tortura de que foi vítima; Estocolmo (Esther Acebo) se desentendendo com o irascível Denver (Jaime Lorente); Palermo (Rodrigo de la Serna) acabando de atirar uma bazuca contra um dirigível da polícia na frente das câmeras; ou seja, tudo bastante caótico e dramático.

Foto: Divulgação

A inspetora Alicia Sierra (Najwa Nimri) se mostrava uma oponente à altura do Professor, impiedosa e ardilosa, capaz dos mais baixos ardis para capturar – vivos ou mortos – os famosos assaltantes com máscaras de Salvador Dalí. Sem falar do mais chato e (deliciosamente) insuportável personagem já criado nos últimos tempos, Arturo Román (Enrique Arce), aprontando das suas em meio ao já caótico ambiente deixado no último capítulo da terceira temporada.

Foto: Divulgação

Desse modo, a quarta temporada não perde tempo com frescuras em seu primeiro episódio, dando sequência imediata aos acontecimentos acima narrados: Nairóbi precisando ser operada, a polícia com vantagem estratégica e quase capturando o Professor, o povo meio chocado com a visão dos policiais pegando fogo após o tiro dos assaltantes.

Muita tensão e coisas a serem resolvidas!

Até que surge um flashback do nada!

Essa manobra – e os dramas pessoais dos personagens – será repetida à exaustão ao longo de toda a temporada: no meio da crescente tensão – e é preciso aplaudir os roteiristas pelo número de reviravoltas dramáticas que conseguem bolar de forma coerente para a trama e o diretor Koldo Serra por conduzir tão bem todas elas – um novo vislumbre do passado dos personagens é enfiado na cara do espectador.

Foto: Divulgação (Koldo Serra em ação)

Lá pelo sexto episódio, isso começa a ficar bastante irritante! Bem como as inserções de dramas pessoais em meio à confusão do assalto. Mas é impressionante como a maioria desses flashbacks têm alguma contribuição para a narrativa. Além, claro de serem um respiro às muitas emoções que esta quarta temporada reserva.

Por mais repetitivo que o enredo dessa nova empreitada possa ser, é inegável que o roteiro é engenhoso e criativo o suficiente para garantir a atenção e torcida do espectador, que novamente se vê do lado da trupe do Professor e temendo pelo destino de cada um.

Se esta quarta temporada não chega a ser tão primorosa quanto as duas primeiras (e até mesmo a terceira) – afinal, tudo pode ser resolvido de forma mais mirabolante (e, portanto, preguiçosa), pois os ladrões, agora, são todos milionários – não dá para negar que o ritmo continua ágil (apesar dos muitos flashbacks), o suspense em alto nível (muito em razão do soturno e implacável personagem Gandía, vivido de forma visceral por José Manuel Poga), não falta tensão e as atuações são, de fato, convincentes, mantendo La Casa de Papel no topo das melhores séries de todos os tempos.

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2ª parte: COMENTÁRIOS CRÍTICOS COM SPOILER

Quem não viu a série, mas pretende, deve parar de ler essa crítica neste exato ponto, pois, a partir de agora, detalhes da trama serão discutidos.

Se você permanecer, saiba que poderemos estragar muitas das boas surpresas da história! Você, agora, está por sua conta e risco, ok? Não vá dizer depois que não foi avisado!!!

Por que o espectador continuar torcendo e temendo pelo destino dos personagens?

Porque ninguém tem garantia de sobrevida!

Isso ficou bem claro nas primeira e segunda temporadas: primeiro, teve a morte de Oslo (Roberto Garcia), para a qual ninguém deu muita bola, afinal, tratava-se de um personagem meio secundário na trama. Mas em seguida veio a morte de Moscou (Paco Tous), que já foi mais impactante, por se tratar de um personagem mais carismático, além de ser pai de Denver. Por fim, a morte do querido anti-herói Berlim (Pedro Alonso), que, mesmo esperada (afinal ele tinha uma doença terminal) foi chocante pela forma que se deu e pelo carisma extraordinário do ator, o qual, compondo seu personagem com muito charme cafajeste latino, conseguiu cair nas graças do público, mesmo sendo, de longe, o mais cruel de todos os assaltantes.

Todos podíamos, então, esperar a morte de Nairóbi nos primeiros episódios desta quarta temporada, haja vista o tiro que ela levou no último episódio do ano anterior. Mas isso não acontece e damos um suspiro aliviado, afinal a personagem era, de longe, uma das mais queridas, aura que foi (propositalmente) reforçada na terceira temporada.

Mas, surpreendentemente, num momento da temporada em que parecia que a história ficaria repetindo clichês, surge o impactante assassinato da personagem pelo cruel e implacável Gandía, que simplesmente dá um tiro na testa à queima-roupa em Nairóbi, enquanto esta se encontrava completamente indefesa!

