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Críticas

AMOR E MORTE | Crítica do Neófito

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ESTE TEXTO CONTÉM DETALHES SOBRE A TRAMA DA MINISSÉRIE – QUE É DE DOMÍNIO PÚBLICO POR SE BASEAR NUM CASO REAL – PORTANTO, HAVERÁ, PARA QUEM NÃO CONHECE A HISTÓRIA VERDADEIRA, SPOILERS!!!

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Elisabeth Olsen corria o risco de ficar à sombra de suas irmãs mais velhas, que estrelaram a famosa série Três é Demais (1987-1995) e alguns filmes com seus nomes no cartaz e, hoje, são estilistas famosas e muito ricas: falo das Irmãs/Gêmeas Olsen (Mary-Kate e Ashley Olsen).

Foto: Divulgação internet (as 3 irmãs Olsen e, no detalhe as “gêmeas” quando do seu sucesso mirim)

No entanto, logo no seu primeiro papel fora das participações especiais nas produções audiovisuais das irmãs e de coadjuvar o terrorzinho A Casa Silenciosa (2011), Olsen protagonizou o obscuro Martha Marcy May Marlene (2011), sendo indicada como melhor atriz em duas premiações relevantes (o Critics Choice Movie Award e Independent Spirit Award).

Foto: Divulgação (o obscuro e denso filme de estreia como protagonista da futura Feiticeira Escarlate)

A partir daí, a então jovem atriz optou por atuar em produções diferenciadas, mas cujo tom e abordagem, mesmo quando no gênero comédia (Garotas Inocentes, 2014), fossem bastante distintos daqueles que caracterizaram a carreira midiática de suas irmãs, até este momento mais famosas, passando a integrar o elenco de filmes com tramas mais pesadas, fora do mainstream, mas bastante marcantes, como Versos de um Crime, Em Segredo e Oldboy, todos de 2013.

Com apenas 25 anos, assumiu, com maestria, o papel de Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate da Marvel, primeiramente numa das famosas cenas pós-créditos (não creditada) de  Capitão América 2: O Soldado Invernal e, sem seguida, na megaprodução Vingadores: Era de Ultron, firmando-se como uma das mais significativas personagens do MCU.

Após brilhar nos blockbusters da Marvel, Olsen ainda emplacou uma série de tv da sua personagem – a inovadora WandaVision ­(2021) – e roubou a cena no fraco Dr. Estranho e o Multiverso da Loucura (2022), naquela que pode ter sido sua última participação no MCU.

Foto: Divulgação (eu não me importava de ser enfeitiçado por esta daí… e você?)

Dando mostras de maturidade profissional e pessoal, a agora balzaquiana atriz deu novos sinais de não querer se acomodar ao sucesso fácil, optando por protagonizar, em outra minissérie televisiva – Amor e Morte (2023) – produzida HBO Max, uma personagem real e bastante controversa, a famosa Assassina do Machado, Candace (Candy) Montgomery que, em 1980, na pequena e pacata cidade de Wylie, Texas, matou, com 41 golpes de machado, sua então “amiga” e companheira de igreja, Betty Gore por, segundo o julgamento que enfrentou, a vítima ter descoberto que, anos antes, seu marido havia tido um caso com a autora do crime.

Candy visita Betty numa tarde, para pegar o maiô da filha desta, amiga de sua filha e que passaria a noite na casa daquela, para que pudessem ir ao cinema assistir ao filme O Império Contra-ataca. Betty, então, confronta a “amiga” sobre o adultério para, em seguida, a atacar com o machado da família na lavanderia da casa. Todavia, desarmada por Candy, acaba morrendo vítima do revide somado a um ataque de fúria.

Após o crime, Candy fecha a porta da lavanderia, lava-se no chuveiro social da casa da vítima, vai para a casa, lava e seca suas roupas, vai ao supermercado comprar um cartão de Dia dos Pais, retorna à igreja, para sua casa e faz o jantar para a família e a filha de Betty, como se nada houvesse acontecido, apesar das pegadas e das muitas impressões digitais deixadas no local do crime.

Foto: Divulgação Internet (quando a realidade é mais incrível do que a ficção)

A direção e roteiro da minissérie – a cargo de Lesli Linka Glatter e Clark Johnson, e David E. Kelley – optam pelas interessantes rimas visuais em torno dos banhos da personagem Candy, seja para se livrar do sangue, no preparo dos seus encontros românticos com Allan Gore (muito bem interpretado por Jesse Plemons) – ou no chuveiro do motel com ele – e, mais para frente, quando presa. Com isso, o público é abruptamente introduzido à violenta cena do crime através dos vestígios de sangue pela casa e chuveiro e, tão subitamente quanto, cortado para a vida aparentemente idílica das famílias de Wylie, marcada pelo coral da igreja, jogos de vôlei entre comunidades religiosas, evangelização de crianças, fofocas suburbanas, estreias no cinema, músicas dançantes, carros grandes e desengonçados.

