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STAR TREK: PICARD | Análise crítica do episódio duplo de final de temporada

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Hoje não vai ter introdução. Se você acompanhou todos os textos anteriores, já sabe o suficiente de Jornada nas Estrelas pra entender o contexto do episódio. Se não leu, o que está esperando? No final desta matéria você encontra um link para cada episódio anterior, em ordem. Então vai lá e conheça cada um deles.

Está preparado? Então vamos lá.

 

ATENÇÃO TRIPULAÇÃO: ATIVAR ALERTA DE SPOILERS!

Esta é uma crítica baseada no enredo do episódio, portanto ele tem muitos detalhes da trama que podem estragar a surpresa caso não tenha visto ainda.

O nono episódio começa direto no presente, sem flashbacks, como eram os episódios anteriores. Nele La Sirena sai do conduíte de transdobra depois de viajarem 25 anos-luz em quinze minutos. Soji identifica o planeta como Copelius. A nave de Narek sai da camuflagem e começa a atacar La Sirena. Quando tudo parece mais complicado, o cubo borg emerge da transdobra numa cena maravilhosa, até ser estragada pelas orquídeas espaciais gigantes que aparecem vindas do planeta e começam a engolfarem as naves. Aí eu não entendi mais nada, por que as orquídeas e não um sistema de defesa decente? Lá no primeiro episódio, quando Dahj ainda era viva, ela relembra que o pai era fanático por orquídeas. Mas até esse ponto? E se é um sistema de defesa, por que não funciona de forma efetiva? As plantas queimam na reentrada, mas deixam que as naves pousem em segurança.

Orquídeas espaciais. CBS All Access.

Picard acorda do processo desacordado, em uma nave que sofreu um pouso de emergência e está sem energia. A dra Agnes escaneou-o com um antigo tricorder e acha que o mesmo possa estar quebrado. É um aparelho muito parecido com aqueles que a Dra Berverly Crusher costumava utilizar nos episódios de A Nova Geração. Ele diz que não. Então se dirige a sua tripulação, que já tá lá toda arrebentada e perplexa e informa a todos sobre sua doença terminal. E já garante que não quer ser tratado com piedade. Após isso, todos decidem seguir para o cubo Borg que se encontra caído no horizonte. É uma cena interessante, bem parecida com as que víamos em A Nova Geração, em que o grupo se reúne em sua sala de reuniões, discutem os próximos passos e forma um grupo avançado.

Grupo avançado. CBS All Access.

No cubo Artefato, milagrosamente todos sobreviveram. Fico pensando em como conseguiram fazer isso com toda energia desligada e com um objeto daquele tamanho caindo do céu. Eles mesmos afirmam que estavam tentando ligar os sistemas e verificar os estragos, então acho que rolou aquilo que no RPG chamamos de “Vontade do Mestre“: se era pra o personagem ficar vivo, então ele fica. O reencontro é interessante, ainda mais por que a tripulação fica sabendo da morte de Hugh e a doença de Picard. Elnor se sente chateado ao se despedir de Picard, pois pode ser sua última despedida. “E não é assim com todos os que se despedem?“, reiteira o almirante com bastante sabedoria. De fato, esse é um exemplo de como o pedaço do episódio começa mal, mas dá um jeito de consertar.

Depois dessa conversa toda, o grupo chega a uma estação avançada dos sintéticos, onde aparentemente a maioria deles são gêmeos. Os sintéticos conversam com Soji e ela avisa que a frota romulana está a caminho. Picard conhece então Altan Inigo Soon, filho do dr Soong, criador de Data. Interpretado por Brent Spinner, ele se parece fisicamente com todos os descendentes e antecedentes de Soong já apresentados na franquia, como Arik Soong, (no episódio Fronteira, de Enterprise). Sutra também faz a versão de gêmea do mal, assim como Lore foi para Data em episódios de A Nova Geração. Outro ponto que me doeu na nuca foi o elo vulcano realizado entre Sutra e a dra Agnes. Uma vez que o requisito primordial para o elo é ser capaz de realizar a telepatia, a androide não se qualificaria para tal, independente de quanta história vulcana tivesse estudado. Uma máquina de leitura de mentes, como um tomógrafo, por exemplo, seria muito mais adequado ao um planeta tecnológico como aquele e teria o mesmo resultado. Tem coisas que não passam pela suspensão de descrença.

