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Críticas

WESTWORLD S03E04 | Crítica do Neófito

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 ALERTA DE SPOILER!!!!!!

(Este texto poderá abordar alguns elementos da trama)

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Os núcleos e os personagens finalmente se entrecruzam nesta terceira temporada de Westworld, que continua, mesmo com sua trama mais linear do que nas temporadas passadas, sendo uma série desafiadora aos telespectadores.

Todo e qualquer acontecimento passado e/ou personagem que já passou pela tela pode ter alguma relevância ou servir de referência para algum acontecimento, o que torna quase obrigatória uma revisitação às temporadas anteriores, para entender alguma fala ou menção que um ou outro personagem fazem.

É preciso ficar atento, prestar muita atenção às falas e sequências e montar teorias que, muitas vezes, mostram-se absolutamente erradas.

É o que acontece, portanto, com o arco envolvendo William / Homem de Preto (Ed Harris), que dava mostras, pelos enigmáticos trailers, de que entraria na história como uma variável inesperada para conturbar a narrativa, porém, sua introdução neste terceiro ano é enigmática e até mesmo anticlimática.

Foto: Divulgação

Sendo William um ser humano ou um anfitrião – não dá para saber ao certo – o fato é que sua sobrevida se deve, mais uma vez, aos planos ‘maquiavélicos’ de Dolores (Evan Rachel Wood), que o manteve vivo e ‘guardado’ para utilização futura. Sua importância está no fato dele ainda ser uma figura empresarial importante para a Delos (a empresa administradora do parque), sendo útil para Dolores na manutenção de sua posição estratégica para dar cabo de seu plano, e para que consiga resistir ao avanço de seu novo nêmesis, Serac (Vicente Cassel), o qual se revela um vilão típico, com poucas nuances de caráter (algo que chega a ser decepcionante, na verdade). A fala mansa, os gestos educados e um provável passado traumático seriam, respectivamente, uma máscara e uma desculpa para suas ‘maldades’ e extrema frieza, tanto para com a vida dos androides, quanto pela vida humana em si, que diz querer defender.

Maeve (Tandie Newton), novamente sob o controle físico de um humano, continua sendo uma personagem interessantíssima: colocada numa situação na qual não detém controle algum e sem opções imediatas para saída, ela simplesmente parte para ação, muito provavelmente esperando, resiliente, pelo momento certo de dar a volta por cima mais uma vez. Trata-se de uma sobrevivente: enquanto Dolores foi de certa forma ‘preparada’ por Arnold (Jeffrey Wright) para se tornar a revolucionária que viria a ser, Maeve partiu de uma dor muito particular para se descobrir consciente e capaz de cortar os títeres que a manipulavam. O primeiro embate entre Maeve e Dolores é cruel e vai certamente justificar ações mais contundentes daquela contra esta.

Foto: Divulgação

Já o papel de Bernard (também Jeffrey Wright) continua sendo uma incógnita. Sabe-se que ele pretende impedir Dolores de concretizar seus objetivos, mas a explicação dada sobre o porquê ainda não convenceu ou não ficou totalmente clara. Stubbs (Luke Hemsworth) é apenas uma figura decorativa, sem muito o que fazer a não ser o papel de ‘durão’ e, atualmente, servo involuntário de Bernard. E ainda leva uma improvável surra de Dolores!

Foto: Divulgação

A grande revelação do episódio envolve o mistério deixado no da semana passada envolvendo a Chalotte Hale, interpretada por Tessa “lábios carnudos” Thompson (E SE VOCÊ NÃO QUISER NENHUM SPOILER SOBRE ISSO, PULE O RESTANTE DESTE PARÁGRAFO): todos os anfitriões criados por Dolores em substituição a pessoas humanas são, na verdade, cópias dela mesma! Provavelmente, a crise existencial sofrida por Hale no episódio passado (que é uma das cópias da consciência de Dolores) pode ser um conflito entre a personalidade dócil que integrava a primeira programação de Dolores e a atual, ou uma mistura desta com dados do setor 16” a respeito de Charlotte Hale. Se eu tivesse que apostar, apostaria na primeira opção, mas, como dito acima, Westworld tem a deliciosa e chata capacidade de subverter a maioria de nossas expectativas com relação à sua trama.

Foto: Divulgação

Por fim, temos Caleb Nichols (Aaron Paul) passando a ter um papel ativo nos planos de Dolores. Sua inclusão na história, por enquanto, é meio secundária na verdade, sem mostrar muito a necessidade de seu personagem; todavia, sua presença deve visar a um conflito entre a ‘raça’ de Dolores e os ‘humanos’: afinal, ele se mostrou empático com a androide, enquanto ela está pouco se lixando para a raça humana ou o que seus atos podem causar no mundo.

Foto: Divulgação

Outra coisa que, de certa forma, confere uma aura mais comum a Westworld é a revelação de que o planeta vive numa realidade distópica, em que grande parte da humanidade morreu e grandes cidades desapareceram (como Paris, por exemplo). Não me parece que tal cenário acrescentará muito à trama. Ao contrário, torna-a mais parecida com tantas outras ficções distópicas, como Matrix, Divergente, Jogos Vorazes e afins. O que é uma pena. Seria interessante um mundo hedonista, em que os humanos endinheirados se utilizassem do parque para se divertirem e para produzirem a imortalidade! A constatação de que muitas grandes cidades desapareceram, no meu entender, enfraquecem a premissa da história, apesar de ainda ser cedo para tirar quaisquer conclusões mais definitivas sobre isso.

A trama evoluiu, as peças do tabuleiro se mexeram de forma relevante, os personagens se integraram e tomaram posições, mistérios foram revelados.

Mesmo assim, este episódio, por se focar mais na ação e acontecimentos e menos na temática e questões mais filosóficas da série, perde um pouco a força com relação ao anterior e, por isso, perde meio foguetinho, na nossa avaliação.

O trailer do próximo episódio é bastante confuso e não revela praticamente nada. Como a trama deve seguir cada vez mais linear e em direção a um fim específico, seria normal esperar que os trailers – hábeis em enganar o público de forma a despertar o interesse contínuo – tornem-se cada vez mais herméticos e misteriosos.

Domingo que vem tem mais!!!

Foto: Divulgação

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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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