Foto: Divulgação (louvemos ao Senhor antes de matar o próximo!)

Numa dessas inofensivas disputas esportivas, Candy e Allan têm “um momento”, que desperta nela a “vontade de viver”, a ponto de propor que tivessem um caso extraconjugal, já que o casamento de ambos passava por uma severa fase de monotonia e pequenas crises. Nada, porém, indicava que tudo se encaminharia para o desfecho brutal que ocorreu e após dois anos de terminado o affair.

Foto: Divulgação (as famílias Montgomery e Gore: jantando com o amante e o inimigo! Qual será o menu?)

Apesar da temática bastante chocante e violenta, Amor e Morte (2023) optou por uma fotografia solar e oitentista e tom bastante “leve”, permitindo à atriz explorar nuances interpretativas que vão da quase comédia, marcada pelo bom humor, ao drama intenso; e é impressionante o quanto que, apesar de serem interpretadas pela mesma artista, Wanda Maximoff e Candy Montgomery não têm qualquer semelhança em termos de comportamento e postura. Em momento algum dá para relacionar as duas personagens, apesar de possuírem o mesmo rosto da versátil atriz e, em certa medida, terem, em certa medida, a mesma ambientação (vide os episódios de WandaVision que, justamente, são ambientados na década de oitenta).

O elenco de apoio está afinadíssimo: Patrick Fugit faz Pat Montgomery, o marido de Candy que, apesar de tudo, continuou firme ao lado da mulher até alguns anos após o fim do julgamento. Lily Rabe incorpora uma instável Betty Gore – talvez a mais linear personagem da trama – com o objetivo de fazer o público gostar o mínimo possível da vítima do crime. Krysten “Jessica Jones” Ritter capricha nas caras e bocas da sua Sherry Cleckler, a melhor e fiel amiga de Candy. E Tom Pelphrey brilha como o canastrão, vaidoso, mas extremamente habilidoso, advogado Don Crowder, que custa a ganhar tempo em tela, aproveitando, no entanto, cada segundo que lhe é dado após ganhar importância na história.

Foto: Divulgação (Uai? Seria a reunião multiuniversal de Jessica Jones e a Feiticeira Escarlate?)

Os sete episódios são magnéticos e conseguem segurar não só a atenção, mas, também, a curiosidade do público tanto sobre o desfecho da trama (para quem resistir em não dar um Google sobre o crime), quanto pela encenação do crime, que é brutal, gráfica e muito bem dirigida e interpretada pelas atrizes em cena.

Amor e Morte não apresenta grandes surpresas e reviravoltas e, claramente, toma partido pela personagem de Olsen, que é sempre solar e retratada como um poço de sinceridade, de dedicação, amor e competência à família, aos amigos e à igreja que frequenta. Com isso, os demais personagens acabam presos a alguns estereótipos típicos, como o Allan Gore de Plemons, sempre pacato, submisso, irritantemente tímido e pacífico; o avoado Pat Montgomery de Fugit; e a impetuosidade de Crowder.

Claramente também, a minissérie da HBO Max prefere dar maior carga aos acréscimos e liberdades ficcionais-artísticos da sua história, permitindo, por exemplo, que a Candy Montgomery de Olsen tenha o visual mais típico da atriz e não da personagem real que ela retrata, bem como toda a construção da trama (nesse sentido, a minissérie Candy, da Hulu, protagonizada por Jessica Biel, coincidentemente, trabalhou a mesmíssima história, mas num tom mais pesado, menos romantizado e voltado para o crime em si, buscando retratar a protagonista o mais próximo possível da realidade física das pessoas reais que viveram essa trágica trama).

Mesmo levando-se em conta as imperfeições acima apontadas, não há como negar que a minissérie é irresistível, com ótimo acabamento, ritmo, direção de arte, fotografia, cenografia, reconstituição de época, figurinos e interpretações, merecendo ser vista ou maratonada.

A irmã mais nova da família Olsen ainda vai dar muito o que falar no show business hollywoodiano, mesmo sem ter que fazer nenhum feitiço ou alterar as probabilidades da realidade (os nerds entenderão a referência).

Até a próxima viagem nerd, tripulantes!!!

Foto: Divulgação (maquiagem meio carregada esta daí, não?)

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Nota: 4 / 5 (ótimo)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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