Connect with us

Colunas

DE VOLTA AO PASSADO | Príncipe Valente – por REX – O cachorro nerd

Publicado

em

DE VOLTA AO PASSADO | Príncipe Valente – por REX – O cachorro nerd

Olá, tripulação nerd! Aqui é o REX, o cachorro nerd, e hoje vamos falar um pouco sobre o Príncipe Valente.

Eu já falei em resenhas anteriores, dei uma pincelada leve, sobre quadrinhos antigos e sua importância como registro histórico, pois bem, o que eu quero dizer com isso, os quadrinhos, e a arte em geral, tem sua importância como entretenimento, com certeza, mas essa é só uma camada de um bolo que pode ter mais do que apenas uma camada e um sabor. Há nuances, em maior ou menor intensidade, que podem ser saboreados pelo consumidor, seja o consumido de quadrinhos, livros, pinturas, ilustração, cinema, seriados, musica e toda a variedade de formas de expressão artísticas disponíveis.

A Arte, e vou tomar a liberdade de restringir apenas aos quadrinhos, mas o que eu vou dizer pode e deve ser aplicada a toda e qualquer forma de arte, ela não se resume apenas ao entretenimento imediato e de fácil digestão, isso pode ocorrer? Pode, mas raramente ela se limita a isso e é um desafio amigável ao leitor que ele se aventure a detectar e decifrar essas camadas. Um quadrinho fala mais sobre a época, a sociedade e o mundo em que ele foi criado, quando ele foi escrito, desenhado e publicado do que a época, a sociedade e o mundo que ele tenta descrever. Isso acontece porque quem o escreve, desenha e publica ainda é um filho desse período, sujeito a toda a sua influencia mesmo que inconscientemente. Por isso, mesmo os quadrinhos podem ser utilizados como ferramenta e documento para o estudo histórico de um período da história humana, sua sociedade, sua cultura, politica, costumes e claro, como ferramenta e documento para o estudo da própria história dos quadrinhos. por exemplo: Família dinossauro, o seriado que passava de manhã na TV. Vocês acham que ele retratava o período “histórico” da era mesozoica por ser uma família de dinossauros ou ela estava retratando uma família americana de classe média no final dos anos 80 e inicio dos 90? O Batman, que tem 80 anos, e se um de vocês tivesse a oportunidade de pegar um conjunto das suas edições de cinco em cinco anos, perceberia que, apesar de essencialmente ainda ser o Batman, com a mesma origem, muitas coisas iguais, o clima, a atmosfera, a forma de escrever e como escrever muda de tempos em tempos adaptando-se a cultura da época sendo assim instrumento e documento para estudo antropológico, sociológico e histórico tanto de sua época quando da arte sequencial em si naquele período.
O que consumimos como cultura, o que temos nos quadrinhos, pode ser estudado da mesma maneira que estudamos um livro de história. Os quadrinhos não descrevem fatos registrados e documentados, mas algo mais sutil, eles descrevem o espirito do seu tempo. E pra tudo isso que eu falei, claro, existem exceções, Príncipe Valente não é uma, afinal, um jovem inglês, honrado, corajoso e destemido, defendendo seu rei e sua nação contra invasores estrangeiros e escrito em 1937??? Hummmm, Sr. Hal Foster, isso não foi completamente por acaso, né!?!?!?

Lembrem-se, CAMADAS, toda obra cultural TEM camadas, algumas mais finas e sutis, outras mais obvias. Algumas obras têm muitas camadas e outras têm poucas camadas, mas TODOS TÊM CAMADAS e confie nesse velho cachorrão que vos fala, a sua experiência será muito maior e mais prazerosa se você se permitir explorar e tentar decifrar essas camadas. Dito isso, vamos para o príncipe valente.

Harold Rudolph Foster, era canadense e nasceu no final do século XIX. Durante muito tempo trabalhou como ilustrador para propaganda e serviços de ilustrações diversas. Entrou no mundo dos quadrinhos quando foi convidado para desenhar o Tarzan do Edgar Rice Burroughs, e devido a seu forte estudo de anatomia e ilustração acadêmica, ele elevou a arte a um patamar diferenciado do que tínhamos na época devido ao primor anatômico utilizado e a inovadora arte sequencial que ele impôs com uma narrativa visual sequencial diferenciada de tudo que existia no mercado naquele momento. O ponto de vista do leitor, agora não está parado, não é mais uma fotografia de um palco de teatro em que temos apenas um ponto de vista e tudo se move da esquerda para a direita e vice versa. Agora a “câmera” o ponto de vista do leitor “gira”, “rotaciona”, com plano e contra plano conferindo assim uma maior imersão. A utilização e a composição de luz e sombra cria uma perspectiva. O leitor e convidado a “entrar” na cena, pois há profundidade. Os personagens avançam pra “frente” da página te convidando a recuar e “recuam, entram” na página te convidando a segui-los. Entendem? Luz e sombra servem agora a um propósito, não exclusivamente realista na criação de volume e forma, mas na também na narrativa, criando clima e atmosfera.


