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Críticas

ENOLA HOLMES 2 | Crítica do Neófito

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Firmando-se como uma das mais novas e promissoras estrelas de Hollywood, a bela Millie Bobby Brown (a eterna Eleven de Stranger Things) é carisma puro nesta mais nova produção da Netflix, que mostra a segunda aventura da irmã caçula do mais famoso detetive do mundo, que ocupa o apartamento B da Rua Baker, nº 221: Sherlock Holmes.

Segura de seu talento e capacidade dramatúrgica, a namorada do filho do John Bon Jovi, no auge de seus lindos 18 aninhos, rivaliza em tela com a experiente Helena Bonham Carter, o grande David Thewlis (o Ares de Mulher Maravilha), e o galã máximo do momento, o incrivelmente bonito Henry “Superman-Geralt-de-Rivia” Cavill, sem qualquer constrangimento. Os atores mais experientes e tarimbados servem de base sobre a qual a jovem atriz brilha, mas sem ostentação. Se, no filme de 2020, ainda era possível perceber uma pontinha do peso que a responsabilidade de ser protagonista-solo pela primeira vez exercia sobre os ombros da estrela de Stranger Things, nesta segunda aventura da jovem moça-detetive tentando se firmar em plena era vitoriana inglesa, sobram-lhe leveza e carisma em tela, principalmente levando-se em conta o sempre difícil e perigoso recurso da quebra da quarta parede que – ao contrário da controversa recente série She-Hulk, mas aos moldes da extraordinária Fleabag – funciona extremamente bem, com total organicidade.

Foto: Divulgação (“corra, Enola! Corra!”)

A história é básica e deliciosa, repleta de pistas verdadeiras e falsas e algumas reviravoltas inesperadas, tendo como pano de fundo a famosa e real mobilização das operárias de uma fábrica de fósforos, em Londres, na busca de melhores condições de trabalho (digno de nota histórica o fato de que, no auge do Liberalismo, os empresários preferiam contratar mulheres e crianças, devido ao fato de receberem salários menores do que os dos homens, com produção idêntica ou até maior!).

Enola (Millie Bobby Brown) abre sua sala de investigação particular, confiante de que o caso que havia resolvido no primeiro filme lhe garantiria clientela. Mas, como se trata de uma história, conforme já dito, passada no período vitoriano, evidentemente que uma jovem moça solteira nunca conseguiria ser respeitada, inclusive por seus pares. Além disso, a solução do caso é atribuída ao famoso irmão Sherlock, mostrando que o empreendimento da jovem estava fadado ao fracasso, por puro sexismo. É quando entra em cena a quase menina Bessie Chapman (Serrana Su-Ling Bliss, super carismática), que está à procura de sua desaparecida irmã mais velha, Sarah Chapman (Hanna Dodd, a Francesca, da série Bridgerton).

A partir daí, a história parte da investigação sobre o desaparecimento da moça, adentrando pela paupérrima periferia britânica do final do século XIX; passeando pelos cabarés da belle époque londrina; invadindo os luxuosos bailes das classes privilegiadas da capital da Inglaterra; pelos presídios femininos, florestas e becos ingleses.

Tudo isso permeado, ainda, por uma misteriosa epidemia de tifo; pela complicada teia de corrupção investigada pelo solitário e cerebral Sherlock Holmes que, de tão intrincada, é capaz de tirá-lo do sério; chegando ao salão dos nobres britânicos, na figura do bonito Lorde Tewkesbury (Louis Partridge), interesse romântico, desde o filme anterior, da protagonista.

Nessas muitas vertentes pelas quais o roteiro passeia, destaca-se a figura do temível e implacável Superintendente Grail (David Thewlis), sempre ambíguo e perigoso; a militância de Eudoria Holmes (Helena Bonham Carter), matriarca do clã Holmes, ainda em fuga, graças ao teor revolucionário de suas ações pelo empoderamento social feminino, e sempre podendo contar com a ajuda da corajosa Edith (Susie Wokoma); há, ainda, o enigmático nobre Charles McIntyre (Tim McMullan); e a submissa Mira Troy (Sharon Duncan-Brewster).

Foto: Divulgação (o que o Ares está fazendo aqui??)

Percebe-se, pela breve descrição acima, que Enola Holmes padece de um problema comum às produções atuais que é a multiplicidade de temas abordados, de modo a falar de muitas coisas, mas sempre de forma superficial. Todavia, a direção segura e leve de Harry Bradbeer percorre todos as temáticas suavemente, como se chamasse a atenção para a importância delas, mas ao mesmo tempo dizendo não ser o melhor momento para as abordar, com exceção óbvia da pauta feminista (o que é um grande mérito para um diretor masculino).

Tanto as dificuldades de Enola em conseguir se firmar como detetive e resolver o novo caso, quanto os dramas vividos pelas irmãs Chapman e demais operárias da fábrica de fósforos, bem como a cruzada revolucionária da matriarca dos Holmes, Eudoria (papel de Helena Bonham Carter), servem de pano de fundo para discutir o tema do feminismo e sua inglória e histórica luta contra o machismo estrutural vigente no mundo desde eras bem antigas. Tema atual e conveniente, afinal, é evidentemente que, mesmo nos dias atuais, as mulheres sofrem, por exemplo, para conseguirem se colocar, com igualdade de oportunidade e dignidade, no mercado de trabalho, principalmente em posições que, “tradicionalmente”, sempre foram atribuídas aos homens.

Foto: Divulgação (“curso intensivo de dança de salão” saindo!, Com direito à azaração!)

E o filme consegue ser bastante feliz na sua abordagem do feminismo e das agruras enfrentadas pelas mulheres de antes e de agora, inclusive por meio da revelação final, de extrema coragem e ousadia.

A produção é caprichadíssima, com excepcional reconstrução de época, seja por meio dos figurinos, pela cenografia impecável ou pelos ótimos efeitos visuais utilizados para tal fim, apoiados sempre pela fotografia competente de Giles Nuttgens.

Com direção ágil e esperta, roteiro azeitado, capaz de fazer o espectador torcer pelo que vê na tela – mesmo com as típicas pegadinhas dos filmes sobre detetives dedutivos –, Enola Holmes 2 é excelente opção de entretenimento para ser assistido por toda a família, sabendo, ainda, coroar tudo com questões sobre inclusividade feminina, ainda tão presentes na sociedade atual.

Millie Bobby Brown, sem qualquer dúvida, merece novos capítulos no papel da intrépida detetive, principalmente após o final sugestivo.

Que venham novos mistérios!

Foto: Divulgação (com detetives como este, quem, de qualquer gênero, não gostaria de ser encontrado?)

 


Nota: 4 / 5 (ótimo)

 


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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