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Críticas

DEPOIS DO UNIVERSO | Crítica do Neófito

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Até poucas semanas atrás, o maior sucesso brasileiro no menu da Netflix era a comédia romântica Esposa de Aluguel. Apesar do “toque brasileiro”, o filme decupava a estrutura do referido gênero cinematográfico, principalmente aquela oriunda de Hollywood, de maneira a agradar o mais diverso público possível.

A partir de 27 de outubro de 2022, porém, foi outra produção nacional que bombou, passando a integrar o ranking das 10 produções da Netflix mais assistidas no mundo!

Trata-se do filme Depois do Universo, estrelado pela cantora, multi-instrumentista e atriz Giulia Be e o belo e internacional Henry Zaga (Teen Wolf e 13 Reasons Why).

E qual seria o segredo de sucesso do filme?

Pode-se dizer que foi uma sucessão de fatores muito bem pensados, somados àquela dose de aleatoriedade que às vezes acontecem com certas produções.

Nesse sentido, o primeiro ponto a ser apontado é a feliz escolha do casal de protagonistas. Giulia Be (no papel da pianista com lúpus, Nina) e Henry Zaga (interpretando o residente de medicina e aventureiro nas horas vagas, Gabriel) têm química excelente e se entregam de verdade aos seus papeis, construindo até mesmo nuances no desenvolvimento dos personagens, além de funcionarem bem em conjunto ou individualmente.

Foto: Divulgação (casal fofo!!)

O elenco de apoio é formado por veteranos extremamente experientes, capazes de conferirem credibilidade a seus personagens, mesmo quando claramente estereotipados e unidimensionais. Dessa forma, Leo Batista faz o papel de Yuri, melhor amigo gay de Gabriel, despontando como o coadjuvante mais novo e inexperiente, mas denotando simpatia e simplicidade (até simplismo) na sua composição; o grande  Othon Bastos vive Joaquim, dedicado, amoroso e simpático avô da sempre doente Nina; já João Miguel dá vida ao carrancudo Alberto, médico, diretor de hospital e pai viúvo do inquieto Gabriel; Viviane Araújo faz ponta como a hilária paciente de hemodiálise Amanda, que faz contraponto ao pessimismo da jovem protagonista; Denise Del Vecchio encarna a examinadora de orquestra Emília Borba, oscilando entre a frieza extrema e a simpatia gratuita durante o filme, soando um pouco forçada. Todavia, todos os nomes acima sabem que estão na produção com o único objetivo de servirem de ponte para que Giulia e Henry possam brilhar na intimista história contada pelo filme e cumprem muito bem seus papeis.

Um ponto fraco é o nível da produção, claramente econômico, como se os investidores não quisessem arriscar – ou pelo menos minimizarem ao máximo – qualquer possibilidade de prejuízo. Por mais que a história não demande grandes efeitos, locações extravagantes ou figurinos exuberantes é nítido que tudo foi racionalizado no limite, para maximizar a expectativa de lucro do filme.

A direção de Diego Freitas não compromete e consegue extrair espontaneidade dos jovens atores, organizando bem as viradas de roteiro e dramas subjacentes.

Mas o que supostamente deve ter sido o trunfo do filme foi seu roteiro e produção reverencialmente pautados na estrutura dos famosos melodramas norte-americanos, gênero que normalmente se sai bem na bilheteria, haja vista os sucessos de Love Story (1970), Sunshine: Um Dia de sol (1973), Tudo Por Amor (1991), Meu Primeiro Amor (1991), A Culpa é Das Estrelas (2014), Como Eu Era Antes de Você (2016), A Cinco Passos de Você (2019), Recomeço (2022) etc.

Nesse sentido, o filme conta a história de Nina, a romântica e sonhadora paciente de lúpus (desde criança), à espera de um transplante que nunca chega e aspirante a pianista de orquestra; por acaso, Nina conhece o jovem e irrequieto Gabriel, médico residente de um hospital público que seu pai Alberto (João Miguel) dirige com mãos de ferro e no qual, claro, a jovem vai parar para se submeter à hemodiálise semanal, até que surja (ou não) um doador compatível.

Foto: Divulgação (mente sã, corpo são!)

Assim, como na música da Legião Urbana, “mesmo com tudo diferente, veio meio de repente, uma vontade de se ver” e o resto é perfeitamente dedutível, não apresentando dificuldades de se prever todo o desenrolar do filme. Aliás, a cena inicial de Gabriel (não por acaso, o nome de um conhecido “anjo” celestial), que mostra ele pedalando inconsequentemente por entre carros nas vias de São Paulo é sintomática do destino do personagem, apesar de uma manobra de roteiro destinada a enganar espectadores mais desconfiados (ou menos atentos), apresentada no final do segundo arco do filme.

A mistura de comédia romântica com melodrama funciona bem, contendo os clichês clássicos dos gêneros: casal jovem e bonito, oriundo de universos pessoais e sociais totalmente diferentes, acaba se conhecendo de forma inusitada e, apesar de tudo indicar que seriam completamente incompatíveis, acabam se apaixonando perdidamente, a princípio enfrentando diversas adversidades para ficarem juntos até que surge um revés que, de fato, os separa e os obriga a superarem a si mesmos e às circunstâncias para poderem novamente ficar juntos. Mas, como se trata de um melodrama, algo profundamente marcante e doloroso acontecerá para que o(s) protagonista(s) possa(m) amadurecer de forma definitiva, num final (quase) feliz.

Foto: Divulgação (ah, os dramas da juventude! quantas saudades!!)

O tempero brasileiro à fórmula dos gêneros cinematográficos citados está na retratação do cenário nacional – principalmente o universo do sistema de saúde – e uma carnalidade atípica nos filmes norte-americanos, por exemplo. Tem até uma discreta cena de nudez dos personagens – contextualizada – denotando que casais jovens e apaixonados têm hormônios em ebulição e que, via de regra, vão transar!

No mais, a cena final chega a ser um pouco constrangedora, mas, a essa altura do filme, o espectador já está devidamente envolvido e capturado pela história de amor do carismático jovem casal de protagonistas para se importar tanto com isso.

Desse modo, Depois do Universo se apresenta como boa produção nacional, apesar de muito espelhada nas suas contrapartes estadunidenses, conseguindo atrair o interesse e prender a atenção de quem o assiste.

Uma boa experimentação para o tão maltratado cinema nacional, este que parece, de fato, sofrer de alguma doença incapacitante autoimune, que sempre o mina por dentro.

Bom divertimento, tripulantes!

Foto: Divulgação (“por ser feliz, pra sofrer, para esperar eu canto…”)


Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

 

 


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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