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STAR TREK:PICARD | Análise crítica de “O Fim é o Princípio”

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Conforme uma análise do estúdio na época, os índices de audiência de Jornada nas Estrelas não iam bem. A série foi cancelada, tendo apenas a sua terceira temporada como modo de encerramento formal. Um sem número de fãs órfãos chegaram a pressionar o estúdio nos anos seguintes, mas o máximo que conseguiram foram a criação da Série Animada, em 1973. Os episódios, no entanto, não contavam para a cronologia da série. Foi logo depois de 1975 que a série começou a ser reprisada no formato sindication (qualquer emissora podia exibir os episódios se pagassem o direito de transmissão, dentro de um horário reservado em específico). Hoje esse processo é muito comum e transparente no universo do streaming, mas na época foi uma revolução. E foi então que as reprises fizeram muito sucesso, levando o estúdio a reconsiderar o retorno da série.

Cartaz de Star Trek – The Motion Picture. Versão de divulgação

Primeiro pensaram em um filme, chegando a acertar locações e equipamentos. Depois, com o dinheiro sendo gasto e a produção enfrentando problemas, a idéia se tornou uma nova série, chamada de Star Trek: Phase II (Jornada nas Estrelas – Fase 2). Mas as falhas de roteiro, ego inflado dos artistas, problemas financeiros do estúdio forçaram os produtores cancelarem o projeto. No entanto, já haviam cenas filmadas e os cenários já haviam sido criados. Contratos com a parte técnica já haviam sido estabelecidos, de forma que o cancelamento custaria muito mais aos responsáveis. De volta à idéia original de fazer um filme, foi assim que a Phase II tornou-se então Jornada nas Estrelas – O Filme (Star Trek – The Motion Picture), lançado em 1979.

A ida das telinhas para as telonas fizeram muito bem para a franquia, estrelando outros filmes de 1982 à 1994. Face a esse sucesso todo, o estúdio até tentou trazer os mesmos atores de volta à serie, mas isso não foi possível. Dizem as más línguas que isso foi devido à disputas por tempo de tela e salário. Tal fato, entretanto, acabou causando o surgimento de uma série derivada: Jornada nas Estrelas – A Nova Geração (Star Trek: The Next Generation).

Vamos falar mais dessa série adiante, mas preste atenção no nome. Ela é a base de tudo o que está sendo visto em Star Trek:Picard.

ATENÇÃO TRIPULAÇÃO: ATIVAR ALERTA DE SPOILERS!

Esta é uma crítica baseada no enredo do episódio, portanto ele tem muitos detalhes da trama que podem estragar a surpresa caso não tenha visto ainda.

Episódio 03: O Fim é o Princípio (The End is the Begining)

Picard dando más notícias a Raffi. Imagem do trailer.

Voltamos mais uma vez em um flashback, 14 anos atrás. Nos jardins da instalação da Frota Estelar, Picard se encontra com sua primeira oficial Raffi, que serviu com ele na USS Verity, como vimos na HQ Star Trek:Picard – Countdown. É nessa hora que Picard comenta que a Frota não aceitou seu novo plano de evacuação, necessário depois da destruição de Utopia Planitia, como vimos no episódio anterior. Diante da negativa de Picard para Raffi, ela questiona que sempre haverá um jeito, alguma medida desesperada. “Essa é a sua especialidade, JL“. Picard então afirma que ele deu à Frota Estelar a opção de aceitar seu novo plano de evacuação ou a sua demissão. E eles aceitaram sua demissão.

Eu nunca acreditei que a Frota Estelar cederia à intolerância e ao medo“, diz Picard. Raffi acha que alguém da Tal Shiar possa ter feito isso, mas Picard é muito cético sobre o assunto. “Por que sabotariam o resgate de seu próprio povo?“. Me pareceu que Picard se esqueceu dos klingons que conspiraram juntamente com a Frota Estelar contra o resgate de seu próprio povo no filme Jornada nas Estrelas VI – A Terra Desconhecida. O comunicador de Raffi toca e ela é chamada. “Você pede a sua demissão, e agora querem que eu peça a minha.“. Um panorama rápido sobre o motivo pelo qual Picard não foi bem recebido na casa de Raffi quando foi vê-la.

Acho essa introdução bacana. Primeiro, que mostra que Picard já não tinha, naquela época, a mesma popularidade e voz que tinha em seus tempos de comando nas Enterprises D e E. A Federação muda com o passar dos anos. Até Picard mudou: em outros tempos ele jamais aceitaria que um subalterno o chamasse de “JL“. Tradicionalista, a visão de Picard, da Frota Estelar (e consequentemente da Federação) divergem a ponto dele tentar uma medida desesperada. “Jamais pensei que fossem aceitar.“, ele diz. Uma prova de que ele já era praticamente uma carta fora do baralho. Um homem obsoleto aos novos ideais que a Federação ostenta, conforme a almirante Clancy deixou bem claro no episódio anterior.

A conversa continua no tempo presente, com Raffi mostrando todo seu ressentimento por Jean-Luc Picard. Ao contrário dele, que pode voltar pra sua herança de família e ter uma vida confortável escondido da sociedade, ela se perdeu seu status, suas posses e até se envolveu com drogas. De fato, essa reviravolta não era esperada por ela. O que fica ruim nesse diálogo é que, embora a cena tenha um certo peso considerável por nos mostrar a relevância do passado, a mensagem é transmitidas por meio de duas ou três linhas de diálogos que não tem muita força, e no fim temos raiva sem sentido. Outro ponto interessante é a diferença social entre Picard e Raffi. Um mora em uma imensa propriedade, com muitas posses; enquanto outro mora em um trailer no meio do deserto. A Federação não tinha extinguido o dinheiro e muitas das desigualdades da sociedade? Teria Raffi aceitado expontaneamente essa vida?

