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Críticas

THE FLASH | Crítica do Neófito

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Há muita coisa a ser dita acerca de The Flash, o novo blockbuster de super-heróis pertencentes ao panteão do DCU, dirigido por Andy Muschietti (It: A Coisa), que estreia nesta quinta-feira, dia 15/06/2023, nos cinemas de todo o país.

Inicialmente, é importante situar que a história de The Flash é a adaptação – para a versão cinematográfica do personagem velocista – da elogiada saga em HQ Flashpoint, escrita, em 2011, por Geoff Johns e desenhada por Andy Kubert, responsável pelo reboot dos personagens da editora, com a introdução da Terra-0 e dos Novos 52, versões mais “modernas” e joviais de Superman e companhia limitada. Como de costume, enquanto a minissérie em quadrinhos durou, sua trama se estendeu pelas demais revistas da DC Comics.

Flashpoint girava em torno da temática da viagem no tempo, alteração do passado e as imprevisíveis consequências que isso causa, tema, este, trabalhado de forma bem-humorada na trilogia clássica de De Volta Para o Futuro (1985, 1989, 1990, recorrentemente citada no filme); e de forma trágica e angustiante no filme O Efeito Borboleta (2004), e na série televisiva alemã Dark (2017-2020).

Na citada saga quadrinística, Barry Allen – identidade secreta de Flash – apesar de já homem feito e casado com Iris West, ainda se mostra inconformado com o assassinato não resolvido de sua mãe, ocorrido na sua infância (que, posteriormente, descobre-se ter sido obra do Flash Reverso). Desse modo, no aniversário do falecimento da genitora, Allen, num impulso passional, volta ao passado e impede a morte da sua mãe, criando, contudo, uma terrível e distópica nova realidade, na qual ele não tem poderes; a Liga da Justiça nunca existiu; o Superman não é conhecido (podendo estar aprisionado pelo governo); o Batman é, na verdade, Thomas Wayne, e não seu filho Bruce, que foi quem morreu no assalto ocorrido no Beco do Crime; a Mulher Maravilha e Aquaman estão em guerra entre si e, de certa forma, contra a humanidade, ameaçada de extinção por causa do conflito; Shazam tem poderes compartilhados entre seis crianças e Magia; Hal Jordan nunca se tornou o Laterna Verde; e por aí vai.

Pode-se dizer que Flashpoint bebe na mesma fonte da saga A Era do Apocalipse da Marvel (1995-1996), que usa a mesmíssima premissa de que uma pequena alteração em fatos passados é suficiente para criar uma realidade paralela absolutamente diferente e apocalíptica. A diferença substancial é que, na saga da DC, seus desdobramentos são muito mais impactantes e significativos para o universo correto.

Nesse sentido, no decurso do filme The Flash, há muitas e variadas referências – explícitas, sutis ou adaptadas – sobre Flashpoint, que servirão de fanservices para os fãs dos quadrinhos; além disso, do mesmo modo que na hq, The Flash servirá de reboot completo do DCU, que agora passa às mãos de James Gunn.

Analisando a produção cinematográfica em si, percebe-se que, a partir da caracterização de alívio cômico levada a efeito para o Flash, nas duas versões do longa da Liga da Justiça de Zack Snyder (2017 e 2021), o filme de Muschetti se envereda (com relativo sucesso) pela comédia quase escrachada, explorando ao máximo os talentos do polêmico astro que dá vida ao personagem, Ezra Miller que, apesar de seus recentes e variados problemas comportamentais no Havaí, é, indiscutivelmente, ótimo ator, capaz de desenvolver as duas versões de Barry Allen com maestria e sensibilidade (e isso não é spoiler, pois, está nos trailers do filme). O maior senão é o roteiro que insiste em tratar a versão mais jovem do personagem como um completo idiota, por quase todo o filme. Todavia, a partir dessa decisão, Ezra Miller nada de braçada nas composições – em alguns pontos exagerada – ajudado, ainda, pelos excelentes efeitos visuais que colocam suas duas personas interagindo em tela.

Fonte: Divulgação (eu, eu mesmo e eu de novo!)

Outro ponto de destaque do filme é a introdução da nova versão cinematográfica da Supergirl (lembrando que a primeira encarnação da personagem se deu no filme homônimo de 1984), aqui vivida pela belíssima e talentosa Sasha Calle, que carrega a maior carga dramática do filme. Trata-se de uma personagem forte e impactante, que dá vontade de ver mais.