Conselho de sintéticos. Trek Movie

Soon e Agnes conversam sobre o trabalho de Maddox e ele mostra a ela um golem, um construto esperando por uma transferência de mentes, área a qual Maddox era especialista. Soji e sua irmã malígna Sutra conversam sobre a situação. Sutra quer agir contra a Frota Romulana que está vindo e Soji acha demais a perda de vidas que acontecerá. Nesse momento os sintéticos trazem Narek ferido. Raffi e Rios recebem uma ferramentas dos sintéticos para consertar La Sirena avariada. Picard tenta sem sucesso falar com a Federação, numa solicitação para intervir pela população local. Altan fala com Agnes sobre recuperar sua dignidade a respeito do trabalho de Maddox.

Encontram uma das sintéticas mortas, com seu pingente de beija-flor vazando-lhe o olho. Narek foge em direção ao Artefato, enquanto Soong diz que deveria tê-lo matado. Sutra alerta os sintéticos sobre o risco de perderem suas vidas desde sempre, com a chegada dos romulanos – afinal, aquilo que era feito como uma advertência, para eles é uma promessa. Os sintéticos criaram, juntamente com dr Soong, uma antena que permite contactar a espécie mais avançada de sintéticos, para que os mesmo venham em seu auxílio. Picard percebe que este será o fim da vida orgânica e apela para Soji, dizendo que se ela aceitar esse destino, terá se tornado a Destruidora da profecia. Picard tenta dizer que vai avisar a Federação, mas Soong lembra-lhe que a Federação não o ouviu da primeira vez.

Picard até tenta ser a voz da razão em meio ao medo destruidor que ele cita no episódio anterior, mas falha. Os argumentos usados pelos sintéticos são muito rasos, mas por uma falha de roteiro, o almirante parece ficar sem iniciativa nessa situação. De fato, acredito que o roteiro tenha sido o grande vilão desta primeira parte, empurrando a resolução do conflito para a continuação, criando um cenário que mal supre as expectativas de quem assiste à trama. E com isso, passamos para a segunda parte do episódio.

Os irmãos Narek e Narissa. CBS All Access.

Narek foge para o cubo e encontra Narissa, que o leva até seu esconderijo. Na vila dos sintéticos, a despeito dos apelos de Picard, a construção do farol para chamar a espécie superior continua. Eu me pergunto: se eles haviam projetado isso antes, e se era pra ser utilizado em uma situação de emergência, por que demora tanto pra funcionar? Narek e Narissa discutem sobre como acabar com os sintéticos e ele sai com um conjunto de granadas pra explodir as orquídeas, seguido de perto por Elnor.

Na Sirena, Rios e Raffi estão tentando fazer funcionar a ferramenta que os sintéticos lhes entregaram para consertar a nave. “Use a imaginação“, é a instrução que eles receberam, e Rios imagina que o motor está sendo consertado e voilá!, motor ajustado com a força do pensamento. A cena toda se baseia no conserto de uma unica peça que fez a nave funcionar. Se o sintético tivesse dito “escaneamos sua nave e vimos que essa é a peça fundamental que falta pra consertar“, teria feito o mesmo efeito sem essa baboseira infantil que foi a solução dada. Depois de tudo, o aparelho é deixado de lado no console para outra situação que veremos mais adiante, onde também é bem desmedida.

Sutra.

A construção do farol continua, enquanto que dr Soong e dra Agnes conversam cobre o trabalho de transferência de consciência. Rios e Raffi recebem Narek em La Sirena após uma breve discussão. Elnor aparece e tenta matar o romulano, mas é impedido. Eles conversam sobre a versão romulana do fim do mundo e explica por que o Zat Vash quer tanto destruir Soji e os demais sintéticos. Na vila dos andróides, Agnes entretem o dr Soong com criptografia para roubar uma peça importante do trabalho dele. Narek mostra as granadas que está trazendo, originalmente destinadas as orquídeas, mas eles resolvem utilizá-las para explodir o farol, escondendo assim a granada dentro da bola de futebol de Rios e simulando levar o romulano como prisioneiro.

