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STAR TREK: PICARD | Análise Crítica de “Mapas e Lendas”

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Em 8 de setembro de 1966 ia ao ar o primeiro episódio da série de ficção científica Jornada nas Estrelas (Star Trek). O programa mostrava as viagens espaciais da nave estelar USS-Enterprise, em sua missão de cinco anos (que só durou três temporadas) e trazia personagens ícônicos que marcariam a história da TV. A nave era comandada pelo capitão James Tiberius Kirk, que contava com o primeiro oficial alienígena de orelhas pontudas e olhar sério (e demoníaco) Spock, o médico ranziza Dr. Leonard “Bones” McCoy, o engenheiro milagreiro Montgomery Scott, o piloto Hikaru Sulu, o navegador Anton Chekov e a oficial de comunicações Nyota Uhura.

Tripulação da USS Enterprise em Jornada nas Estrelas – A Série Clássica.

Em plena década de 1960, anos antes do homem ir à lua, o público americano vibrava com uma nave que trazia russos, orientais, negros e uma mulher na cadeia de comando. A audaciosa nave que ia onde nenhum homem jamais esteve, pertencia a uma grande frota militar no espaço; voltada para pesquisa, descoberta e desenvolvimento humano. Ao contrário da ficção científica da época, que trazia hecatombes nucleares, a Terceira Guerra Mundial e um sem fim de previsões aterrorizantes, Jornada nas Estrelas nos trazia um futuro extremamente otimista, onde humanos capazes de superarem seus próprios preconceitos e diferenças se juntariam a alienígenas para criar a Federação dos Planetas Unidos (qualquer semelhança com a ONU não é mera coincidência) e singrarem juntos ao espaço para explorar novos mundos e descobrir novas formas de vida e novas civilizações.

Jornada nas Estrelas gerou uma série animada e oito séries derivadas (A Nova Geração, Deep Space 9, Voyager, Enterprise e as mais recentes, Discovery, Short Treks e Picard), além de treze outros filmes. Há mais uma série sendo produzida (Seção 31) e uma nova série animada (Lower Decks). Sem contar, é claro, a base de fãs que ultrapassa gerações. Mas por que estou relembrando tudo isso?

Por que o segundo episódio de Star Trek:Picard começa com um flashback.

ATENÇÃO TRIPULAÇÃO: ATIVAR ALERTA DE SPOILERS!

Esta é uma crítica baseada no enredo do episódio, portanto ele tem muitos detalhes da trama que podem estragar a surpresa caso não tenha visto ainda.

Episódio 02: Mapas e Lendas (Maps & Legends)

F8 – Ser sintético que trabalha no estaleiro Utopia Planitia

A abertura deste episódio se passa em Marte, quatorze anos antes dos eventos mostrados no primeiro episódio. Vemos o estaleiro Utopia Planitia e os funcionários trabalhando nele. Os sintéticos são acionados, como mão de obra que fica guardada como se fossem ferramentas. Um deles recebe um sinal eletrônico e começa a sabotar o local. Os funcionários tentam impedi-lo, mas são assassinados. Por fim, o ser sintético se suicida. É interessante notar que aparentemente o sintético estava sendo controlado de forma remota. Já vimos isso acontecer em Star Trek:Discovery.

De volta aos tempos atuais, na França, Picard começa a se recuperar dos eventos do episódio anterior. O almirante, Laris e Zhaban conversam sobre o Zat Vash, uma organização secreta e praticamente mitológica por dentro da Tal Shiar, o serviço de inteligência dos romulanos. Não é de hoje que os romulanos possuem segredos dentro de segredos. De fato, desde a sua primeira aparição no episódio O Equilíbrio do Terror da primeira temporada da Série Clássica, esta espécie alienígena é sempre associada à conspirações, inteligência e espionagem. Zhaban acredita que é apenas uma lenda para assustar cadetes, mas Laris acredita que Zat Vash exista, tanto que auxilia Picard em sua investigação de campo.

A investigação de Laris e Picard no apartamento de Dahj

Nessa hora, por mais licença poética que o teletransporte permita, fico me perguntando como alguém consegue se teleportar pra dentro da casa de outra pessoa sem autorização. Estou supondo que na pressa Dahj tenha fugido e deixado a casa “destrancada”. Tecnobobeira a parte, Laris e Picard bancam o CSI do século XXIV e descobrem que todos os rastros do evento ocorrido no apartamento de Dahj foram apagados e removidos, mas que ela ligou várias vezes para sua irmã gêmea no espaço.

E falando do espaço, somos levados diretamente ao Cubo Borg onde vemos que Soji, a irmã gêmea de Dahj, dormiu com o romulano Narek, que ela conheceu no dia anterior (no final do primeiro episódio). Soji chama o cubo de Artefato, um local que se desconectou da submatriz Borg, desligando os seus ocupantes da coletividade. Ela questiona Narek sobre algumas coisas, mas ele é uma figura instrospectiva e cheia de segredos, com um sotaque britânico que o ator Harry Treadaway não consegue esconder. Por mais que eu goste dos trejeitos e pronúncias da Terra da Rainha, Narek acaba parecendo mais um vilão caricato de James Bond. A performance do ator, no entanto, é eficiente em transformar essa peculiaridade em vantagem e nos faz desconfiar do que está escondido atrás das expressões do romulano.

