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Críticas

WHITE LINES S01 | Crítica (tardia) do Neófito

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White Lines, série britânico-espanhola da Netflix, em certo momento, lembra aquela famosa soap opera norte-americana Dallas, afinal, tem-se uma milionária família “meio” mafiosa e disfuncional, repleta de segredos, insinuações incestuosas, conflitos emocionais mal resolvidos e crimes “sutis” aqui e acolá.

Mas também lembra a recente Toy Boy, já que há muitas cenas de festas e exibição de belos corpos nus e seminus se exibindo; consumo de drogas, sensuais falas espanholas, luta por poder, tudo girando em torno de um crime não esclarecido, cometido há 20 anos.

Ao se deparar com Laura Haddock encabeçando o elenco da série – que fez a mãe de Peter Quill, o Senhor da Estrelas, em Guardiões da Galáxia – pode-se, por alguns instantes – se não fossem as pesadas cenas de sexo e drogas – pensar que se estaria diante de uma produção do MCU, com fotografia quente e colorida, muito glamour, música e cenários paradisíacos sempre solares (as únicas cenas de chuva servem para algum gancho narrativo ou momento erótico, claro).

Foto: Divulgação (Laura Haddock no papel de Zoe Walker; no detalhe, India Fowler, vivendo a personagem na adolescência)

Há cenas de comédia, bem como de violência gráfica. Há cenas românticas e de orgias… bom, como dá para perceber, há um pouco de tudo nessa série, que nem sempre entrega o que promete, mas que, contraditoriamente, prende de verdade a atenção, apesar do fiapo de trama.

E que trama seria essa?

Bom, sem dar spoilers, atendo-se ao máximo à premissa do programa, Haddock interpreta a protagonista Zoe Collins (na juventude vivida por India Fowler), bela loira de olhos azuis, comportada e ex-má-sucedida-suicida bibliotecária de meia idade (clichê até a raiz do cabelo!), bem casada com seu ex-psiquiatra Mike (Barry Ward), mãe de uma menina adolescente, Jenny (Tallulah Evans), filha do ranzinza policial aposentado Clint Collins (Francis Magee); e super ligada ao irmão Axel Collins (Tom Rhys Harries), um jovem e belo pioneiro DJ da cidade de Manchester-Inglaterra, altamente hedonista, sempre dando mostras de estar indefectivelmente feliz e que, ao ser expulso de casa pelo pai, muda-se com mais três amigos – o casal Marcus (Cell Spellman / Daniel Mays) e Anna (Kassius Nelson / Angela Griffin) e David (Jonny Green / Laurence Fox) – para a paradisíaca ilha de Ibiza, Espanha, no qual se torna uma superestrela da noite ibiziense, entregando-se a todo tipo de excesso, namorando a bela Kika (Zoe Mulheims / Marta Milans), filha de um dos homens mais ricos e poderosos da ilha, Andreu Calafat (Pedro Casablanca), por sua vez casado com a MILF alcoólatra Conchita (Belén Lopez) e também pai do complicado Oriol (Juan Diego Botto).

Foto: Divulgação

O problema é que Axel quem vai ser assassinado de forma misteriosa, e cujo corpo vai ser encontrado 20 anos depois, conservado em pleno deserto, na cena inicial da série.

Foto: Divulgação (Acima: Axel e seus amigos na juventude / Abaixo: as versões maduras e jovens de seus amigos)

Zoe, a irmã adorada e que adorava o irmão, resolve, mesmo sendo uma simples bibliotecária, investigar por conta própria o assassinato de Axel, deixando marido filha na Inglaterra para ficar sozinha em Ibiza e, nesse processo, acabar por reencontrar os antigos amigos de juventude do irmão, agora todos quarentões. Logo no início das investigações, Zoe se mete em problemas com o chefe da segurança dos Calafat, o “bruto que também ama”, Boxer (Nuno Lopes), que também havia passado a investigar o crime a mando do chefe, em razão do corpo ter sido encontrado nas terras do seu patrão, melando a negociação para construção de um grande cassino local.