Michael Shannon retorna como General Zod, claramente cumprindo tabela e garantindo o leite das crianças, haja vista o piloto automático com que repete sua performance para o personagem, algo que ficou mais claro ainda nas entrevistas que deu recentemente, nas quais afirma, sem rodeios que esse retorno “não foi satisfatório” para ele, enquanto ator (fonte: Collider).

Fonte: Divulgação (a bela e a fera)

Mas, a presença mais impactante do filme é, sem qualquer dúvida, a de Michael Keaton, retornando ao Batman que interpretou em 1989 e 1992. O arco do personagem é, sem dúvida o mais “satisfatório”, haja vista a complexidade da história ali contada, permitindo ao experiente ator imprimir profundidade à sua participação no filme. Por mais arquetípico e caricato que o Batman tenha se tornado, Keaton confere credibilidade à áurea de mentor do personagem que, a princípio, mostra-se sem objetivo de vida após Gotham City ter alcançado os mais baixos níveis de violência de sua história e de, certamente, ter perdido todos os seus poucos amigos, além de Alfred. Mesmo com diálogos beirando o absurdo – um prato cheio de macarrão como metáfora do multiverso! – a naturalidade da composição de Keaton faz tudo parecer crível.

Fonte: Divulgação (He is the Batman!)

Ben Affleck também se mostra à vontade com a sua versão de Batman o que reforça o contraste das duas encarnações cinematográficas do personagem e torna o conceito de multiverso da DC bastante interessante, apesar de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa ainda figurar como o mais “satisfatório” dos longas de super-heróis envolvendo multiverso.

Aliás, o multiverso da DC é explorado em diferentes pontos em The Flash, principalmente no terceiro ato do filme, que é quando, por exemplo, aparece o grande spoiler dado pelo diretor do filme, o Superman de Nicolas Cage.

Partindo para a parte final destes comentários, os pontos positivos do filme se concentram nas interpretações, acima da média para o gênero, de maneira geral; na história fechada em si mesma, sem precisar servir de ponte para outros filmes; no tom de comédia em 90% de sua duração e na virada dramática que ocorre no final, bastante convincente e emotiva, destacando o caráter heroico do protagonista (quem leu a hq pode imaginar do que se trata). A fotografia da Batcaverna e Mansão Wayne é sensacional, trazendo elementos vistos nos filmes oitentistas. O clímax da batalha final é tenso e dramático. E a cena de encerramento do filme é absurdamente hilária.

Todavia, há vários pontos negativos também.

A começar pelo CGI, que oscila tremendamente. Enquanto as cenas de voo da Supergirl são naturais, bonitas e convincentes; as cenas de interação entre os dois Barry Allen’s são naturalíssimas; bem como a primeira corrida de Flash pelas ruas da cidade é totalmente imersiva; em compensação, em certas tomadas (com destaque para uma no início e outra no final), os (d)efeitos especiais chegam a ser constrangedores! Isso, inclusive, prejudica as homenagens que o filme pretendia prestar a certos personagens, fatos e acontecimentos do DCU.

Outro ponto negativo são algumas falhas estruturais do roteiro. Por exemplo, de início, dá-se grande importância a um elemento da fisiologia do Flash, que chega a ser utilizado como instrumento cômico ao longo da projeção; porém, quando esse fato atrapalharia os objetivos da conclusão do roteiro, simplesmente é deixado de lado. A diferença de temperamento das duas versões de Barry Allen também é muito exagerada, como se toda pessoa de até 18 anos, nos EUA, fosse um filhinho da mamãe descabeçado e mimado (algo que também aconteceu com a versão “adulta” de Shazam, principalmente no segundo e tenebroso filme do herói). Algumas decisões do herói não fazem o menor sentido.

Com isso, The Flash – haja vista os inúmeros problemas internos e externos da produção – é melhor do que o esperado, mas pior do que poderia ser, sendo questionável a tão alta pontuação que vinha tendo no Rotten Tomatoes, que começou com incríveis 95% – caindo para 89% – na avaliação crítica; e 60% na opinião do público.

Com The Flash servindo para zerar o placar do DCU, agora é aguardar o que James Gunn vem preparando para os “Superamigos”, na esperança que possa começar a trazer certo respiro para o gênero que, apesar de recente na história cinematográfica, já dá claros sinais de desgaste.

Até a próxima viagem, tripulantes!

Fonte: Divulgação (com grandes poderes veem… ops! herói e frase errados!!!!)


Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

 


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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