Em seu laboratório, momentos antes de transferir a memória da sintética morta, Soong percebe que a mesma foi morta por Sutra enquanto esta liberava o romulano espião de sua cela. Ele ve Rios, Raffi e companhia se aproximando e decide ajudar. O entendimento entre as partes acaba acontecendo fora das telas, o que me chateou bastante. Um diálogo de arrependimento ou ainda um ponto de vista diferente sobre a situação ajudaria muito o dr Soong sair do estereótipo de vilão do mal insonso que ele foi colocado, só pra ser tirado mais tarde. Agnes avisa Picard que os romulanos chegarão em alguns minutos. Mesmo que a Federação tenha recebido sua mensagem, não significa que chegarão a tempo. E mesmo assim, é praticamente impossível deter os sintéticos. Picard atesta que os sintéticos na verdade são como crianças, mas que nunca ninguém lhes ensinou sobre responsabilidade e que pretende fazer o mesmo a partir do exemplo. Eles embarcam na Sirena e partem.

Dra Juratti libertando Picard. CBS Interactive.

Sete de Nove e Narissa. Imagem de WhatACulture.com

Soong desativa Sutra depois de mostrar a ela que estava errada. Narek distrai Soji com uma conversa mole. Rios lança a granada no farol, mas Soji é mais rápida e a intercepta, arremessando-a para o alto. E daqui em diante, não veremos mais Narek e não saberemos mais o que foi feito dele. No cubo borg, Narissa encontra Sete de Nove e elas começam a brigar, depois de uma discussão clássica. A ex-borg arremessa a romulana no fosso do cubo – uma pena, pois gostava da personagem. Em órbita, com Picard aprendendo a mexer nos controles na marra, La Sirena vê a chegada da Frota Romulana. A General Oh ordena a destruição do planeta e as orquídeas começam a atacar. Picard se conecta com Soji que ainda está construindo o farol (meu Deus, mais que lerdeza!) e diz que dará aos sintéticos sua própria vida.

Aí começa a balburdia toda do episódio. Os romulanos atacam as orquideas que sobem para defender o planeta. Agnes usa o aparelho que os sintéticos deram a Rios para criar múltiplas naves e confundir os inimigos. No meio dessa briga, La Sirena é atingida e Picard passa mal. Soji ativa o farol (finalmente!) e alguma coisa começa a querer passar pelo portal. Nesse momento chega a Frota Estelar, com naves genéricas feitas na base do CTRL+C/CTRL+V, com Riker no comando (a nave Zheng He é uma nave da classe Curiosity). Ele mostra a declaração de Picard como intermediador dos sintéticos e diz ter ordens pra defender o planeta. Picard toma um remédio e abre um canal pra falar com Soji e os romulanos, dizendo pra ela fechar o portal, afinal de contas, se a Federação quisesse os sintéticos destruídos, teria se aliado aos romulanos. Quando as criaturas começam a querer passar pelo portal, Soji o fecha. General Oh percebe que é uma batalha perdida e se retira.

Riker no comando da Zhen He. Imagem de Trek Brasilis

Riker escolta a armada romulana pra fora, ciente de que Picard pode resolver a situação. O almirante passa mal, é descido ao planeta Copelius, mas não resiste e falece ao redor de todos, numa cena bastante comovente. Esse é o único ponto em que vale a pena de todo episódio: o encontro de Picard com Data. Numa cena extremamente comovente, segue-se um dialogo sobre existência, amor e companheirismo que somente Jornada nas Estrelas é capaz de promover. De fato, a frase “Uma borboleta que vive para sempre não é uma borboleta de verdade” marca todo diálogo recheado de emoção sobre a vida e o encerramento de um ciclo entre Picard e Data. Por fim, Data escolhe morrer, por que a finitude da vida é que dá sentido ao ato de viver. Picard acorda dentro do golem, o construto do dr Soong.

