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Críticas

ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD | Crítica do Don Giovanni

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Considerado uma carta de amor de Quentin Tarantino a Los Angeles dos anos 60, o nono filme do diretor de “Pulp Fiction” (Era uma vez em Hollywood) é um nítido retrato do amadurecimento “temeroso” do cineasta. Determinado a recriar a “magia da época”, o talentoso escritor e diretor pensou em cada mínimo detalhe, criando uma obra tecnicamente impecável, uma verdadeira aula de cinema. Tudo remete aos nostálgicos anos 60, no auge do movimento hippie, em uma “nova Hollywood” em plena transição. Os cortes, os enquadramentos, a ótima trilha sonora, a iluminação, o incrível trabalho da direção de arte, funcionam maravilhosamente bem, dando a impressão que estamos vendo um filme sessentista.

Infelizmente ao optar por uma narrativa mais lenta, a trama se torna arrastada e pouca coisa acontece nos dois primeiros atos da produção. Ao se preocupar em fazer um filme nos “moldes” dos clássicos da “nova Hollywood”, Tarantino se distanciou demais do diretor que conhecemos. Mais sério, menos extravagante, menos sanguinário e menos provocador, o novo e amadurecido Tarantino parece contido por amarras que ele próprio criou.

Na trama somos apresentados à dupla dinâmica “Rick Dalton” e “Cliff Booth” (respectivamente Leonardo DiCaprio e Brad Pitt). Dalton é um antigo astro de TV do gênero Western que tenta redirecionar sua carreira para o cinema e Cliff Booth, é um veterano de guerra, ex-Boina Verde, dublê de longa data e melhor amigo de Rick Dalton (a amizade de Dalton e Booth é baseado na vida do ator Burt Reynolds e seu dublê  Hal Needham). Ambos estão tentando sobreviver em uma Hollywood que não existe mais e acabam se tornando vizinhos de Sharon Tate (Margot Robbie) e do aclamado diretor Roman Polanski. De alguma forma todas essas histórias se cruzam tendo como pano de fundo, os crimes da famosa “família Manson”.

Inicialmente acreditava-se que o diretor, detalharia boa parte dos crimes de Charles Manson, porém Tarantino optou por apenas pincelar parte do que aconteceu, deixando boa parte da macabra história de fora da produção. Os espectadores mais desinformados ficarão sem entender boa parte das referências, aparições e “fatos” que o diretor distorceu e alterou drasticamente, uma decisão polêmica que causa bastante desconforto, colocando em xeque toda produção.

Charles Manson foi um dos psicopatas mais famosos da história, responsável por criar um grupo de assassinos seguidores que se autodenominavam “A Família Manson“. A rápida aparição do celebre e diabólico líder da “família” no filme pode passar despercebida por boa parte do público, já que o diretor optou por usa-lo como uma espécie de “easter egg de luxo”, mas confesso que para quem conhece os crimes do articulado assassino, a cena em questão se transforma em uma das melhores de toda produção. Mas será que a ideia de não usar Manson diretamente na história foi à decisão mais acertada?

O mais famoso crime da “família” foi o assassinato da esposa do diretor Roman Polanski, Sharon Tate, uma das mulheres mais bonitas do cinema na década de 60. Tate foi brutalmente assassinada, aos oito meses de gestação.

As mortes da atriz e quatro de seus amigos dentro de sua casa em Los Angeles e do casal Leno e Rosemary LaBianca, em outra região da cidade no dia posterior, ficaram conhecidos pela mídia como o caso Tate-LaBianca.  

Liderados por Charles Manson, um ex-presidiário aspirante a músico que havia criado uma comunidade hippie de jovens seguidores, o grupo assassinou sete pessoas durante as noites de 9 e 10 de agosto de 1969, com requintes de crueldade, num dos mais bárbaros crimes da história dos Estados Unidos. Os crimes foram cometidos por CharlesTexWatson, Patricia Krenwinkel, Susan Atkins e Leslie Van Houten, que tiveram suas penas comutadas para prisão perpétua pela mudança nas leis penais da Califórnia enquanto esperavam a execução. Tendo sido negados os pedidos de liberdade condicional, todos permanecem presos, à exceção de Susan Atkins e Charles Manson, que morreram durante o cumprimento da pena.

Tarantino sem dó nem piedade, alterou completamente o final da “história”, protelando e modificando o destino de diversos personagens, criando uma confusão mental para quem conhece os fatos e várias “fakenews” para quem nunca ouviu falar dos crimes do psicopata. Margot Robbie como Sharon Tate está belíssima, infelizmente isso é o máximo que podemos dizer sobre sua atuação, pois no pior estilo “Mary Jane” dos anos 60, a personagem apenas desfila sua beleza nas festas e baladas, como um verdadeiro objeto de desejo, com pouquíssimas frases, apesar da constante presença na tela. Uma sósia de Tate poderia ter feito o mesmo papel, com um custo infinitamente menor. Margot Robbie é uma ótima atriz e merecia mais falas, mais diálogos, para não cair no mesmo estereotipo feminino comum no cinema da época.

E por falar em estereótipos…Mike Moh como Bruce Lee é uma ofensa a imagem do maior lutador de artes marcais de todos os tempos. Por mais que tivesse um temperamento intempestivo, beirando a arrogância, Lee não fazia desafios e sim era desafiado frequentemente. Lee é retratado de forma bastante caricata, dando a impressão que o filho do dragão era um enganador, um mero farsante.

O ponto alto da produção fica por conta da excelente química entre DiCaprio e Pitt, que muito provavelmente devem repetir a parceria em alguma futura produção Hollywoodiana, devido ao fantástico entrosamento que demonstraram em todo longa. Leonardo DiCaprio, (quem diria?) rouba todas as cenas em que aparece, sua atuação é impressionante e digna de uma indicação ao Oscar. Um papel extremamente difícil e complexo, onde DiCaprio pode mostrar todo seu talento e sua versatilidade. Uma cena em especial onde Rick Dalton finalmente encontra sua redenção, o ator extrapola e entrega talvez “a melhor atuação de sua vida” um momento magnifico.

Por mais que cometa alguns pecados capitais, Era uma vez em Hollywood é um prato cheio para todos os amantes de cinema e da cultura pop. É inegável sua qualidade técnica, mas as decisões de roteiro tomadas pelo diretor comprometeram o resultado final, criando um longa arrastado que dividirá opiniões, principalmente por abusar de estereótipos racistas e machistas, além de modificar vergonhosamente a verdade dos fatos.

 

Pontuação de 0 a 5.

Nota: 3,5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Giovanni Giugni (Don Giovanni) é o exército de um homem só, por trás da "Casa das Ideias". Teve a felicidade de ter como primeiras experiências cinematográficas, filmes do calibre de Superman de 1978 e "O Império Contra-ataca". Destemido desenhista e intrépido apaixonado por "Super-heróis", vive disfarçado como um pacato Professor de musculação.

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