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Críticas

JESSICA JONES S03 | Crítica (tardia) do Neófito

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Após períodos bastante turbulentos e de quase falência na década de 1990, a Marvel Comics ressurgiu das cinzas a caminho de se tornar a grande potência que ainda hoje é, graças, também, ao investimento nas adaptações para live-action, seja no âmbito cinematográfico ou televisivo.

Muito desse soerguimento se deu graças – para o bem e para o mal – ao trabalho de Joe Quesada, então nomeado editor-chefe da Marvel, que, como uma de suas medidas, teve a ousadia de romper com o Comics Code Authority, o famigerado código de ética dos quadrinhos norte-americanos, criado nos idos dos anos 1950, ao criar a linha editorial Marvel Knights (1998) e o selo Marvel Max (2001).

Foto: Divulgação

Enquanto o Marvel Knights foi voltado para histórias mais clássicas, todavia com uma temática mais madura, o Marvel Max era dedicado a tramas mais explícitas e adultas, envolvendo um alto grau de violência e até mesmo de sexo e nudez.

Foi por este selo (Marvel Max), que, por algum tempo, a Marvel se destacou com publicações bastante autorais e marcantes, como foi o caso de Poder Supremo (reformulação do Esquadrão Supremo, que, por sua vez, já era uma paródia da Liga da Justiça dentro do universo Marvel), série concebida por J. Michael Straczynski e Gary Frank. Nick Fury e Justiceiro ficaram a cargo de Garth Ennis.

Todos estes, até agora e entre outros títulos, tratavam de personagens clássicos da Marvel, mesmo que há muito tempo esquecidos caso de Esquadrão/Poder Supremo).

O brilhante Brian Michael Bendis – junto com o desenhista Michael Gaydos e o capista  David Mack – porém, resolveram criar uma personagem absolutamente nova para seu projeto junto ao selo Max – a série Alias – ainda que tenham desenvolvido um passado que a integrasse ao restante do universo da Marvel (estudou na mesma escola e era apaixonada pelo jovem Peter Parker; foi banhada pelos mesmos produtos químicos que conferiram os super-sentidos de Matt Murdock; interagiu com os Vingadores; foi amiga de Jessica Drew, a Mulher-Aranha; teve como arqui-inimigo Zebediah Kilgrave, o Homem-Púrpura etc.). Tratava-se, portanto, de Jessica Jones, uma ex-super-heroína convertida em investigadora particular, beberrona, boca-suja e sexualmente ativa (flerta com Matt Murdock, Steve Rogers, Scott Lang), que, ao final da série, termina grávida do herói de aluguel Luke Cage, com quem acaba se casando.

A série, mesmo que oficialmente destinada restritamente a um público adulto, foi um grande sucesso, graças aos roteiros ágeis e inventivos de Bendis, aos desenhos estilizados e ao mesmo tempo realistas de Gaydos. A personagem, portanto, conquistou o público, passando a integrar o universo da Marvel de forma regular.

Foto: Divulgação

Quando surgiu a exitosa parceria entre a Marvel e o Netflix, foi anunciado que uma das séries televisivas a serem produzidas seria justamente Marvel’s Jessica Jones, que integraria, ao lado de Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro, Defensores e Justiceiro, um núcleo mais urbano de super-heróis da Casa das Ideias em live-action.

Depois de Demolidor, Marvel’s Jessica Jones – estrelada pela luminosa Krysten Ritter – foi, sem dúvidas, a mais bem sucedida série surgida da parceria entre as duas gigantes do entretenimento (Marvel/Disney e Netflix), um pouco frente de Luke Cage, Justiceiro e Defensores (reunião de todos esses super-heróis) e muito superior a Punho de Ferro (um horror!!!!!!).

Foto: Divulgação

A primeira temporada (2015) foi surpreendente e apresentou o Homem-Púrpura/Zebediah Killgrave do ótimo David Tennant, certamente um dos melhores vilões da Marvel em live-action.

Foto: Divulgação

Apesar de uma quantidade de episódios (13) um pouco maior do que o desejado – que causa inevitáveis enrolações na trama – a primeira temporada ganhou nota acima de 80 do Rotten Tomatoes, sendo realmente muito boa.

A segunda temporada (2018) foi um pouco menos bem sucedida e mais criticada, por uma maior quantidade de violência e um miolo arrastado. Mas, mesmo assim, esteve longe de ser um fracasso, recebendo também críticas extremamente positivas devido, também, à forte metáfora de sua trama com a dependência química.

Eis que, nesse meio tempo, a Marvel e Netflix terminam sua parceria, cancelando, para a tristeza dos fãs, Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro, Justiceiro e, antes mesmo de estrear, Marvel’s Jessica Jones, cuja terceira temporada (2019) seria a última investida da vencedora sociedade Marvel/Netflix.

