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Críticas

PANTANAL | O Poder do texto forte em atingir uma Nação

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Embarquem na minha chalana para acompanhar essa review e “faz o favô seu moço toca Cavalo Preto!”

Pantanal: Alcides arruma encrenca séria durante casamento de J

Jesuíta Barbosa e Alanis Guillen como Jove e Juma – Imagem da Internet

Pantanal, com sua estreia realizada no fim de março acabou reascendendo o gosto do brasileiro por assistir novelas, o folhetim trouxe de volta para a TV as superproduções. 

As pessoas estavam esquecidas do poder que um texto forte tem em atingir todo um país de uma vez quando se faz o gênero mais popular de um país inteiro na mídia mais popular do mundo, a televisão. Temos como exemplos Gilberto Braga tocando na ferida do brasileiro na aclamada Vale Tudo e Dias Gomes debochando de um Brasil careta nas lendárias O Bem Amado e Roque Santeiro

O Brasil acaba sentindo falta das novelas por conta disso. No meio de uma crise do gênero, acabou rolando uma tentativa de afastamento e com isso acabou havendo um abandono do público durante a jornada. Com a chegada da pandemia o que parecia difícil se tornou impossível em certos momentos.

No meio desse caos acaba ressurgindo Pantanal. Vale lembrar que a trama de 1990 foi oferecida para a Rede Globo, mas após ouvir o não da emissora carioca, a novela acabou indo parar na Manchete. Desde o retorno de Benedito para a emissora carioca se falava sobre um possível remake da novela que conquistou o país e isso só veio acontecer em 2022, em plena retomada pós pandemia. A partir do anúncio foram depositadas altas expectativas e apostas, seria uma receita para mais um fracasso ou a retomada do sucesso?

Pantanal: Sérgio Reis comanda roda de viola no final da novela

Roda de viola no final da novela – Imagem da Internet

Sem desmerecer as tramas experimentais, que possuem suas virtudes, mas o público realmente anseia pela volta de novelas com semblante de novela. Tendo  o Pantanal sul mato-grossense como ponto central, expõe uma trama rural que é muito bem apreciada pelos expectadores. 

Por ter aquela sensação de algo muito distante de boa parcela da população brasileira, a vida de peões e vaqueiros sempre chamou bastante atenção. Os vaqueiros sempre foram os cowboys do imaginário de nossa nação, melhor dizendo os cowboys que são os vaqueiros do imaginário dos norte americanos.

Sendo autor de sucessos como Renascer Cabocla, Ruy Barbosa é o maior nome do gênero, e escolher o que talvez seja o maior título de sua carreira para ser adaptado para os dias de hoje foi uma escolha natural. Escrita por Bruno Luperi, neto de Benedito, a nova novela carregou a missão de emocionar e, mais do que tudo, engajar o público através da linguagem universal de forma que só uma novela pode fazer. Auxiliado pelo melhor que a tecnologia pode oferecer ao audiovisual, seu texto se torna uma experiência que só pode ser chamada de superprodução.

Silvero Pereira, de Pantanal, relata surpresa com peões gays

Silvero Pereira em cena como Zaqueu – Imagem da Internet

Após a maior campanha publicitária em torno de uma estreia nos últimos anos, finalmente estreou a novela com um capítulo de mais de uma hora, a dinamicidade apresentada representou o tom mais rápido que a trama pretenderia propor até o fim.

A passagem de tempo logo de cara foi ágil e não deixou muito espaço para descanso do público, funcionou super bem na estreia e nas demais passagens que foram realizadas, nesse aspecto foi algo muito bem feito e foi algo totalmente necessário já que a trama possui mais de uma fase.

Simultaneamente o texto de Bruno não foi nada afobado e jogou de cara todos os elementos esperados pelo público, ele toma seu próprio tempo mesmo usando de vários recursos que aceleraram a história.

Podemos destacar a preocupação em construir e contar a história de José Leôncio e seu pai Joventino, boa parte da essência desse personagem central é construída com base na relação desses dois homens e do vazio que sobra com a ausência de uma figura paterna. 

