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Críticas

LUPIN | Crítica do Neófito

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Antes de qualquer coisa, uma mea-culpa: o Nerdtrip, inexplicavelmente, não publicou uma linha sequer sobre Lupin, a série francesa estrelada por Omar Sy e produzida pela gigante Netflix. Por isso, desculpamo-nos, pois se trata de uma produção digna não apenas de comentários, mas de efusivos aplausos.

Dito isso, resta-nos, apenas, celebrar o quanto essa série é deliciosa de se assistir! Lupin integra aqueles programas que, realmente, dá vontade de ver tudo de uma vez, maratonando sem vergonha de ser feliz.

O protagonista é carismático até não poder mais; os coadjuvantes muito bem azeitados; o vilão é arquetipicamente vilanesco, revelando-se um oponente verdadeiramente ameaçador; as tramoias do anti-herói são divertidíssimas; as soluções de roteiro, em sua maioria, apesar de inocentes, são inventivas e muitas vezes inesperadas; a direção é dinâmica sem deixar o ritmo da trama se perder em momento algum; a fotografia tira proveito das paisagens urbanas, interioranas e rurais da França; a produção de arte é luxuosa; a premissa é original e cativante; ou seja, em síntese, tudo corre muito bem com a série, que desponta como grande acerto da plataforma de streaming mais famosa do mundo.

Foto: Divulgação

Por falar da premissa, a série Lupin se inspira no famoso ladrão de casaca mestre dos disfarces, Arsène Lupin, personagem criado por Maurice Leblanc, na primeira década do século XX, e que serviu de contraparte francesa ao Sherlock Holmes britânico, de autoria de Arthur Conan Doyle. A criação de Leblanc foi um sucesso estrondoso, gerando – segundo a Wikipedia – 18 romances, 39 novelas e 5 peças de teatro, até 1941, quando o autor morreu.

Foto: Divulgação (raro momento família feliz)

No programa televisivo, Omar Sy (Intocáveis, 2011) interpreta Assane Diop – na versão infantil, vivido por Mamadou Haidara – elegante e sábio ladrão/golpista, exímio lutador, pai do adolescente Raoul (Etan Simon) – fruto de seu relacionamento frustrado com Claire (Ludivine Sagnier) – e que busca vingança contra o temível Hubert Pellegrini (Hervé Pierre) – pai de Juliette (Clotilde Hesme), affair adolescente do protagonista – o qual teria sido o responsável pela injusta acusação, condenação, prisão e morte de seu pai, Babakar Diop (Fargass Assande), pelo suposto roubo de um colar milionário, com ajuda do corrupto Inspetor Dumont (Vicent Garanger).

Foto: Divulgação

Os golpes inteligentes e classudos de Diop (sempre objetivando atingir Pellegrini e inspirados ou em homenagem a Lupin), logicamente, colocam a polícia francesa em seu encalço, com investigação encabeçada pelo Capitão Laugier (Vicent Londez); pelo também fã de Lupin, detetive Guérida (Soufiane Guerrab); e pela destemida policial Sofia (a bela Shirini Boutella). O único com quem Diop/Lupin pode contar como aliado é seu amigo de infância Benjamin (Antoine Gouy), na forma de receptador, cúmplice e confidente do anti-herói.

Foto: Divulgação

Do primeiro ao último episódio – num total de 10, divididos em duas partes de 5 episódios – o jogo de gato e rato entre Assane Diop e Hubert Pellegrini vai se desenrolando com muita desenvoltura, reviravoltas, artimanhas e carisma.

Nos cinco primeiros episódios – que comporiam a primeira temporada – é possível conhecer os dramas de Diop, um pouco da sua história e boa formação educacional (o que lhe permite transitar com tranquilidade por todas as camadas sociais), sua amorosa relação com o pai injustiçado, seu crescimento enquanto personagem e maturação para se tornar o golpista “que não precisa de armas”. Tudo termina de forma eletrizante, deixando os fãs com a pulga atrás da orelha e sem saber como o esperto anti-herói conseguiria se safar do enorme problema que o poderoso Pellegrini lhe havia causado. De toda forma, foram cinco episódios mais leves, servindo de introdução do personagem.

Foto: Divulgação

Já os cinco episódios restantes – que comporiam a segunda temporada – iniciam-se com acontecimentos imediatamente sequenciais aos dos cinco anteriores, dando seguimento à disputa entre o mocinho e o vilão, mas o tom da série muda um pouco, tornando-se algo mais densa (até o racismo estrutural europeu é abordado!). No entanto, isso não significou que as aventuras de Assane Diop / Arsène Lupin tenham ficado menos divertidas; aliás, antes pelo contrário!

Foto: Divulgação (momento pai e filho)

As reviravoltas, perseguições, ameaças, golpes e contragolpes entre os adversários Diop x Pellegrini são deliciosas de se acompanhar e, mesmo sendo previsível o final – principalmente para quem leu algum romance do personagem-inspiração – não há como não torcer pelo protagonista até o último instante!

Foto: Divulgação (Assane e seu único aliado, Benjamin)

Omar Sy está absolutamente perfeito e à vontade no papel. Não dá para imaginar outro ator para dar vida ao personagem que não ele. Hervé Pierre, com seu asqueroso Pellegrini, também esbanja naturalidade na sua composição. Ainda que os demais personagens sejam bastante típicos,a estrutura da série seja até convencional, e algumas das artimanhas do protagonista possam parecer forçadas ou muito fáceis, a forma como ela foi filmada e editada torna tudo muito interessante e palatável. A direção chega até a se arriscar em tomadas mais pretensiosas, como no pequeno – mas competente – plano sequência que abre o décimo episódio, que depois ainda será abordado por outro ângulo! Além disso, para os fãs do mais famoso ladrão de casaca da literatura, há diversos easter eggs espalhados pelo programa, seja nos números destacados, nos nomes de personagens, nos objetos ou nos locais onde se passam várias das sequências dessa pequena obra-prima do entretenimento.

Tudo termina com gosto de quero mais, mostrando que, realmente, há muita vida inteligente fora de Hollywood.

Que venham mais aventuras de Assane Diop, o moderno Lupin.

Foto: Divulgação

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Nota: 4,5 / 5 (excelente)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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