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Críticas

WESTWORLD S03E03 | Crítica do Neófito

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 ALERTA DE SPOILER!!!!!!

(Este texto poderá abordar alguns elementos da trama)

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Os mistérios se aprofundam!

Afinal, quem é o anfitrião que está fazendo as vezes de Charlotte Hale?

Foto: Divulgação

O terceiro episódio desta nova temporada de Westworld gira, basicamente, em torno desse mistério, visitando, em alguns momentos, o destino de Dolores (Evan Rachel “Olhos Azuis” Wood) e Caleb Nichols (Aaron Paul) após os eventos do primeiro episódio.

Maeve (Thandie Newton) e Bernard (Jeffrey Wrigth) não dão as caras, deixando o espectador curioso para saber como eles se encaminharão na trama, algo que, certamente, deve ser retomado no próximo episódio.

O fato de a história estar claramente mais linear – comparada com os atordoantes episódios das temporadas anteriores, com suas idas e vindas pelo tempo – não significa que o enredo esteja menos intrincado, perfeito para manter a atenção e os olhos grudados na tela.

O visual deslumbrante da Los Angeles futurista – que vai do design dos veículos terrestres e voadores aos arranha-céus a la Torre de Babel – bem como os belos atores (protagonistas e figurantes) em cena também ajudam, em muito, que Westworld continue sendo um programa extremamente atrativo, unindo boa história com produção esmerada. Aproveitando a deixa, não posso deixar de mencionar como é incrível que Evan Rachel Wood pareça ficar mais deslumbrante a cada dia que passa!

Foto: Divulgação

Mas, voltando à história, esse terceiro episódio centra suas forças em Charlotte Hale e no misterioso anfitrião que anima o clone dela. Tessa “lábios carnudos” Thompson, além de também continuar hipnoticamente bonita, dá um show de interpretação. Ela tem interpreta a verdadeira Charlotte num momento tenso e emotivo do passado, quando arrebenta a rebelião dos anfitriões contra os humanos no parque (1ª temporada). No presente, ela demonstra uma incrível capacidade de oscilar entre emoções quase extremas, que vão desde a fragilidade absoluta diante das incertezas de sua missão e da contrariedade de estar habitando um corpo indesejado – o que a leva até à autoimolação – à dissimulação e à determinação homicida! Um trabalho a merecer efusivos aplausos. Observem a tonalidade da voz e o olhar vacilante dos primeiros minutos com os que ela dá a partir da segunda metade do episódio, para comprovar o que estamos falando.

Foto: Divulgação

Enquanto o núcleo de Charlotte Hale foca nos dramas pessoais do personagem, o arco de Dolores e Caleb, porém, apesar de também trabalhar no desenvolvimento dos personagens, abre espaço, inclusive, para uma interessante discussão sobre livre-arbítrio, destino e crítica social.

Num futuro em que todos serão monitorados por I.A. cada vez mais sofisticadas, haverá espaço para a mobilidade social? O questionamento que Dolores apresenta a Caleb numa impactante conversa lembra, de certa forma, as discussões levantadas por Aldous Huxley em sua insuperável obra-prima, Admirável Mundo Novo, em que as pessoas, desde o nascimento, já são selecionadas, divididas e programadas para estarem e se conformarem a uma determinada situação social. Tanto na “distopia feliz” de Huxley, como na dura e crua realidade de Westworld, as pessoas estão fadadas a um destino estipulado para elas, sem que tenham consciência disso.

Foto: Divulgação

Há algo de anárquico no que Dolores (agora secundada por Caleb) deseja fazer com aquela sociedade e, novamente, os ecos de outra obra seminal – V de Vingança de Alan Moore – mostram-se claros: Dolores seria uma espécie de “V”, enquanto Caleb seria sua “Evey”. Serac (Vicent Cassel), por sua vez, representa o status quo, similar ao governo de extrema direita da obra do bruxo inglês (pelo menos, até o momento).

Foto: Divulgação

Depois de um segundo episódio visualmente irretocável, atuações marcantes, surpresas agradáveis (até com um comentadíssimo easter egg), mas um pouco frio, este terceiro, com bem menos ação, consegue recuperar o fôlego da temporada de maneira extremamente competente.

No que o trailer entrever, parece que, no próximo domingo, essa caprichada série da HBO vai reintroduzir na história o perigoso e imprevisível personagem Homem de Preto, interpretado com vigor e magnetismo por Ed Harris. Continuando nas referências cruzadas e intertextuais, o Homem de Preto pode estar para a série como o Santo dos Assassinos esteve para Preacher, obra máxima de Garth Ennis, isto é, alguém que corre por fora dos eventos, movendo-se por seus próprios e únicos motivos e um perigo mortal para todos os lados da trama. Esperar para ver se o olhar ameaçador que Harris adota nos flashes que o trailer mostra se converterá num esperado banho de sangue ou se toda a pompa seja apenas para enganar os telespectadores.

Foto: Divulgação

Domingo de quarentena já tem um bom alento com Westworld e sua terceira temporada!

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Nota: 4 / 5 (ótimo)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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