Foto: Divulgação (o chefe de segurança dos Calafat, Boxer)

Todos os 10 capítulos da série gravitam em torno da morte de Axel, com várias cenas de flashback para mostrar as amizades, os conflitos, os amores e os excessos do belo e carismático rapaz, mas, na verdade, o que se tem em tela é uma trama de desenvolvimento de personagens, diversos, interessantes e bem definidos, com histórias envolventes. O foco, assim, volta-se para as questões pessoais desses, tais como as muitas desventuras do loser Marcus; os discursos pseudo-espiritualistas do falso guru David; o segundo casamento da segura Anna; os dilemas morais da família Calafat; e, claro, os conflitos de Zoe, que, convenhamos, é uma das protagonistas mais chatinhas já concebidas nos últimos tempos, cheia de idas e vindas emocionais, repleta de draminhas e completamente instável e vulnerável, às vezes causando problemas do nada. Chega a irritar o seu exagerado ‘bom-mocismo’ a certa altura da história.

Foto: Divulgação (o núcleo “familia Calafat”)

O enredo tem furos enormes: apesar de os personagens britânicos estarem na ilha há mais de 20 anos, nenhum deles sabe falar espanhol, obrigando a que todo o restante do elenco, quando algum deles está em cena, a falar inglês fluente e perfeito! Tudo bem que se trata de obra ficcional, mas um pouco de coerência – e demonstração de humildade cultural – seria mais bem vinda.

Não dá para entender também como Zoe se vira financeiramente na ilha, já que, claramente, ela não é uma mulher rica, sendo incrível que não fique um só dia em hotel, e que sempre seja (muito bem) acolhida por alguém.

O núcleo familiar dos Calafat, inicialmente bastante promissor na figura de Chonchita, acaba ficando apagado, reduzido a uma família bem novela das oito, e a personagem, que a princípio dava mostras de ser fundamental na trama, acaba perdendo espaço a cada episódio, sem dizer muito a que veio.

Todavia, apesar de todos esses tropeços narrativos, é incrível como – desligando um pouco o cérebro – a série é agradável e bela de se ver, conseguindo prender o telespectador, seja pela excelência da produção ou pela intrigante morte de Axel. Quando o crime é solucionado, é realmente surpreendente, tanto pela autoria, quanto pela coragem do showrunner, Álex Pina (La Casa de Papel), de abrir mão do plot twist de sua história (quem resiste a um “quem matou fulano?”, não é mesmo?).

Outro ponto a favor do programa é a semelhança física e de composição dos personagens jovens e suas contrapartes maduras, que realmente se parecem e falam de forma similar. Dark, nesse sentido, fez história! (destaque para a jovem Kassius Nelson, muito talentosa)

O problema final é que a série indica que seguirá adiante, numa segunda temporada, mas, sinceramente, a revelação do assassino de Axel, apesar de realmente interessante, tem desfecho, no mínimo, anticlimático e, sem essa premissa a movimentar a trama, não dá para saber se os dramas pessoais dos demais personagens vai conseguir segurar uma história com mais 8 ou 10 capítulos, por mais que tenham sido deixados alguns poucos (e desinteressantes) ganchos para a continuidade.

Ainda assim, White Lines é mais uma caprichada produção da Netflix, que pode servir de bom entretenimento para esses tempos pandêmicos. Afinal, já que não dá para ir à praia, pelo menos assiste-se a belas paisagens litorâneas, águas cristalinas e cenas glamourosas do belíssimo cartão-postal ambulante que Ibiza é, seja em suas boates, na sua arquitetura singular que mescla passado e presente ou nos seus campos floridos.

Quem gosta de novelão com mais pimenta, a série é uma ótima pedida.

Foto: Divulgação

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Nota: 3 / 5 (bom)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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