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Críticas

SEM REMORSO | Crítica do Neófito

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Michael B. Jordan é, sem dúvidas, um dos nomes mais fortes em Hollywood atualmente, figurando, desde 2015, em vários blockbusters de sucesso.

Do inesquecível vilão Killmonger de Pantera Negra (2018), passando por Creed (2015 e 2018), pela caracterização do advogado real Bryan Stevenson de Luta por Justiça (2019), até chegar ao atual John Kelly/John Clark de Sem Remorso (2021), o jovem ator de 34 anos tem sido sinônimo de sucesso.

Sem Remorso, por sinal, também representa um produto midiático de sucesso por si mesmo, integrando a série de romances de espionagem escritos por Tom Clancy, dentro do universo do seu mais famoso personagem, Jack Ryan, que já foi vivido no cinema pelo jovem Alec Baldwin em Caçada ao Outubro Vermelho (1990); duas vezes por Harrison Ford, em Jogos Patrióticos (1992) e Perigo Real e Imediato (1994); por Ben Affleck em A Sombra de Todos os Medos (2002), por Chris Pine, em Operação Sombra: Jack Ryan (2014), e, finalmente, por John Krasinski, na série televisiva Jack Ryan, produzida pela Amazon Prime (2018).

Foto: Divulgação (todas as ‘faces’ de Jack Ryan nas telas)

Apesar de haver parecido rapidamente como coadjuvante nos primeiros romances da série Jack Ryan, é em Sem Remorso que Clancy desenvolve como protagonista o personagem John Kelly (futuro John Clark) na persona de um fuzileiro norte-americano altamente treinado e letal, que, após uma missão envolta em mistérios, verá sua mulher grávida ser assassinada, lançando-o numa ciranda de intrigas políticas e busca por vingança (isso está nos trailers, não sendo spoiler). Nos romances, John Clark vai liderar o fictício grupo antiterrorista internacional Rainbow 6 (título de outro romance de Clancy), que seria adaptado para o homônimo jogo eletrônico de tiro tático, que fez bom sucesso na década de 1990-2000.

Junte-se, portanto, um competente e versátil ator em sua melhor fase (Michal B. Jordan), em papel físico e na onda “do exército de um homem só” (John Kelly/Clark); um típico roteiro de vingança inspirado em livro/game de grande sucesso (Rainbow 6); um diretor respeitado (Stefano Sollima, de Sicario: Dia do Soldado); um bom investimento na produção, estratégia de marketing e distribuição garantida (pela produtora Amazon Prime) e ter-se-ia um sucesso inequívoco, de alta qualidade, correto?

Bom, nem tanto.

Sem Remorso está longe de ser uma “bomba”. Muito antes pelo contrário: trata-se de um competente filme de ação, com ótimas cenas / efeitos visuais e especiais de alta qualidade que, apesar de alguns exageros naturais e esperados, é bem realista na sua concepção. Entretém e diverte, sendo assistido sem nenhum sacrifício.

Os atores coadjuvantes estão todos bem, como Jodie Turner-Smith e sua determinada tenente Karen Greer; o dúbio agente da CIA Robert Ritter do sempre competente Jamie Bell; a amada e amorosa esposa de Kelly/Clark, Pam Kelly (Lauren London), e o dedicado Secretário Federal Thomas Clay de Guy Pearce. Os demais atores que aparecem em cena são claramente descartáveis, podendo morrer sem maiores pudores no decorrer das boas e tensas cenas de ação do filme, algo que acontece com regularidade, aliás.

Foto: Divulgação

Nesse ponto é que se notam as fragilidades da produção, oriundas em grande medida do roteiro um pouco sem vida, que cria personagens bastante bidimensionais até mesmo quando se mostram potencialmente duas caras.

A trama genérica envolve os temas clássicos de diversas outras obras de vingança com as próprias mãos e das tramas políticas que Clancy tanto adora e aborda em seus livros. O personagem John Kelly/Clark (Michael B. Jordan) até tenta demonstrar o trauma de ter visto a mulher grávida de 9 meses ser assassinada, mas acabam sendo mais lampejos frágeis do que uma dor profunda, que logo se dispersa diante da competência técnica do soldado super treinado para matar. Sua recuperação após levar vários tiros à queima-roupa é incrivelmente rápida e sem maiores sequelas. Suas habilidades de combate corpo-a-corpo, de tiro, de apneia, de explosivos e tudo o mais são sempre acima da média.

O roteiro até tenta fazer certas críticas ao modelo político norte-americano, mas Clancy é notório contribuinte do Partido Republicano e de políticas conservadoras na vida real, de modo que nenhuma obra sua ataca realmente as estruturas formativas de seu país, sempre preferindo dissociar a nação das ações individuais de políticos e burocratas. São as decisões pessoais de comandantes equivocados que maculam os EUA, nunca a ideologia que sustenta seu imaginário.

Desse modo, deve-se desligar o discernimento mais aprofundado ao se assistir a Sem Remorso, entregando-se às profusas cenas de ação, lutas e tiros do filme, divertindo-se com a quase imortalidade do personagem principal, o que justifica seu protagonismo, reforçado com uma breve cena pós-créditos.

Sem Remorso não vai macular a carreira de Michael B. Jordan. Ao contrário, pode ser o início de outra franquia do promissor ator que, agora, também vai se aventurar atrás das câmeras, como diretor do terceiro filme da série Creed, previsto para 2022.

Resta saber se o esquematismo e a previsibilidade (quase anacrônica) das tramas de Clancy ainda são boas o suficiente para empolgar o grande público – principalmente o de fora dos EUA – para verem a transposição de suas histórias para o live action.

Sem Remorso é, portanto, uma boa opção de entretenimento.

E só.

Foto: Divulgação

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Nota: 3 / 5 (bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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