Enquanto Tarzan era o trabalho de Foster apenas nas ilustrações para Edgar Rice Burroughs, foi com Príncipe Valente que ele se aventurou tanto no desenho quanto na escrita. Príncipe Valente é a sua obra prima.

Príncipe Valente se passa no mundo fictício/místico/lendário/medieval da Inglaterra Arthuriana, então temos cavaleiros, castelos, monstros, gigantes, dragões, o Rei Arthur, Merlin, e toda a gama de coisas que amamos tanto. É a história, o conto, de um jovem e da sua jornada para se tornar um cavaleiro nesse mundo.
Foster não usa balões e tudo está descrito em recordatórios e comentários de um narrador em off, até mesmo as falas dos personagens são descritas por esse narrador. Impressionante como isso funciona com esse quadrinho pois cria uma aura de conto de fadas. Em outras obras, eu não sei se funcionaria tão bem, mas nessa funciona perfeitamente.

O trabalho tanto de anatomia, fisionomia, que são deslumbrantes nos traços de Foster, na obra Príncipe Valente são eclipsadas apenas pelo belíssimo trabalho de recuperação e descrição arquitetônica e de designer nas roupas, móveis, armas, armaduras, heráldica medieval, bandeiras, símbolos e demais objetos do cotidiano medieval. O trabalho de Foster serviu de inspiração para artistas e historiados desse período, e mesmo suas criações, obviamente fictícias, são tão belas e funcionais que levam ao engano de considerarmos quase que reais. Seus quadros são um deslumbre visual e estão entre os mais belos que eu já vi.

Príncipe Valente continuou a ser lançado até recentemente e mesmo depois da morte de Foster, foi continuada. Por ser uma obra tão longeva, O príncipe tem aventuras em diversos lugares no mundo e sempre mantendo uma qualidade visual e narrativa muito acima da média de outros quadrinhos. Foi publicada como tira de jornais desde o inicio e atualmente ainda é publicada semanalmente em mais de 300 periódicos norte-americanos. Foi adaptada em dois filmes live action, o primeiro em 1954 e o seguinte em 1997, uma seriem animada entre 1991 e 1993 e um RPG de mesa em 1991.

Príncipe Valente e as demais obras de Hal Foster influenciaram tudo que veio depois, tudo e todos, até mesmo o mestre Jack Kirby, que influenciado por uma passagem do Príncipe Valente, criou o visual do Demônio Etrigan.

Príncipe valente é uma daquelas obras que a maioria dos leitores de quadrinhos já ouviu falar, mas infelizmente que poucos leram. Uma pena.

Eu sou o Rex, o cachorro nerd, e eu também sonhava em ser um dos cavaleiros da távola redonda.

_________________________________________________________________

SIGA-NOS nas redes sociais:

FACEBOOK: facebook.com/nerdtripoficial

TWITTER: https://twitter.com/Nerdtrip1

INSTAGRAM: https://www.instagram.com/nerdtripoficial/

TIK TOK: https://www.tiktok.com/@nerdtripoficial?lang=pt-BR

YOUTUBE: https://www.youtube.com/c/NerdtripOficial

VISITE NOSSO SITE: www.nerdtrip.com.br

________________________________________________________________________

Leia também:

NERDTRIP NEWS | Neal Adams – Coluna do REX – O cachorro nerd

ORKUT | Será mesmo que o tão amado Orkut irá voltar?

STAR TREK PICARD | Curiosidades e surpresas escondidas do episódio “Mercy” (2×8)

STAR TREK PICARD | Análise do episódio “Mercy” (2×8)

DE VOLTA AO PASSADO | Planetary – Por REX – O cachorro nerd

Olá, pessoas! Meu nome é Josemar Torres, carioca, pisciano, barbudo, viciado em games FPS, estratégia e RPG, series, ficção científica, gibis, desenhos, filmes e é isso. agora deixa eu ir ali que a tia do batema está no telefone e quer falar comigo. fui.

Comente aqui!

Mais lidos da semana