De volta ao espaço, diretamente no Cubo Borg conhecido como Artefato, o diretor do Projeto de Recuperação, elogia Soji Asha pelo seu trabalho. O diretor é Hugh, um ex-borg, que é conhecido pelo episódio Eu, Borg, da quinta temporada de A Nova Geração. Soji pede para ver uma paciente em específico, chamada de Ramdha. A cientista acredita que os conhecimentos mitológicos que a paciente possui podem ser utilizados como propósitos terapêuticos. Hugh permite e a leva até uma ala especial do Cubo, onde ficam os doentes em recuperação. Soji percebe que todos ali são romulanos e Hugh complementa dizendo que foram os únicos romulanos assimilados pelos Borgs.

Hugh e Soji entrevistando Ramdha

Então temos um breve interlúdio, da Comodoro Oh (só eu acho esse nome engraçado?) visitando a Dra Agnes Jurati sobre seu encontro com Picard, conforme vimos nos episódios anteriores. Uma cena que lança algumas perguntas, por exemplo, por que Oh estaria de óculos escuros se vulcanos enxergam bem na claridade? Picard cometeu alguma infração ao visitar a doutora que fez com que a comodoro responsável pela segurança da Frota viesse em pessoa pra perguntar?

Capitão Rios.

Picard é teletransportado a bordo de uma nave e recebido pelo holograma médico do Capitão Rios (que, porventura, se parece com o mesmo). O Capitão Rios, que é interpretado por Santiago Cabrera, tão a vontade no papel, que em cinco minutos de aparição eu já não consigo ver alguém mais carismático que ele na série. Mais do que um alívio cômico, Rios é centrado e desbocado, e assim como Picard, uma “peça obsoleta” da Frota Estelar.

Picard alega que Rios é “da Frota até os ossos”, que sabe o que precisa ser feito por que é necessário. Rios, por sua vez, vai além do clichê do herói canalha. Ele diz que serviu a bordo do cruzador ibn Majid, mas que não adianta procurar por ele – todos os registros foram sumariamente apagados. O que a Frota não quer que saibamos sobre ele? Como Raffi e ele se conheceram? O ponto alto do episódio com certeza é a aparição deste personagem, que em outra cena, sozinho na nave, também se declara um grande fã de Picard. Aliás, a cena do Navegador Holográfico é ótima.

De volta ao Chateau, Picard arruma suas coisas enquanto se despede de Laris e Zhaban. Neste meio tempo são atacados por romulanos que invadem a propriedade. Armas escondidas, tiros às escuras, uma cena de ação feita de forma fraca e sem muita justificativa. Mas eis que a dra Agnes aparece para salvar o dia! Achei deveras estranha essa aparição. Ela vem pra contar a Picard sobre seu encontro com a comodoro Oh e dizer que pretende ir com Picard em sua viagem, uma vez que está fascinada com a relação entre Dahj, Soji e Bruce Madox. Começou a me soar suspeito.

Ramdha sendo entrevistada

Já no Cubo Borg, Soji entrevista Ramdha, que está usando uma espécie de tarô com cartas triangulares. A cientista começa falando sobre mitologia que Ramdha é especialista, as a paciente discorda do termo. Dada a urgência e a motivação dos fatos, prefere chamá-los de “noticias”. Soji reconhece que Ramdha estava a bordo da nave que foi assimilada pelo mesmo cubo borg em que estão. Isso parece disparar algo ruim dentro da paciente, que tenta se matar usando a arma que roubou de um oficial de segurança. Mais do que depressa, Soji consegue desarmá-la e ninguém sai ferido. Ninguém questiona como uma cientista consegue desarmar um paciente do outro lado da mesa de maneira tão rápida? Parece que só ela mesma pra se questionar – afinal, ela também não entende como obteve esse conhecimento todo sobre Ramdha. Assustada com a previsão de Ramdha (que a chamou de Destruidora), ela liga para sua mãe, para saber de sua irmã. Sua mãe alega que ela estava bem e Soji adormece como que em transe.

Por fim, bagagem pronta, Picard teleporta-se com Dra Agnes para a nave do capitão Rios e descobrem que Raffi está lá. Ela avisa que Bruce Madox está em Freecloud e que pretende ir até lá, mas quando chegarem cada um seguirá seu próprio caminho. Ainda não se sabe o que é Freecloud, suponho apenas ser um lugar longe do controle da Federação (quando o termo apareceu, achei que fosse um pop-up de propaganda do século XXIV).

Engage!

Finalmente vemos Picard dar o clássico comando “Engage!” e o episódio termina. Esse é na minha opinião, o mais fraco de todos os episódios até agora. O Fim é o Princípio é bem direto no que se propõe: afinal o fim do episódio é o começo de tudo. Os três primeiros episódios colocam os peões no tabuleiro e agora eles estão prontos para se movimentar. Infelizmente, é uma preparação lenta. Boa parte deste terceiro episódio é sustentado no saudosismo que o protagonista confere ao expectador. Mas talvez seja o meu imediatismo que esteja gritando, querendo um retorno ao espaço que confere nome à série. Esperamos que o Engage! dado pelo capitão seja, de fato, o ponto de partida para a aventura. Só por causa disso a nota cai um pouco, mas nada que, até agora, desabone o trabalho que vem sendo feito com os personagens.

Nota: 3,5/5. É bom.

Anteriormente, em Star Trek:Picard

STAR TREK:PICARD | Análise crítica do primeiro episódio

STAR TREK: PICARD | Análise Crítica de “Mapas e Lendas”


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