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Críticas

LA CASA DE PAPEL S03 | Crítica do Neófito

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ESSA MATÉRIA CONTÉM SPOILERS!!!!!!!

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Antes de mais nada, preciso confessar que demorei muito para assistir à aclamada série La Casa de Papel do Netflix, fato do qual me arrependo bastante agora.

Estreada em 2017 (ano no qual foram veiculadas suas duas primeiras temporadas), a série sobre um grupo de 8 audaciosos ladrões com nome de cidades comandados pelo misterioso Professor (Álvaro Morte, perfeito), que invade a Casa da Moeda Espanhola para cometer o maior roubo da história caiu, de imediato, não apenas no gosto popular – a série foi um tremendo sucesso de público – mas também agradou bastante à crítica, quase unanimemente positiva, até a conquista do Emmy Internacional de melhor série dramática, em 2018.

Foto: Divulgação (foto promocional da 1ª temporada)

Como todo mundo sabe, o roubo – na história da série – foi um sucesso (quase 1 bilhão de Euros), apesar da morte de alguns personagens queridos, pois, nem tudo poderiam ser flores na trajetória de um grande plano criminoso. Do mesmo modo, no mundo real, a série se sai muito bem (como visto acima), apesar de alguns equívocos aqui e acolá, pois, é bastante difícil manter o pique constante da trama com reviravoltas coerentes durante 24 episódios (a soma da 1ª e 2ª temporadas, respectivamente com 13 e 9 episódios) de quase 1 hora cada.

Dessa forma, as duas primeiras temporadas têm, como pontos positivos, a coesão da trama, o controle da história, a direção segura, a excelente escolha/condução de atores, uma fotografia impecável, uma cenografia incrível, ótima montagem, flashbacks orgânicos, personagens que esbanjam carisma, a inventividade no roteiro.

Mas, como crítica, pode-se destacar o clima “novelesco” (que, para muitos, não seria algo essencialmente negativo), a partir do momento que, no meio de um crime de enormes proporções, acabam-se abrindo espaços cada vez maiores para tramas românticas e problemas de ordem pessoal e interpessoal capazes de botar por água abaixo todo o meticuloso planejamento de uma vida e 5 meses de preparação intensa (ainda que se leve em consideração a “tensão” de um roubo que durou vários dias).

Outra coisa que destoa um pouco do alto padrão da série é o fato de o roteiro custar a realmente conferir consequências mais sérias aos atos da trupe de ladrões. A violência, assim, é contida e às vezes incoerente: por exemplo, logo ao final do primeiro episódio, o personagem Rio (Miguel Herrán, correto) é alvejado por policiais, o que justifica uma explosão de fúria de sua amante e narradora da história, Tokio (a talentosa e belíssima Úrsula Corberó). Todavia, os referidos tiros não geram absolutamente nenhum desdobramento e nem uma “cicatrizinha” sequer no personagem ao longo dos demais 23 episódios!

A primeira morte só ocorre nos primeiros episódios da 2ª temporada: o personagem Oslo (Roberto García Ruiz), no E12S01, é acertado na cabeça por um cano desferido pelos seguranças da instituição, que conseguem escapar graças as tramoias de Arturo Román (o detestável personagem interpretado brilhantemente por Enrique Arce). Seu funeral, aliás, é uma cena tocante, haja vista a dor de seu amigo de antigas guerras, o abrutalhado sentimental e homossexual Helsinki (Darko Peric).

Foto: Divulgação

O personagem Denver (Jaime Lorente, muito bom), filho do sentimental Moscou (Paco Tous, em sensível composição), é apresentado como sendo intempestivo e brigão, contudo, ao longo de toda a trama, apesar de alguns arroubos, nunca é cumprida a expectativa de que tal temperamento provoque problemas para o grupo (o que fica a cargo da imprevisível e passional Tokio).

Mas, mesmo com deslizes dessa ordem, a série se destaca pela dinâmica incrível dos episódios, que nunca deixam a peteca cair! Uma série feita idealmente para se maratonar, pois, a cada final de episódio, há um gancho e a enorme vontade de se prosseguir assistindo o próximo.

Interessante, também, como a história consegue irremediavelmente nos fazer torcer pelos “bandidos”, ainda que todos tenham defeitos gritantes e estejam, em última análise, cometendo um crime por motivos e interesses puramente pessoais.

A história do roubo da Casa da Moeda ganha um final altamente satisfatório com o último e eletrizante 9º episódio da segunda temporada; todavia, algumas coisas foram deixadas em aberto, como, por exemplo, esclarecer o grau de relação entre o Professor e o impactante Berlim (Pedro Alonso, fantástico); a questão acerca do filho de Nairóbi (Alba Flores, forte em cena); uma conclusão mais satisfatória para o arco de Arturo Román; esclarecer como os ladrões fariam para viver com o seu roubo; o destino da filha e da mãe dementada da Inspetora Raquel Murillo (vivida com paixão pela bela Itziar Ituño); se Mónica Gaztambide – a futura Estocolmo (Esther Acebo) – realmente havia se apaixonado por Denver ou se estava, de fato, sofrendo da Síndrome de Estocolmo.