Picard despertando em seu novo corpo. Imagem de Trek Brasilis.

Data esperando o momento de sua existência acabar. CBS Interactive

Eles desligam a consciência de Data, ao ritmo de Blue Skies (interpretada por Isa Briones), com palavras fúnebres de Picard. A cena tem um peso correto e o personagem o destino merecido. Gostei desse ponto, mas não gostei de terem colocado Picard num golem – deram uma importância muito grande à sua doença e ela o atingiu em cheio no final. O peso disso e a relevância seriam enormes, mas a passagem para o golem simplesmente apaga todo esse peso emocional em cima do personagem. O golem, como revelado no final, tem estrutura física de um idoso, programado para morrer mais ou menos na mesma época. Nesse caso, não teria sido mais simples curá-lo da doença, ou criar um subterfúgio para prorrogar sua sobrevida? Colocá-lo no golem implica em muitas outras questões de ordens morais e éticas, inclusive. Resta saber como isso será tratado no futuro. O episódio termina com a tripulação toda na nave, que agora é composta também por de Sete de Nove e Soji. Com a proibição dos sintéticos derrubada, estão todos livres pra partir. Rios confirma que está tudo OK e Picard encerra o episódio com a clássica frase “Engage!“.

Tripulação toda reunida. Imagem Trek Brasilis.

Termina a primeira temporada. De fato, Picard me lembra muito aquelas festas de aniversário de crianças. Você vai e enxerga um grande bolo no centro da mesa, bonito e aparentemente delicioso. Mas quando te entregam uma fatia, ele tem muito chantili e a pasta americana começa a ficar enjoativa depois de algumas garfadas. É o que consigo enxergar da série como um todo: um atrativo bem grande, mas deveras mal construído. Os elementos que nos fizeram apaixonar por Picard e A Nova Geração estão todos lá, mas não são eles que sustentam essa temporada. É o saudosismo, a nostalgia e o fan service. Apesar de também serem partes cruciais de uma série deste porte, não deveriam ser sua fundação, seu alicerce.

Picard tinha tudo pra dar certo, mas não deu totalmente errado. A força de seus atores e o empenho de produção fazem a série valer a pena, mas ela não deslancha totalmente. Não demonstra totalmente seu potencial. Monta um cenário cujo roteiro tem um conjunto de problemas que tentam esconder usando nostalgia. Mesmo assim, ainda enxergo em Picard muito mais de Jornada que consigo enxergar em Star Trek: Discovery, cuja segunda temporada ainda não me empolguei de assistir (a terceira deve ir ao ar logo, a pós produção está sendo realizada lentamente em home office). Decerto, assistirei uma segunda temporada de Picard, acreditando que a mesma possa ser melhor. A segunda, ainda não tem data de estréia prevista, uma vez que a produção inicial foi interrompida pela pandemia de COVID-19.

Picard tem a primeira temporada completa no Prime Video, o serviço de streaming da Amazon.

Nota: 3/5. Um final razoável.

Anteriormente, em Star Trek: Picard…:

STAR TREK:PICARD | Análise crítica do primeiro episódio

STAR TREK: PICARD | Análise Crítica de “Mapas e Lendas”

STAR TREK:PICARD | Análise crítica de “O Fim é o Princípio”

STAR TREK: PICARD | Análise crítica de “Franqueza Total”

STAR TREK: PICARD | Análise crítica de “Encrencas em Stardust City”

STAR TREK: PICARD | Análise crítica de “A Caixa Impossível”

STAR TREK: PICARD | Análise crítica de “Nepenthe”

STAR TREK: PICARD | Análise crítica de “Fragmentos”


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Desenvolvedor de sistemas, escritor, jogador de RPG, fanático por jogos de tabuleiro, leitor voraz. Tento salvar o mundo nas horas vagas, mas é difícil por que nunca tenho horas vagas...

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