E a Netflix não fez feio!

O fato de ser um produto nascido para ser o encerramento de um projeto não fez com que o investimento na série fosse menor ou menos caprichado.

A terceira temporada de Marvel’s Jessica Jones retoma a história deixada ao final da segunda temporada na qual a Trish Walker (Patsy) vivida por Rachael Taylor tomava consciência de seus poderes de Felina, logo após ter assassinado a mãe biológica de Jessica. Ou seja, a relação das irmãs de criação está extremamente abalada, enquanto Patsy treina feito louca para aprimorar suas recém-adquiridas habilidades especiais e se lança em caçadas a criminosos, obviamente, de forma algo displicente e inconsequente.

Jeri Hogarth (Carrie-Anne Moss) está prestes a sucumbir à sua agressiva doença degenerativa, enquanto Malcolm (Eka Darville) tenta se adaptar a suas novas funções junto ao escritório de Hogarth.

Foto: Divulgação

Jessica, por sua vez, tenta, de forma às vezes atrapalhada, mas constante e perseverantemente, fazer o bem, mesmo que negando o tempo todo sua vocação para o heroísmo. Evidentemente, ela não deixa a garrafa de uísque muito tempo de lado, tanto para lidar com a pressão de seu trabalho e poderes, quanto em virtude do enorme vazio de sua vida pessoal, rodeada de tragédias, desamores e decepções (a última oriunda do assassinato de sua perigosa e poderosa mãe biológica pelas mãos de sua amada irmã adotiva).

Não demora muito, também, para que ela conheça um novo amor descartável, na figura do primeiramente simpático (e depois enigmático e problemático) Erik Gelden (Benjamin Walker). No desdobramento dessa aventura sexual, Jessica é surpreendida por um atentado violento que lhe custa o baço, promovido pelo personagem Gregory Salinger (vivido de forma competentíssima por Jeremy Bobb). Diga-se de passagem, Gregory Salinger é uma criativa e boa adaptação do personagem de segunda linha da Marvel Comics, o super-vilão Foolkiller.

Foto: Divulgação

A trama, então, desenvolve-se em várias linhas, mostrando as tentativas (na maioria nada nobres) de Hogart em resgatar um antigo amor da juventude antes de sua inevitável decadência física completa; de Malcolm lidando com atos pouco éticos no desenvolvimento de sua carreira; acompanhando a caminhada de Patsy por caminhos perigosos; e a continuidade dos conflitos de Jessica em assumir definitivamente (ou não) sua condição de super-heroína e modelo social.

Com algumas enrolações de praxe na metade da série, deve-se dar o devido destaque para o vilão Salinger, o qual usa de sua humanidade como uma faca certeira a ser direcionada contra a consciência moral das “supers”. Não chega a ser um Killgrave, mas é bastante irritante e mortífero para representar uma ameaça à altura de Jessica.

O bacana é ver o paralelo – meio óbvio na verdade – entre a caminhada de Jessica Jones – o tempo todo querendo negar sua importância e responsabilidades, mas sempre fazendo o necessário, ao custo de seu próprio bem-estar – e a de Trish – que aceita (e deseja) de boa vontade o encargo das novas super-habilidades, mas acaba se enveredando para o inverso do heroico, mostrando-se cada vez mais egoísta em seus atos.

O paralelo com a dependência química está novamente presente, tanto no arco dramático de Trish, de Salinger, quanto no de Malcolm (e, em certa medida, de Hogarth), ainda que de forma mais subliminar do que na segunda temporada.

Erik é outro que oscila entre a empatia/ética e o egoísmo interesseiro, servindo de contraponto para as duas personagens que mais ocupam lugar na temporada, evidentemente, Jessica Jones e Trish Walker.

Foto: Divulgação

Todos os personagens têm finais bem resolvidos, mas nem todos de forma totalmente resolutiva, deixando espaço para que o expectador imagine o fim definitivo de cada um na sua própria cabeça, o que se mostra uma decisão corajosa da produção.

O final melancólico – e coerente com a narrativa – combina bem com o fim da série e, de certa forma, com a parceria entre Netflix e Marvel Estúdios.

Mas, no último segundo (ainda que alguns possam preferir uma interpretação mais sombria), Jessica Jones súbita e finalmente percebe que, sim, ela fez a coisa certa e deve se orgulhar disso; da mesma forma que o Netflix deve se permitir a sensação de dever cumprido pelo bom trabalho que realizou com os personagens que a Marvel lhe entregou.

Foto: Divulgação

Vale muito à pena assistir à última e ótima temporada de Marvel’s Jessica Jones.

De preferência saboreando uma dose de uísque! (para os maiores de idade, claro!!!)

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Nota: 4 / 5 (ótimo)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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