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Críticas

ELE É DEMAIS | Crítica do Neófito

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O ano era 1999. Um ano antes dos temidos “anos 2000” e do “bug do milênio” (“a mil chegarás; de dois mil não passarás”!).

Aqui no Brasil, Fernando Henrique Cardoso iniciava seu segundo mandato como Presidente, sem saber que estava prestes a enfrentar apagões de energia elétrica pelo país afora – decorrentes de uma seca seguida de crise hídrica – algo que, infelizmente, novamente está a nos assombrar…

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o popular e bonitão Presidente Democrata norte-americano, Bill Clinton, enfrentava um processo de impeachment – do qual conseguiria se safar, após meses de escrutínio público – graças aos seus encontros nada discretos com a estagiária Monica Chupins…, digo, Lewinsky no salão oval.

No cinema, algumas perdas insubstituíveis, como a morte de Stanley Kubrick, e poucas estreias memoráveis, à exceção do aguardado – e um pouco decepcionante – Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma – e, em menor monta, Toy Story 2.

Ou seja, foi um ano normal, talvez caracterizado por mais expectativas do que realizações, principalmente no campo que nos interessa, a sétima arte.

Com poucas estreias realmente impactantes, Hollywood investiu bastante em gêneros que normalmente dão retorno certo, utilizando diretores operários, sem muita personalidade, mas que conseguem entregar um produto bem-acabado.

Dentre estes, o canadense Robert Iscove se destaca por obras cinematográficas bastante esquecíveis, com um único pequeno destaque para a comédia romântica juvenil Ela é Demais – outro filme a figurar entre os dez mais da Sessão da Tarde da Globo – cuja história transcorre no sempre fetichezado ambiente escolar norte-americano, com seus bullyings cruéis, líderes de torcida hipersexualizadas, fraternidades rígidas, fornicações mirabolantes, esportes acadêmicos e sonhados bailes de fim de ano.

Foto: Divulgação (o original)

O longa bobinho, mas extremamente simpático, escorava-se no charme do galã ascendente da hora, o bonito e limitado Freddie Prinze Jr., vivendo o jogador de futebol americano Zach Siler que, para recuperar sua popularidade na escola, aposta com seu suposto “melhor amigo”, Dean (o precocemente morto, Paul Walker), ser capaz, em poucas semanas, de transformar a nerd Laney Boggs (Rachael Leigh Cook) em rainha do baile.

Com trama para lá de previsível, o improvável casal acaba por se apaixonar, tendo que enfrentar traições e provações (nada apocalíptico, claro) e acaba junto ao final (ah, isso não é spoiler, né? trata-se de comédia romântica juvenil! todo mundo sabe como termina!!!).

Ainda assim, o filme tem seus fãs. E, diante da evidente crise de criatividade de Hollywood, nada como pegar algo antigo, mas bonitinho e descompromissado, dar uma reciclada e atualizada na trama e lançar para as gerações novas em nova embalagem.

Eis que, então, a Netflix resolve distribuir este Ele é Demais, exatamente com a mesma premissa do longa de 1999, porém, trocando o gênero do par romântico, o que confere uma pitada de representatividade e empoderamento feminino ao roteiro original.

Agora, temos a digital influencer Padgett Sawyer (vivida com simpatia por Addison Era), de classe média, apostando com sua rica “melhor amiga”, Alden (Madison Pettis), ser capaz de transformar o completamente antissocial  Cameron Kweller (Tanner Buchanan, o Robby, de Cobra Kai) no rei do baile, como forma de recuperar seus perdidos seguidores no Instagram, após célebre vexame ao vivo.

Foto: Divulgação (que peruca mais mal colocada é essa??)

E tome algumas traições e provações (nada apocalíptico, claro), para que o casal fique junto no final (novamente, não venham reclamar que isso é spoiler! é a mesma história do longa anterior e continua sendo uma comédia romântica juvenil!!!).

Para reforçar a nostalgia, a produção trouxe dois dos atores do filme de 1999 para viverem diferentes personagens nesta readaptação da obra original, a saber, Rachael Leigh Cook – a ex-protagonista – agora como Anna Sawyer, mãe da atual protagonista; e o sempre carismático Matthew Lillard – que no longa de 1999 viveu Brock Hudson, amigo do outro protagonista – e que, agora, dá corpo ao excêntrico e divertido Diretor Bosch, administrador do colégio.

Foto: Divulgação (o antes e o agora)

A seu favor, esta refilmagem conta com um diretor um pouco mais talentoso do que Iscove, o cineasta Mark Waters, em cujo currículo constam, pelo menos, duas obras interessantes: o irregular E Se Fosse Verdade (2005), com Mark Ruffalo e Reese Witherspoon; e o bem executado (e quase memorável) Meninas Malvadas (2004), com a talentosa, mas super problemática, Lindsay Lohan.

Com isso, por mais que este Ele é Demais seja a típica refilmagem caça-níquel absoluta, o longa acaba por possuir alma, proporcionando hora e meia de escapismo despretensioso, marcado por interpretações leves e corretas e que denotam alto-astral nas filmagens (pelo menos é o que tentam demonstrar os erros de gravação durante os créditos). Os atores são bonitos e talentosos. Addison Era, por exemplo, mesmo não sendo uma beldade para os padrões hollywoodianos clássicos, é muito bonita, possuindo raro corpo com curvas no meio deste universo semi-anoréxico, e se mostrando uma atriz despojada, sem pudores de aparecer, num super close, desmaquilada e com nariz escorrendo.

Foto: Divulgação (vestidos para matar)

Buchanan não tem que se esforçar muito para passar a ideia do jovem idealista e antissistema, algo até muito parecido com seu papel em Cobra Kai. Mesmo seu visual é praticamente igual ao do Robby (talvez por estar concomitantemente filmando a nova temporada da série-sucesso da Netflix). Aliás, sua maquiagem inicial e peruca são os pontos mais fracos da cenografia e figurino do filme.

Os demais personagens são arquétipos típicos, como a “irmã mais nova e mais popular do que o protagonista”Brin (Isabella Crovetti) –; a “única (e homossexual) amiga do protagonista”Nisha (Annie Jacob) –; a amiga fiel da vilã, que vai mudar de timeQuinn (Myra Molloy) –; e por aí vai.

Sem necessidade de grandes maneirismos, ângulos ou locações grandiloquentes, a fotografia é simples, nítida e bem colorida e a direção bem convencional em termos de posicionamento de câmera e efeitos. Claramente, Waters preferiu concentrar esforços na condução de seus jovens atores, conseguindo, ao fim, um produto bacana, dotado de vida própria, mas que, como o longa de 1999, poderá ser lembrado quando passado na televisão, mas dificilmente considerado como cinema de gente grande.

Bom e esquecível divertimento.

Recomendamos para um fim de noite de domingo.

Até breve, tripulantes!!

Foto: Divulgação (cavalgando, paquerando e postando no Instagram, claro!)

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Nota: 3 / 5 (bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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