Críticas
FUJA | Crítica do Neófito
Sarah Paulson sempre foi uma atriz competente, com rosto expressivo e bonito, acostumada a ser coadjuvante de luxo em vários filmes.
De uma hora para outra, tanto ela quanto os produtores descobriram que ela tinha talento especial para viver mulheres perigosas ou mortais e, desde então, ela não tem parado mais de protagonizar produções diversas com temática assustadora, de suspense ou até mesmo terror, como sua participação em American Horror Story (História de Horror Americana), na pele da médium Billie Dean Howard (primeira temporada) e da escritora Lana Winters (segunda temporada).
Mas foi em Ratched – série prequel de Um Estranho no Ninho da Netflix focada temida e opressora enfermeira Mildred Ratched (papel de Paulson) – que a atriz brilha. A série, na verdade, é um pouco irregular e exagera no tom sombrio da personagem, tornando-a um pouco diferente e mais inclinada à psicopatia do que a composição perfeita de Loise Fletcher no longa de 1976, mas ainda assim Paulson manda muito bem na parte que lhe toca no programa, garantindo o sucesso da produção, já renovada para um segundo ano, adiado em função da pandemia do Coronavírus.
Foto: Divulgação (Sarah Paulson, no destaque, como Ratched, nas fotos menores, de cima pra baixo, como Billie Dean Howard e Lana Winters)
Aproveitando, todavia, o carisma da atriz, a Netflix desenvolveu outro projeto protagonizado por ela, na forma de uma produção mais modesta, dentro do gênero suspense, chamada Fuja (Run), em que Sarah Paulson dá vida à Diane Sherman, mãe da adolescente de 17 anos Chloe, que, após um parto muito complicado, cresceu sofrendo uma série de doenças, que vão da paralisia nas pernas, manchas na pele, náuseas, asma até a clássica diabetes.
Foto: Divulgação
Chloe é interpretada pela jovem atriz Kiera Allen (23 anos) que, para a surpresa do público, é de fato cadeirante, desde 2014, por razões não divulgadas. No filme, a personagem vive isolada em afastada casa do interior estadunidense, numa pesada rotina de remédios, fisioterapias, dieta controlada, estudo domiciliar e cuidados por parte da mãe super zelosa, enquanto espera ansiosa o correio trazer carta de aceitação na Universidade de Washington.
Mas, apesar da sua condição peculiar, Chloe se revela uma típica adolescente, curiosa e ativa, adepta a algumas transgressões, como pegar bombons escondidos, o que a leva, sem querer a ver algo que lhe liga o sinal de alerta indicando que sua amorosa e dedicada mãe pode esconder alguns esqueletos bem feios no armário.
Deste ponto em diante, inicia-se a típica história de suspense e perseguição, agravada pela deficiência física da personagem, que torna tudo mais dramático, apesar de a trama recorrer bastante a alguns clichês do gênero, tornando possível prever algumas das reviravoltas do roteiro.
Mas ainda assim o filme vale pelo embate das duas atrizes, que se entregam com vontade aos seus papeis, conferindo realismo ao enredo às vezes meio absurdo. De novo, mesmo se tratando de uma trama batida, é possível fazer com ela se torne interessante pela forma como é desenvolvida, algo que Fuja faz com bastante competência.
O séquito reduzido de coadjuvantes e cenários limitados da pequena cidade ajudam no clima claustrofóbico, que se casa muito bem com a proposta do filme.
O final é deliciosamente cruel e divertido, fazendo com que o espectador ria da própria maldade latente dentro de si.
Trata-se, portanto, de um filme pequeno, mas extremamente competente em cumprir aquilo a que se propõe, garantindo uma hora e meia de tensão e diversão despretensiosa.
Foto: Divulgação
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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)
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