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Críticas

SOMEWHERE BETWEEN | Crítica (tardia) do Neófito

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ALERTA DE SPOILER!!!!

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Sem sombra de dúvida, o maior horror que os pais podem imaginar é a morte de qualquer dos filhos, principalmente quando essa morte era completamente evitável, fruto de atos voluntários de violência. E, quanto mais novos os filhos, mais difícil se torna aceitar que eles nos sejam tirados de forma “não natural”. Se, de alguma maneira, tivéssemos como mudar isso, o que estaríamos dispostos a fazer para evitar tal tragédia?

Essa é a premissa que move a trama de Somewhere Between, série produzida em 2017 pela ABC e que se encontra disponível no catálogo da Netflix.

Paula Patton (belíssima) interpreta Laura Price, bem-sucedida produtora de tv, muito bem casada e feliz com o implacável promotor de São Francisco, Tom Price (Jr. Bourne) e mãe da voluntariosa menina de 8 anos, Serena Price (Ana Birch, talentosa).

Foto: Divulgação

Durante a cobertura investigativo-jornalística de assassinatos em série de mulheres aparentemente aleatórias, ao mesmo tempo em que se discutia a aplicação da pena de morte no estado, Serena é subitamente sequestrada, ressurgindo afogada dois dias depois num lago, para total desespero de Laura que, três meses depois, completamente entregue à depressão, resolve se matar no mesmo lugar em que sua amada filha havia sido assassinada.

Foto: Divulgação

Em paralelo, o alcoólatra e autodestrutivo ex-policial e atual detetive particular  Nico Jackson (Devon Sawa), irmão do limítrofe Danny Jackson (Noel Johansen) – no corredor da morte por aparentemente ter cometido triplo assassinato, dentre os quais o de sua ex-futura cunhada – acaba se envolvendo com pessoas erradas, sendo jogado para morrer no mesmo lago em que Laura acabava de se atirar.

Foto: Divulgação

Os dois saem da água com vida, mas, incompreensivelmente, oito dias antes do assassinato de Serena.

A partir dessa premissa fantástica – que envolve a sutil aparição de fantasmas e avisos sobre o destino e escolhas – a trama da série de 10 capítulos de 40 minutos cada vai adquirindo caráter de perseguição policial e corrida contra o tempo, pois, a cada dia que passa, mais se aproxima o dia da morte de Serena e, aparentemente, o destino não parece querer colaborar muito com a segunda chance que ele mesmo havia dado à Laura e Nico, os quais, mesmo quando aparentemente conseguem mudar a rota dos fatos, são surpreendidos pelas reviravoltas da vida para que as coisas se cumpram exatamente como já havia acontecido.

Foto: Divulgação

A princípio, pode-se facilmente tentar estabelecer um paralelo com outra série produzida no mesmo período, que também lidou com viagem no tempo, a saber, a quase irrepreensível Dark. Todavia, apesar da viagem no tempo e morte de crianças, as semelhanças param por aí.

Enquanto a inovadora série alemã discutia a viagem no tempo em si, suas consequências, possibilidades, paradoxos etc., a partir de uma perspectiva puramente científica, filosófica e moral; Somewhere Between usa a viagem no tempo como plot twist na forma de pretexto narrativo para dar andamento à sua história, com flerte metafísico, para dar foco naquilo que os norte-americanos dominam: ação e suspense. Contribui também para alguns ganchos dramáticos, afinal, como não ser considerado louco diante da informação de que se viajou para o passado?

As reviravoltas ocorrem quase que a cada capítulo, o que funciona para prender a atenção. O mistério sobre os assassinatos é adiado ao máximo, apesar de ser possível que o espectador mais atento consiga deduzir quem são os responsáveis pelos crimes sem maiores dificuldades, graças à estrutura formulaica que a série vai adquirindo com a aproximação dos seus episódios finais.

Os personagens também são bastante lineares e típicos. A princípio – desculpando o pequeno spoilerTom Price é apresentado como pai e marido amoroso, além de profissional dedicado; aos poucos, porém, sua imagem vai sendo desconstruída, ganhando contornos mais dúbios – o que seria interessante para humanizar o personagem – mas não demora para descambar para o estereótipo vilanesco tradicional.

Foto: Divulgação

Nico é composto na esteira de Martin Riggs de Máquina Mortífera: heroico, casca insensível, enorme coração, piadista, traumatizado etc.; Laura é a mãe amorosa e dedicada, profissional de sucesso, sensível, bonita, moralmente irrepreensível; Serena é em algumas vezes excessivamente teimosa (chatinha!), mas típico exemplar das chamadas crianças alfa; a capitã de polícia Kendra Sarneau (Samantha Ferris) é incorruptível, meio amarga e machona (trata-se de arquétipo) e por aí vai.

Foto: Divulgação

As interpretações, desse modo, vão de medianas a boas, com óbvio destaque para Pattonn, que chora, desespera-se, enfrenta perigos, fica brava e sensível com bastante desenvoltura ao longo do programa. As crianças, Ana Birch (como Serena) e Imogen Tear (como a mentalmente limitada Ruby Jackson) merecem méritos por sua atuação e Devon Sawa está à vontade.

Foto: Divulgação

Bem produzida, belamente fotografada e contando com bonitas locações, Somewhere Between consegue despertar interesse pelo seu ritmo sempre ágil e tensão constante. Em termos de trama central – ou seja, a resolução dos crimes – ela se resolve muito bem, apesar de algumas pequenas forçadas de barra. Já a resolução final para os personagens é bastante clichê para se dizer o mínimo!

O aspecto metafísico – que dá o tom nos dois primeiros episódios – só volta a mostras as caras no último capítulo, mas não tem nenhuma relevância de fato para o enredo, a não ser o suposto responsável pela “alteração das leis do universo”, como comenta Laura em determinado momento.

Dá a sensação de que a série tinha pretensões de durar pelo menos mais uma temporada, mas que os produtores resolveram terminar tudo na primeira temporada, dando fim à história de maneira abruta, pois o episódio final resolve tudo muito apressadamente.

Ou seja, se você gosta de tramas policiais, com pitada de fantasia, Somewhere Between é ótima pedida! Mas se você quer algo mais elaborado, então a recomendação é para que assista Dark!

Foto: Divulgação

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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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