Análise | Sekiro Shadows Die Twice por Konno

Jogos difíceis não são novidade.

Se você já tem alguma idade, deve se lembrar que na era 8 bits a grande sacada dos jogos era a sensação de superação proporcionada ao jogador. Títulos como Ghouls’n Ghosts, Battletoads, Mega Man e Mortal Kombat são alguns exemplos de como passamos raiva no passado. 

A From Software (responsável por Dark Souls, Bloodborne e Tenchu) sabe como ninguém resgatar essa pegada “Eu Odeio e Amo esse jogo”.

Este ano ela traz Sekiro: Shadows Die Twice, que pode ser classificado sim como mais um Souls Like, mas tem muita personalidade própria e diferenças significativas.

A começar pela história. A franquia Souls geralmente te põe num mundo dark cheio de monstros, do qual você tem poucas informações e deve coletar com NPCs textos que te ajudam a entender melhor o que está acontecendo. Em Sekiro não, você tem uma boa história definida, cheia de personalidade e com aquele charme do Japão Feudal (Era Sengoku). Conta a história de Lobo, um Shinobi (ninja) que ganha a missão de defender o Herdeiro Divino, um menino que tem o Sangue do Dragão, capaz de dar a ele a imortalidade. Essa dádiva (ou maldição…) que move a trama. Lobo recebe o Sangue do Dragão e ganha a habilidade de reviver uma vez, caso morra em batalha. Funciona como uma nova oportunidade de vencer o desafio. Em contrapartida, se você morrer muitas vezes, a Praga do Dragão se espalhará e começará a matar os NPCs que te ajudam. É possível reverter a praga com um item especial, mas são poucos espalhados pelo mundo do jogo. Algo meio desesperador, pois você morre muito no game. Tem que saber equilibrar bem esse problema.

A jogabilidade foi melhorada. Agora você não tem mais a barra de estamina da série Souls, mas tem a barra de postura no lugar. E com os inimigos é a mesma coisa, você tem a opção de matá-los esgotando seu sangue (saúde) ou quebrando sua postura. Isso se faz através de técnicas de acertos e também de bloqueios perfeitos – os já conhecidos Parrys. A câmera atrapalha um pouco em algumas boss fights e os gráficos no PS4 base estão bons, mas senti algumas quedas de frames em determinadas partes, nada que atrapalhe. São pequenas falhas que mal damos importância no conjunto da obra.

Embora seja um jogo difícil, Sekiro é justo e possível de terminar. Se você tiver paciência e observar bem a movimentação dos personagens, irá perceber os padrões de ataque e escolher qual a melhor estratégia seguir. Além disso, o personagem principal tem um braço prostético cheio de habilidades que te ajudam nas batalhas. É também possível adquirir itens buffadores e também melhorar sua capacidade curativa. Ademais, toda vez que você mata um chefão, ou 4 mini chefes, Lobo têm suas habilidades melhoradas. Entretanto, mesmo upando o personagem, a real é que enquanto você avança, é você, jogador, que está melhorando. As vantagens não são tão definitivas.

E a sensação de matar um chefão, ou mini chefe (o jogo é cheio deles, alguns até mais difíceis quer o chefões), é indescritível. E quando você vence, xinga a tv em júbilo, raiva e alegria. SPOILER: cuidado ao xingar e ficar feliz, pois há algumas surpresinhas… hahaha

O chefe final é tão difícil que procurei tutoriais na internet (caso você empaque em algum inimigo, se quiser, no Youtube há dicas sobre quase todos). Vi alguns vídeos para a batalha final, mas nenhuma dica funcionou bem para mim. Tive que tentar na raça. Finalmente consegui poucos momentos antes de escrever essa matéria e até agora estou suando frio e tremendo. Mas consegui fechar o jogo e a sensação é ótima!

Sekiro Shadows Die Twice é merecedorzíssimo de receber o prêmio de melhor jogo do ano.

Recomendo muito.

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