A troca entre os atores garantiu ao público o vislumbre de talentos mais experientes e notar a habilidade de se esvaziar de si e ser preenchido por um personagem tão longe da sua própria realidade, isso chamou muita atenção.

Nesse ambiente rural e de vida tão distante do nosso conceito padrão, o misticismo folclórico de algumas figuras se confundem com sua própria humanidade e criam homens que são por si só lendas. Jove é uma das maiores representações disso não só pelas palavras , mas também pelos pequenos gestos e da forma como olha para os animais, o personagem se manifesta. Dessa forma, preenche a tela sem atrapalhar a visto de se vislumbrar o que o cerca. 

Tudo o que vem vindo depois fez sentido, como por exemplo o sentimento de Leôncio pelo pai acaba também sendo sentido pelos espectadores, vendo com distância, até o filho concordaria que o pai é uma figura quase inventada e que representa bem o imaginário popular sobre os homens da região e do trabalho que fazem. 

Não se pode fazer jus a um texto eficiente sem uma equipe de igual competência. Divididos entre as gravações externas no MT e nos enormes sets dos Estúdios Globo, no RJ, a produção da novela, arregaçou as mangas para o trabalho. A riqueza nas vestimentas e as caracterizações não deixam dúvida sobre o tema. Mesmo assim, além da natureza, dos atores e da equipe, um elemento chama atenção para si desde o primeiro segundo, graças a direção maravilhosa de Rogério Gomes. Utilizando recursos de ponta que tem à disposição, consegue filmar bem seus personagens sem nunca esquecer que o Pantanal propriamente dito é o grande protagonista. O contato com a natureza e os animais é um dos pontos positivos da novela. 

Inclusive, os próprios personagens gastam um bom tempo nos dizendo que aquele ambiente é deles. 

Pantanal: Almir Sater toca com Gabriel Sater em cena marcante - OFuxico

Almir Sater toca com Gabriel Sater em cena – Imagem da Internet

A novela se despede do público fazendo crítica social de forma emocionante, mostrando as secas e falando sobre a importância da preservação do bioma. 

“A distância cada vez mais comprida e essas águas cada vez mais rasas (…) Nunca pensei que fosse ver esse Pantanal tão seco. Minha chalana não merecia passar por isso. Ninguém merece. Acho que vou ter que bater perna” diz Eugênio que é interpretado por Almir Sater.  

O vídeo abaixo mostra a cena da chalana de Eugênio parando com a seca dos rios.

Em seguida, o personagem encontra com Irma, que também fez um alerta sobre as secas. “Pantanal tá secando na nossa frente, na nossa cara. Parece que ninguém vê isso. É impressionante, Eugênio“, afirmou ela. “Exatamente, só não querem enxergar”, completou o violeiro.

A situação do Pantanal é urgente e não fica só na ficção. Há três semanas, inclusive, vacas e jacarés foram flagrados atolados em uma grande poça de lama, em busca de água para sobreviver, no Mato Grosso do Sul. As queimadas e a falta de chuva têm preocupado ambientalistas e moradores da região.

Em junho, a Globo usou o incêndio que chocou o mundo em 2019 e 2020 para ilustrar a novela e provocar a reflexão. Na época, os incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares e uma área maior que a Bélgica foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram. Na novela, o Velho do Rio corre para salvar a natureza e acabou queimado em forma de sucuri. Os espectadores ficaram emocionados.

O roteiro é assinado por Benedito Ruy BarbosaBruno Luperi, Rogério Gomes Walter Carvalho assumem a direção e o elenco conta com a presença de Karine TelesAlanis GuillenJesuita BarbosaSilvero Pereira, Osmar Prado, Irandhir Santos e grande elenco. 

Disponível no Globoplay


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Apaixonado por arte e cinema, historiador, artista, apreciador de whisky e uma boa música, atualmente cursando Artes Visuais.

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