Doutor Moritz

Já a noite, Picard recebe a visita do Dr Moritz, seu amigo e médico da época da Stargazer. Picard fez exames médicos e, embora esteja dentro dos limites exigidos pela Federação para operar no espaço, Moritz o alerta que de que os exames carregam notícias ruins. O diagnóstico ainda não está fechado, mas as opções são poucas e o resultado um só. Picard caminha rumo ao seu fim. O velho almirante então diz que sabia que isso poderia acontecer, provavelmente uma referência direta ao último episódio de A Nova Geração, E Todas as Boas Coisas..., onde recebe a mesma notícia. O médico questiona se mesmo sabendo disso ele pretende mesmo ir ao espaço. “Mais do que nunca, mesmo sabendo“.

É interessante essa passagem do episódio. Picard é sem sombra de dúvida, um homem idoso e mesmo no século XXIV e com a sobrevida dos humanos que já conhecemos, tudo tem seu fim. Inclusive, é o tema do episódio E Todas as Boas Coisas…, e nos mostra não só um carinho pela situação do almirante, como nos mostra que não há o que protelar na série. Tudo é uma questão de urgência, mas ainda assim, de cuidado. Picard não vai durar para sempre. Se tudo passa, então vamos fazer valer a pena. É uma mensagem interessante, sobre a própria série, inclusive.

Picard vai até a sede da Frota Estelar e se reune com a almirante Kristen Clancy, expondo tudo o que sabe sobre os sintéticos, Bruce Madox e tudo mais. Solicita então uma nave, com tripulação mínima, para fazer esta pequena missão. Clancy não só recusa com veemência (falando até mesmo um palavrão), mas acusa Picard de arrogante, alegando que o mesmo abandonou a Frota Estelar por causa de um ato solitário e contraditório. Ela alega que abandonar as missões de resgate foi necessário para manter a coesão entre os membros da Federação.

Picard e sua tentativa de conseguir uma nave

Voltamos ao espaço mais uma vez – ao Cubo Borg – e conhecemos um pouco do trabalho da Dra Soji, que é o trabalho arriscado de desconectar os borgs remanescentes, os ex-Borgs (ou xBs, como são chamados), salvando a tecnologia e tentando uma reabilitação aos corpos praticamente moribundos. Ela chama a atenção para si quando acalma um paciente em sua língua nativa. Soji faz isso de forma natural, mas é possível perceber que se sente deslocada ao usar certos conhecimentos. Uma menina perdida em meio à selva, ponto para a interpretação de Isa Briones.

Picard sendo recebido por Raffi

De volta ao Chateau Picard, a Dra. Agnes retorna com informações de Bruce Madox e avisa que pesquisou sobre Dahj. Ela alega não há qualquer referência a ela até três anos atrás e acredita aue toda sua vida tenha sido forjada. De posse dessas informações, Picard recupera sua antiga insígnia e aciona Raffi, que foi sua oficial na nave USS Verity, conforme é possível ver na minissérie Star Trek: Picard – Countdown. Oficialmente os quadrinhos não são uma edição canônica, mas várias informações dessa publicações foram aproveitadas na série. Lariz e Zhaban, por exemplo, vieram diretamente de suas páginas. Picard vai até o trailer de Raffi em Rock Vasquez, mas não é bem recebido. O deserto de Rock Vasquez foi utilizado várias vezes em muitos episódios da franquia de Jornada nas Estrelas como planeta alienígena, a exemplo do clássico Arena, onde o capitão Kirk enfrenta um Gorn. É a primeira vez que o local aparece como ele mesmo – um lugar árido na Terra.

Comodoro Oh

Por fim, voltamos ao quartel da Frota Estelar, onde a almirante Clancy entra em contato com a comodoro Oh, uma vulcana responsável pelo setor de segurança da Frota. Ela conta tudo sobre o que aconteceu na reunião com Picard e desliga. Ela então chama a tenente Rizzo à sua sala. Ficamos sabendo então que a tenente Rizzo, embora se pareça com uma humana, é uma romulana disfarçada. Ela é ríspida com Rizzo, sobre sua falha em ter “destruído a coisa” antes de poderem interrogá-la e que precisam tomar cuidado com Picard. Rizzo diz que vai ter cuidado e que já colocou seu melhor operativo no trabalho. Voltamos ao cubo Borg, onde Narek recebe a visita holográfica de sua irmã, ninguém mais que a tenente Rizzo. Ela o ameaça a cumprir logo sua missão, ou será obrigada a utilizar de “outros meios”.

Mapas e Lendas termina com mais perguntas e respostas. Zat Vash realmente existe? Os romulanos estão infiltrados na Frota Estelar? A Federação está sabendo disso ou é mais uma missão secreta da Tal Shiar? Os romulanos poderiam ter controlado os sintéticos que destruíram Marte? Se sim, apenas o ódio aos sintéticos justificaria essa decisão? E por falar em sintéticos, vemos que eles são utilizados como mão de obra barata, sendo desrespeitados totalmente pelas demais pessoas. Isso não vai de encontro ao exibido no episódio A Medida de Um Homem? Com um pé na luta contra o terrorismo, mostrando a reação da sociedade ao papel do idoso e a situação do governo atual frente às vidas alienígenas, o episódio abre um leque de possibilidades maior ainda que o apresentado no episódio anterior. Resta saber como Picard vai lidar com essa situação que parece ir além de sua capacidade.

Star Trek: Picard é exibida no Brasil pelo serviço de streaming da Amazon, o Prime Vídeo, com episódios semanais.

Nota: 4/5. Muito bom!

Anteriormente, em Star Trek: Picard

STAR TREK:PICARD | Análise crítica do primeiro episódio


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