Não se sabe se tais “inconclusões” foram propositais – pensando em uma continuação –, apenas consideradas irrelevantes, ou se deixadas a cargo da imaginação dos telespectadores.

O fato é que o sucesso do programa motivou o Netflix a produzir uma nova aventura do agora multimilionário grupo, redundando nesta terceira temporada, que estreou no dia 19 de julho de 2019.

Os roteiristas foram extremamente hábeis na construção da trama desta nova temporada (a 4ª acabou de ser gravada no dia da escrita desta matéria, ou seja, dia 15/08/2019, com direito a posts dos atores no Twitter), utilizando-se de todas as brechas deixadas na temporada anterior para a construção deste novo capítulo da história: mostra-se a fuga e o destino dos personagens; esclarece-se explicitamente que Berlim e o Professor são irmãos; volta-se ao tema do filho de Nairóbi (aliás, de forma fundamental para a narrativa). No entanto, é evidente que se trataria de uma temporada verdadeiramente voltada para o fan service.

Foto: Divulgação

Isto é, tudo o que agradou nas primeiras duas temporadas está de volta: um espetacular roubo – desta vez no Banco Central Espanhol e sua enorme reserva de ouro –; conflitos pessoais e interpessoais; coadjuvantes interessantes – Coronel Prieto (Juan Fernándes), Subinspetor Ángel (Fernando Soto) –; e novos personagens de peso – Inspetora Sierra (Najwa Nimri, assustadora), Palermo (Rodrigo de la Serna, às vezes exagerado na difícil tarefa de cobrir a lacuna deixada pelo falecido Berlim), e o Coronel Tamayo (Fernando Cayo) –; reviravoltas inesperadas; ganchos para novos episódios; a volta do irritante (mas impagável) personagem Arturo.

Foto: Divulgação

O acréscimo de alguns novos integrantes no grupo também não afetaram a dinâmica da equipe e do programa em si: Marselha (Luka Peros) é um ex-soldado capaz de matar uma pessoa friamente, mas se recusa a autopsiar um porco já abatido, por “questão de princípios”; Bogotá (Hovik Keuchkerian) entra para substituir o falecido Moscou como o especialista em arrombamentos e tralhas diversas. Mais uma vez, o roteiro se mostra inteligente na forma como são integrados ao grupo remanescente das duas primeiras temporadas, sem forçação de barra e de maneira fluida.

Foto: Divulgação

A proporção de tudo também aumentou: dirigíveis pelos céus de Lisboa pintados com a máscara de Dalí, que soltam milhões de euros na cabeça dos transeuntes; canhões do exército; maquinário que lembra Missão Impossível e 007; centenas de reféns ao invés de meros sessenta e poucos; a inserção, mesmo que em flashbacks do inesquecível personagem Berlim (bem como de Moscou); as “aulas” do Professor para o bando; o jogo de xadrez com a polícia para ganhar mais tempo; e por aí vai.

Todavia, quando parecia que veríamos apenas mais do mesmo (ainda que superlativado) o episódio final da terceira temporada surpreende ao dar um passo aparentemente definitivo para a evolução da trama, tornando os ladrões – até então “bonzinhos” e “amados” pela população – em bandidos combativos e assassinos, capazes de usarem um lança-foguetes contra a polícia, incinerando um agente na frente das câmeras, dos reféns e do povo.

Além disso, pela primeira vez os anti-heróis correm risco real de sofrerem baixas importantes ou de até mesmo saírem perdendo, afinal, Nairóbi é alvejada por um atirador de elite após um diabólico estratagema da Inspetora Sierra, que também engoda o Professor ao usar um truque deste contra ele; a atual Lisboaex-inspetora Raquel Murillo – é presa… ou seja, a situação fugiu completamente do controle, que já era frágil, afinal, o plano de roubo era claramente menos a prova de falhas do que o anterior.

Foto: Divulgação

Pode ser que, na já aguardada 4ª temporada, tudo se resolva de forma mirabolante e mágica e, assim como os tiros que Rio levou no início da 1ª temporada, nada do que aconteceu na 3ª tenha realmente uma consequência definitiva, o que seria uma pena.

Mas é fato que La Casa de Papel é um fenômeno (foi a série de língua não inglesa mais rapidamente vista no canal de streaming em 2019) e tem muita capacidade de surpreender seu enorme e cativo público mundialmente espalhado. Mesmo não chegando a ser um Game Of Thrones em termos de repercussão, é um fenômeno cultural, daqueles que a gente acaba se vendo obrigado a assistir para se sentir pertencente ao universo pensante! Mas, para quem se arriscar, o aviso é que vc pode se viciar!!!

Por outro lado, espero sinceramente, apesar de gostar muito do programa, que a 4ª temporada encerre de vez as aventuras do grupo de ladrões de macacão vermelho e máscaras de Dalí, pois, o que mais restaria para eles roubarem? A Torre Eiffel? O Vaticano? O Kremlin?

Foto: Divulgação

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Nota: 4 / 5 (ótimo)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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