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Críticas

GHOSTBUSTERS: MAIS ALÉM – Nostalgia ou Falta de Ideias? | Crítica do Neófito

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Os chamados anos 80 legaram à humanidade as malfadadas ombreiras, as bregas cores neons nas roupas e a famigerada pochete, as quais, ainda bem, hoje são artefatos esquecidos no museu do mal gosto.

Mas, por outro lado, indubitavelmente, a década de 1980 foi, também, responsável pela sedimentação dos blockbusters e pela criação de grandes personagens do cinema mundial, haja vista ter sido, deste período, que saíram produções como ET, Caçadores da Arca Perdida, Os Goonies, De Volta para o Futuro, O Exterminador do Futuro, A Hora do Espanto, Um Príncipe em Nova York, Blade Runner, Trocando as Bolas, Gremilins, Robocop, Um Tira da Pesada, Máquina Mortífera, Garotos Perdidos, e tantas outras!

Entre estas “tantas outras” acima citadas, não há como não mencionar a franquia de dois filmes, Ghostbusters (1984, 1989).

Reunindo um cast invejável de grandes promessas daquela época – Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis, Ernie Hudson, Sigourney Weaver, Rick Moranis – e dirigido pelo ainda jovem Ivan Reitman, os longas respectivos caíram no gosto do público e crítica, graças à ação bem engendrada, o clima de comédia despretensiosa, ótimos efeitos especiais e trilha sonora acertadíssima a cargo de Elmer Bernstein, da qual consta a irresistível canção tema defendida por Ray Parker Jr., até hoje uma delícia de se ouvir.

Foto: Divulgação (quando tudo começou)

Rezam as más línguas que o terceiro filme não saiu muito graças à má-vontade de Bill Murray em retornar ao seu personagem, uma vez que ele seria avesso a continuações, já havendo cedido para atuar no segundo filme, após uma série de exigências (o que incluiu ser produtor e protagonista do drama O Fio da Navalha, de 1984). O roteiro – pronto e escrito a duas mãos por Harold Ramis e Dan Aykroyd – acabou servindo de base para um game sobre os famosos Caça-Fantasmas.

Pelas décadas seguintes, volta e meia ressurgia o boato de que sairia novo filme da franquia, até que, em 2016, foi lançado o fraquinho Ghostbusters (As Caça-Fantasmas) que, apesar de estrelado por grandes talentos femininos – Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones – além da pitoresca e humorística participação de Chris Hemsworth, não passava da repetição de fórmulas. Ou seja, não foi pelo fato de ser protagonizado por mulheres que o filme foi fraco, mas pelo roteiro sofrível e pelo fato dessas personagens não terem identidade própria, mas meras versões femininas dos Caça-Fantasmas homens da década de 1980.

Foto: Divulgação (definitivamente, não deu certo!)

Finalmente, em 2019, saiu o anúncio oficial de que a produção de uma continuação direta dos filmes dos anos 80 havia começado, com direção a cargo de Jason Reitman, filho do Ivan, e que “poderia contar” com a participação dos antigos personagens.

Pandemias à parte, o filme realmente foi feito, com estreia marcada para o dia 18 de novembro de 2021 (se não ocorrer nenhuma antecipação).

E o que pode ser dito deste Ghostbusters: Mais Além?

O filme cheira a naftalina! Mas não que isso seja essencialmente ruim. Na verdade, trata-se de longa altamente nostálgico e reverente aos filmes da franquia original e que, para isso, construiu um roteiro baseado (quase chupado) do primeiro longa de 1984, incluindo a utilização do mesmo vilão, a cargo da bela Olivia Wilde.

Mas “Mais Além” não deixa, também, de propor a atualização da franquia, inserindo os jovens Phoebe (Mckenna Grace, ótima) e Trevor (Finn Wolfhard) – netos do Dr. Egon Spengler (Harold Ramis) – mais Podcast (Logan Kim, espontâneo) e o interesse romântico de Trevor, vivida pela bela Celeste O’Connor, como os novos Ghostbusters.

O cast adulto é basicamente resumido à talentosa Carrie Coon (Callie, filha de Egon, mãe de Phoebe e Trevor) e Paul Rudd (Mr. Grooberson), vivendo, como sempre, ele mesmo.

Foto: Divulgação (os “neófitos”)

E tome coincidências de roteiro! Callie é despejada de sua casa exatamente na mesma ocasião que seu pai morre em circunstâncias misteriosas, deixando de herança para ela os restos do que seria uma casa na fazenda, repleta de quinquilharias e um carro dos Ghostbusters na garagem. E, claro, paralelamente, os demônios e fantasmas estando prestes a se lançarem sobre o mundo novamente.

Os antigos Ghostbusters foram esquecidos, cada um seguindo seu rumo, restando aos jovens netos do Dr. Egon descobrir não apenas a trama macabra, mas como operar os equipamentos de captura de fantasmas.

Para tanto, o primeiro arco do filme se estende para além do desejado. Se, por um lado, é meritosa a paciente apresentação e construção de personagens, por outro, a trama central que levará à ação final se arrasta quase de forma sonolenta, principalmente para quem já conhece as premissas da franquia e deseja, mesmo, é ver a caça aos fantasmas mais variados.

Foto: Divulgação

E isso é outra coisa em que o filme falha: procurando reproduzir a textura e tessitura dos longas originais, Mais Além não inova em termos de efeitos especiais e, surpreendentemente, não apresenta nenhum rol de novas assombrações, limitando-se a, no máximo, dois ou três novos fantasmas.

A preguiça do roteiro pode ser percebida em vários pontos, tanto na construção da nova trama (afinal, por que, diabos, uma construção de devoção a um deus sumério se situaria em pleno interior norte-americano?), como quando repete as mesmas circunstâncias de filmes anteriores.

Ainda assim, o filme consegue divertir, graças ao carisma dos personagens jovens e pela nostalgia, reforçada pelo plot twist (ou seria surpresa esperada) próximo ao final. Harold Ramis – morto em 2014 – participa do filme de forma póstuma e graças à computação gráfica, numa cena que tenta forçar a emoção, sendo bem-feita.

Com duas divertidas cenas pós-créditos, Ghostbusters: Mais Além tem clara pretensão de iniciar uma nova franquia de filmes.

Tomara!

Mas que as próximas produções consigam se desenvolver para além do reverenciarismo deste primeiro filme de retomada, mantendo a nostalgia em alta, mas se permitindo caminhar por estradas mais próprias.

Foto: Divulgação (o passado e o presente com vistas ao futuro)

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Nota: 3 / 5 (bom)

 

Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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