Foto: Divulgação

Isso demonstra uma coragem espantosa por parte dos roteiristas e um gancho dramático fabuloso! Realmente, nenhum personagem – talvez à exceção de Tokyo, a narradora da história – esteja a salvo de um destino cruel.

Compensa, aliás, alguns lugares comuns, como o fato de Arturo Román ser um vilão asqueroso, capaz, inclusive, de abusar sexualmente de uma companheira de cativeiro. Se isso serve para que o público o deteste ainda mais (objetivo alcançado de forma muito bem sucedida), também se mostra desnecessário e um desvio da trama principal. Enquanto nas primeiras duas temporadas o personagem tinha um propósito mais orgânico, agora ele simplesmente se mostra como um apêndice supurado, algo que dá vontade de arrancar dali a qualquer custo.

O Professor, por sua vez, custa a mostrar seu verdadeiro potencial, passando a maior parte da temporada inseguro e vacilante. Contudo, no momento em que toma o controle da situação (após tomar ciência da morte de Nairóbi), seu personagem volta a crescer.

O roteiro e o diretor se deixam conduzir por algumas soluções fáceis em vários momentos, como na cena do tiroteio no corredor entre Estocolmo, Helsing (Darco Peric), Bogotá (Hovik Keuchkerian), Denver e Rio contra Gandía, recheada de cartuchos de balas caindo em close e câmera-lenta e estilhaços de madeira voando pelo ar, bem ao estilo Matrix. A cena é bem feita, mas impossível acreditar que nenhum dos assaltantes – munidos de armas automáticas e muita munição, atirando, todos, num inimigo comum cercado por eles – não acertaria um tirinho sequer no corpo do inimigo.

Foto: Divulgação

Mas, ainda assim, tudo é tão bem feitinho que a gente acaba perdoando esses clichês (ou homenagem cinematográfica).

O bem bolado e mirabolante resgate de Lisboa, apenas para inseri-la no meio do olho do furacão, também não faz muito sentido: se a mãe dela (com Alzheimer) e a filha (menor) podiam estar prestes a ser capturadas pela inteligência espanhola, porque trazê-la para o centro do assalto e não levá-la para onde poderia proteger sua mãe e filha, a não ser para conferir mais elementos de reviravolta e tensão para a quinta temporada?

Faltando 20 minutos para terminar este quarto ano, dava para sentir que não daria para concluir toda a história. E a cena final – com o confronto entre Alicia Sierra e o Professor, novamente tendo uma arma apontada para seu rosto por uma policial feminina – era altamente previsível.

O fato de Gandía ter inexplicavelmente permanecido vivo só pode indicar que, no quinto – e já aguardado! – ano de La Casa de Papel, ele voltará a dar trabalho para os idolatrados ladrões de banco. Se for este o caso, pode-se tratar de um novo furo de roteiro, afinal, é dito, mais de uma vez, que o personagem se encontrava seriamente ferido e até mesmo incapacitado para usar um dos braços.

Foto: Divulgação

Com certeza, os hábeis roteiristas da série têm uma série de cartas debaixo da manga, prontas para serem reveladas na hora certa.

Assim, apesar das repetições inevitáveis, as incertezas sobre o destino dos personagens torna o programa ainda muito atrativo e em alto nível.

Ao final da terceira temporada, cheguei a cogitar da impossibilidade de uma continuação para a história dos assaltantes da casa da moeda europeia, caso a trama atual se encerrasse nesta quarta temporada. A mesma aposta, agora, é feita para a quinta e – talvez – derradeira temporada da série.

Vai deixar saudades!

Mas, até que isso venha de fato a ocorrer, ficaremos roendo unhas para saber a sorte de cada um dos personagens que passamos a adorar e ansiosos para sentir o nervoso que as criativas reviravoltas do roteiro nos proporcionarão!

Com a pandemia atual, é quase certo que a quinta (e já aventada sexta) temporada de La Casa de Papel possam demorar um pouco mais de tempo para chegar até nós, inclusive pelo fato de a Espanha ter sido tão fortemente afetada pelo Coronavírus. O mundo nerd-pop lamenta, mas entende, também, que muito importante, neste momento – primeira quinzena de abril de 2020 – que todos estejam no máximo isolamento social possível, para que a esmagadora maioria de nós possa, daqui a um breve tempo, estarmos todos a salvo e livres para curtirmos nossas séries, filmes, shows, convenções, teatros e coisas do tipo com toda a segurança e tranquilidade!

Sigamos firmes, tripulantes!!!!

Foto: Divulgação

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Nota: 4 / 5 (ótimo)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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