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Críticas

STRANGER THINGS | A série sensação de 2016! Crítica do Viajante!

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Quando apareceu como uma bailarina com problemas de alcoolismo e sendo substituída por uma estrela mais nova em Black Swan, Winona Ryder parecia fazer uma paródia de sua própria carreira. Uma atriz que por escolhas ruins foi, pouco a pouco, sendo deixada de lado para papéis principais.
 

É significativo que ela tenha sua grande oportunidade de reerguimento com uma série que se passa justamente no período em que Winona despontava e que lhe legou os dois personagens mais icônicos de sua carreira; a jovem gótica Lydia Deetz de “Os Fantasmas se divertem”; e o improvável par romântico com Jhonny Depp em ‘Edward Mãos de Tesoura” (este um filme de 1990, mas com toda a alma oitentista).

Stranger things, a tão comentada série da Netflix, traz uma Winona despida de qualquer vaidade, com uma entrega ao personagem raramente vista, e encabeçando um elenco cativante, composto essencialmente de iniciantes ou atores habitualmente relegados ao papel de coadjuvantes.

A história, recheada de referências ao universo pop dos anos 80, tem uma premissa que nos dá um gostinho de dejavu: um grupo de crianças viciadas em RPG encontra um amigo estranho, com poderes fantásticos e caçado por um maligno grupo de cientistas (E.T. call!).

Mas a partir daí, a história se desenrola com o desaparecimento de Will, um dos amigos players, e acompanhamos os desdobramentos de sua busca sob os olhares de sua mãe, papel de Winona Ryder; de seu irmão mais velho (Charlie Heaton); do Xerife mais azarado do mundo (David Harbour) e o trio de amigos de Will, estes os verdadeiros protagonistas.
Mike, Lucas e (o queridinho da internet brasileira) Dustin são mostrados em tela como crianças que qualquer um que teve sua infância na década mágica dos anos 80 poderia se reconhecer. São os nerds e desajustados sim, mas nada de serem mostrados como as inverossímeis crianças superinteligentes de muitasproduções do gênero. Eles discutem, falam palavrões (mesmo na versão dublada), se apaixonam pela irmã mais velha do amigo, sentem ciúmes uns dos outros, enfim, sentimentos reais de um menino pré-adolescente, e a interpretação crua e sincera dos jovens atores torna tudo ainda mais forte.

Outro ponto de destaque é a pequena Millie Bobby Brown. Sua Eleven, ou El para os íntimos (a tradução para On na dublagem, convenhamos, não funcionou) é ambígua e misteriosa; doce e inocente sim, mas no fundo fica a impressão que pode ter ali algo além.

Ao longo da busca pelo garoto desaparecido, a série, ao mesmo tempo que se aventure pelo fantástico (e falar mais seria estragar a experiência de descobrir a verdade sobre o Demogorgon), flerta com temas mais sérios e densos como alcoolismo, bullyng, homofobia e abuso doméstico de uma forma orgânica à história e sem ser planfetária ou piegas. Tudo isso embalada por uma poderosa trilha sonora, com Joy Division, The Clash, New Order e outros clássicos.

Limitada pela tecnologia da época, a direção de arte e roteiro é hábil em utilizar estas limitações como trunfos da narrativa, como o telefone de fio e suas estáticas, o walkie-talkie, a primitiva máquina fotográfica com filme e até mesmo a bússola.

Apesar de seu tom fantástico, a série se sustenta mesmo pelas emoções puramente humanas que transmite. O amor de Joyce e Jonathan por Will é genuíno, o senso de compromisso ( e de culpa) do Xerife Jim faz com que ele continue sua busca mesmo que implique em riscos para sua vida, e a inocente valentia do trio de protagonistas, que como toda criança que viveu sem a influência da onipresente internet, acreditava que o fantástico era possível. Até mesmo a condição física do ator Gaten Matarazzo é utilizada para fortalecer a história e tornar o personagem ainda mais real e amado pelo público.

Os clichês dos filmes de adolescentes também estão lá, como em um jogo de RPG, o atleta popular, a amiga liberal, o valentão burro, a virgem tímida, o desajustado com bom coração e a heroína virtuosa. Mas são desconstruídos de forma brilhante à medida que os capítulos avançam.

Stranger Things é uma grata surpresa no mundo das séries, com seus 8 episódios propícios para aquela maratona regada a pipoca e guaraná, que faz jus a todo seu hype conquistado nas redes sociais.

(Ps: tão incrível quanto a série em si, são os spot gravados especialmente para o Brasil, com a participação debochada de ninguém menos que Xuxa Meneguel, fazendo piada encima de seu suposto pacto com o tinhoso. Mais anos 80 impossível! Veja abaixo e tente não rir:)

 
 
 
 

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Nota para a série: 4 / 5

 

Professor de História e Grande apaixonado pela sétima arte e da maior premiação do cinema, o Óscar. Viciado em séries e Redador das colunas "Vale a Maratona" e "Papo de Cinema".

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